Liberdade

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O peso da exaustão se abate sobre mim com uma força esmagadora, uma sensação que transcende o mero cansaço físico e mergulha em uma fadiga que parece consumir cada fibra do meu ser.

O tempo, aqui dentro, tornou-se uma abstração esquiva, seus contornos desfocados até se tornarem quase irreconhecíveis, como se houvesse perdido toda a sua definição e clareza.

A caverna escura, onde estou aprisionada, é um lugar de desolação interminável. As paredes, feitas de pedras geladas e úmidas, parecem se fechar sobre mim, inchando-se com uma frieza ameaçadora que constantemente me envolve.

A única fonte de luz era uma pequena abertura no teto, por onde entrava uma iluminação tênue e insuficiente para iluminar o meu caminho, mas depois de alguns dias, o sol não chegou mais até mim. O inverno tomou conta de tudo. Esta fraca claridade apenas serve para intensificar o contraste com a escuridão implacável que se torna um reflexo do tumulto interno que me consome.

Dentro da caverna, a presença de Caladriel é um tormento constante. Seus pesadelos têm se intensificado, invadindo minha mente com visões cada vez mais angustiantes e dolorosas. Em cada uma dessas visões, os rostos das pessoas que amo se distorcem em expressões de crueldade e desespero, seus olhos refletindo uma maldade que desafia qualquer compreensão racional.

É como se a própria essência de Caladriel tivesse se infiltrado em meus sonhos, transformando-os em um campo de batalha psicológico.

Os sussurros das vozes, agora entrelaçados com os gritos de dor e frustração, ecoam incessantemente em meus pensamentos. Cada pesadelo traz consigo um peso esmagador, um sentimento de que minha sanidade está escapando pelos dedos como areia fina, deixando-me com uma sensação de desintegração mental.

A frequência com que essas visões se manifestam tem gerado uma inquietação crescente, a ponto de me fazer questionar minha própria sanidade. O que parecia ser uma situação inicialmente manejável revelou-se muito mais complexa e desafiadora do que eu havia imaginado.

A luta constante contra a influência de Caladriel e a incerteza sobre o futuro me deixaram em um estado de confusão quase paralisante. Cada tentativa de agarrar a realidade parece escorregar e se transformar em uma névoa de dúvidas e medos.

A dificuldade em lidar com essa situação revelou a precipitação da minha avaliação inicial sobre a gravidade do problema. As estratégias que eu havia idealizado para superar meus inimigos parecem cada vez mais inúteis diante da vastidão do que estou enfrentando.

A realidade de minha situação se expande em complexidade, desafiando cada plano e cada esperança que eu tinha.

Nessa confusão e angústia, minha mente inevitavelmente se volta para Selene. Apesar de toda a sua crueldade e manipulação, talvez ela não esteja completamente errada. Talvez, com o tempo, ela consiga finalmente alcançar seu maior desejo: me ter ao seu lado.

Essa ideia é perturbadora e desconcertante. A possibilidade de me tornar uma aliada de Selene, mesmo que apenas como um meio de sobrevivência, é uma perspectiva que me provoca um misto de repulsa e curiosidade.

A ideia de submeter-me aos seus desígnios, de ceder ao seu desejo de controle, parece quase como uma forma de rendição. No entanto, há uma parte de mim que considera essa possibilidade como um caminho para a sobrevivência, uma forma de manter algum controle sobre meu próprio destino.

Mas essa escolha implica em uma traição dolorosa. Seria me tornar tão podre e suja quanto aqueles que eu detesto. Trair aqueles que sempre estiveram ao meu lado por pura sobrevivência e egoísmo é uma perspectiva que pesa sobre minha consciência como uma âncora de culpa.

Os sete pecados capitais | BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora