Estou agora em um campo aberto, iluminado por um sol suave de final de tarde. Não sei como vim parar aqui, mas não quero sair.
O céu estava tingido de tons de laranja e rosa, e o som das folhas sendo agitadas pelo vento era tranquilizador. A brisa leve acariciava meu rosto, trazendo consigo o aroma fresco da grama recém-cortada. Eu olho ao meu redor, tentando entender onde estou, quando finalmente encontro algo familiar.
— Oi, minha borboletinha! - a voz era profunda e carinhosa, um som que eu não ouvia há anos, mas que jamais poderia esquecer.
Assim que o som da sua voz entrou em contato com meu corpo, um arrepio imediato tomou conta de mim. Meu coração parecia explodir dentro do peito. Virei-me rapidamente, e lá estava ele: o homem que cuidou de mim até seu último suspiro. Ele estava parado sob a sombra de uma grande árvore, com um sorriso acolhedor no rosto. Meu coração acelerou, como se eu tivesse corrido uma maratona.
E sem pensar duas vezes, corro em sua direção, sentindo uma mistura de alegria e tristeza inundar meu peito. Minhas pernas quase falhavam, mas eu continuei, movida por uma força que não sabia que possuía.
— Papai! - gritei, com lágrimas nos olhos, enquanto me jogava em seus braços. O abraço era quente e reconfortante, trazendo uma sensação de segurança que eu havia perdido.
Ele me segurou firme, acariciando meus cabelos. Era como se ele nunca tivesse ido embora. — Senti tanto a sua falta, minha menina. - sua voz era suave e cheia de amor.
Depois de longos minutos abraçada a ele, eu me afasto um pouco, apenas o suficiente para olhar em seus olhos. Seus olhos, aqueles mesmos olhos gentis que sempre me deram forças, estavam cheios de ternura.
— Eu também senti a sua falta. Por que você teve que ir? - a dor de sua perda estava fresca novamente, como se o tempo não tivesse passado. Minha voz saiu embargada, e as lágrimas caíam livremente.
Meu pai suspirou, os olhos cheios de compreensão e tristeza. — Às vezes, as coisas acontecem por razões que não podemos entender. Mas saiba que eu sempre estive com você, mesmo que de longe.
Eu concordei, tentando me segurar ao máximo. — Tem sido tão difícil, pai. Há tantas coisas que eu não sei como lidar. - minha voz estava baixa, quase um sussurro. — Me desculpe.
Ele me encarou, levantando meu olhar que agora estava focado no chão. — Te desculpar? Pelo o quê? - perguntou curioso.
— Por ser fraca. Eu não consegui proteger ninguém. Eu não consegui salvar o mundo. - disse, em meio às lágrimas. — Eu sinto muito.
Ele segurou meu rosto com as duas mãos, seus olhos fixos nos meus. — Você é mais forte do que imagina, Sophie. Sempre foi. Lembre-se disso. - ele me deu um sorriso, um sorriso que irradiava amor e orgulho.
A única coisa que eu conseguia fazer era concordar com a cabeça. As palavras de meu pai eram um remédio para meu coração ferido.
— Eu sei que está doendo, Selene pode ser cruel quando quer. Mas você vai sair dessa, você tem capacidade para isso. Apenas não esqueça de onde você veio e nem quem você é, minha filha.
— Eu preciso saber como sair da caverna. Tem demônios, e... - respiro fundo, tentando recordar tudo o que aconteceu comigo nas últimas horas. — Papai, eu posso morrer lá.
Ele me encara, seus olhos ainda me observam com ternura. — Não fale isso minha pequena, nós não vamos deixar isso acontecer com você.
Eu o encaro, franzindo o cenho. — Nós?
Ele me vira lentamente, e vejo a silhueta da mulher a quem ele amou até o seu último dia. Minhas pernas perdem a força, e eu caio de joelhos no chão. Minha mãe, com o mesmo sorriso amoroso, está ali, iluminada pela suave luz do entardecer. A visão dela traz uma onda de emoções avassaladoras, um misto de saudade e conforto que aquece meu coração.
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Os sete pecados capitais | BTS
FanficSophie tem um bar que herdou da sua família, muitas pessoas diferentes o frequentam. Quando ela era mais nova, seu pai vivia lhe contando sobre histórias fantasiosas antes de dormir. Ele falava sobre vampiros, lobisomens e a que mais a impressionava...