O beijo

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Depois de um tempo dirigindo essa velha picape, cujo motor fazia mais barulho do que qualquer coisa, finalmente cheguei a uma cidade. As ruas pavimentadas e bem cuidadas contrastavam com a rusticidade do veículo que eu dirigia. As pessoas andavam tranquilamente pelas calçadas, algumas carregando sacolas de compras, outras conversando animadamente.

Estacionei a picape em uma rua lateral, longe do movimento principal. Desci do veículo, sentindo o frio do asfalto sob meus pés através das solas dos coturnos. Puxei o casaco de pelo mais próximo do corpo, protegendo-me do vento gelado que soprava ocasionalmente. Olhei ao redor, absorvendo a atmosfera tranquila e acolhedora da cidade. As lojas pequenas e charmosas alinhadas nas ruas ofereciam de tudo, desde roupas vintage até padarias cheias de delícias caseiras.

Ao caminhar pelas ruas, notei um bar com uma fachada rústica, mas convidativa, chamado "A liberdade começa aqui". – Que coincidência. O som suave de música e risadas escapava pelas portas entreabertas. Decidi que esse seria o lugar perfeito para curtir o resto da tarde e talvez até me perder por algumas horas. Empurrei a porta de madeira maciça, que rangeu ao abrir, e entrei.

O interior do bar era acolhedor e quente, com paredes de tijolos expostos e luzes amarelas que davam um brilho quente ao ambiente. O chão de madeira rangia suavemente sob meus pés enquanto me dirigia ao balcão. Um barman de aparência amigável me cumprimentou com um sorriso, enxugando um copo com um pano limpo.

— O que vai ser? - pergunta ele, sua voz carregando um sotaque local.

— O mais forte que tiver, por favor. -  respondo, sentando-me em um dos bancos altos do balcão.

Enquanto esperava a bebida, observei as pessoas ao meu redor. Havia um grupo de amigos jogando bilhar no canto, um casal rindo em uma mesa próxima e algumas pessoas solitárias, imersas em seus próprios pensamentos.

Que bom que vocês não sabem a guerra invisível que está acontecendo neste momento. Agora que faço parte disso, é engraçado ver essas pessoas vivendo normalmente enquanto anjos e demônios travam suas lutas pelo mundo.

O barman colocou a bebida na minha frente, e eu agradeci com um aceno de cabeça antes de dar o primeiro gole. O sabor cortante do álcool espalhou-se pela minha boca, trazendo uma sensação de normalidade. Por um momento, consegui esquecer a tensão e a incerteza que me perseguiam.

Depois de alguns drinks, comecei a me sentir mais relaxada e despreocupada. O ambiente caloroso do bar e a música animada me convidavam a aproveitar a noite. Olhei ao redor, observando os frequentadores com mais atenção. Alguns caras já haviam notado minha presença e sorrisos foram trocados.

Um deles, um rapaz alto e moreno com um sorriso cativante, se aproxima de mim.

— Você parece que está se divertindo. - diz ele, levantando seu copo em um brinde.

— Tentando aproveitar um pouco. - respondo, erguendo meu copo de everclear para encontrar o dele. — E você?

— Sempre é bom encontrar novas pessoas e curtir a noite. - diz ele, e vejo seu sorriso se alargando.

Conversamos por alguns minutos, e logo ele me convidou para dançar. A música era envolvente, e não demorou para que eu estivesse no meio da pista, dançando com ele e outros caras que se juntaram a nós. Meus movimentos eram soltos e despreocupados, acompanhando o ritmo da música e os olhares de admiração ao meu redor.

Enquanto a tarde avançava, a bebida começou a fazer efeito. Sentia uma agradável vertigem, uma leveza que tornava cada momento mais vibrante. Continuava a flertar e dançar, deixando-me levar pela energia. Os risos, os toques casuais, tudo contribuía para uma atmosfera de euforia.

Os sete pecados capitais | BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora