Anjos caídos

2.5K 125 12
                                    

Os setes pecados capitais também podem ser compreendidos como vícios emocionais ou mais precisamente como paixões. Nascemos com um repertório pré-definido de emoções.

Vaidade, Orgulho, Avareza, Preguiça, Gula, Luxuria e Inveja... nada mais são do que mecanismos emocionais que nos ajudaram e nos ajudam em nossa sobrevivência. Mas quando tais mecanismos começam a atuar sem causas aparentes tornando-se o centro de nossa personalidade, denominamos como pecados.

Os pecados capitais que são os pais dos outros vícios.

Bom, foi isso que o meu pai me ensinou quando eu era mais nova.

...

— Soo-Ji tem uns caras que acabaram de chegar, pediram a bebida mais forte da casa. - digo.

— Eles tem certeza? - pergunta ela.

Eu concordo com a cabeça.

— Então tá bom. - diz ela separando os copos, o álcool e o isqueiro.

A bebida mais forte da casa consistente em vodka com fogo, não sei explicar como chegamos nessa mistura mas é algo que da super certo e todos amam. Pelo menos os que tem coragem.

O bar que eu herdei tem sido sem dúvidas uma das melhores coisas que me aconteceu, o The Moonz existe desde que eu me entendo por gente. Eu não mudei nada nele, ele continua com o tom rústico e antigo. As pessoas mais velhas se sentem em casa e os mais novos acham o local super descolado.

O bar não é um lugar comum, pessoas normais não conseguem ver tudo o que eu vejo. Eu não sei se isso é uma benção ou uma maldição.

Muitas das vezes, vejo anjos e demônios entrando e saindo daqui e os seres não sobrenaturais que frenquentam o bar não fazem ideia das coisas que acontecem nesse ambiente.

Soo-Ji é uma delas. Ela é uma pessoa normal, não consegue ver nada, ou pelo menos nunca me contou. Eu queria conseguir conversar com ela sobre essas coisas, mas da última vez que tentei, fui chamada de louca e eu teria que explicar o motivo de eu ser assim.

E é aí que está o problema, eu também não sei o motivo. Talvez eu tenha nascido dessa forma, talvez eu tenha sido trocada na maternidade, talvez alguém tenha jogado alguma coisa em mim... eu realmente não sei. Eu só sei que há 24 anos, eu vejo coisas que eu não gostaria, desenhos coisas que eu não sei como eu faço e sinto coisas que outros não sentem.

— Com licença, será que você poderia nos dar... - ele para e pensa. — O que vocês tem de melhor? - pergunta o cara a minha frente.

Sem dúvidas é um dos homens mais lindos que eu já vi. Ele tem dois piercings em formato de argola na boca, tem uma pinta no queixo e seus olhos são grandes e pretos, tão pretos quanto as jabuticabas que haviam no quintal da minha vó na minha infância. Sua voz é grave e forte. Seus cabelos seguem as mesmas cores de seus olhos e são longos.

O amigo ao seu lado tem o rosto tão perfeito e simétrico que é difícil não ficar olhando, eles são realmente incríveis e olha que eu vejo muitas pessoas dentro desse bar e nenhum chega perto desses dois. Seus cabelos estão jogados para trás e seu rosto está a mostra, ele tem uma pinta na ponta de seu nariz e eu ainda não ouvi a sua voz.

Esses caras nunca vieram aqui antes, eu saberia se tivesse visto. Eles tem algo diferente e eu não estou falando em relação a beleza...

— Bom, nossa melhor bebida é o fogo do inferno. - digo e eles me olham curiosos. — Benji, vem cá por favor.

Eu o chamo e sem pensar caminha na minha direção, ele é um dos meninos que trabalham comigo no balcão.

— Oi? - diz ele.

Os sete pecados capitais | BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora