Capítulo Cinco

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Carter

Me sinto estranho, uma das primeiras vezes em minha vida, esfrego minha mão contra minhas calças. A visão dela se afastando de mim me enche de inquietação. Será que acha que eu iria me forçar sobre ela?

Não preciso fazer isso. Não sou desses jogos de poder. Claro, gosto de estar no controle, mas as únicas pessoas que estou exercendo minha vontade são aqueles que concordaram com isso de antemão.

Quando vestem os capacetes e almofadas no
campo, consentiram a minha dominação. Meus companheiros de equipe sabem disso e assim
fazem os meus adversários.Um casual? Nunca.
Meu estômago se agita, pensando sobre alguém machucá-la assim. O apetite se foi, lanço meu taco no prato.

— O que há de errado?, — Pergunta. — Queimei o crepe do taco?

Há um pedaço de alface saindo do canto da boca. Por todos os motivos deveria pensar que isso é rude, mas só me parece bonito. Claramente, estou perdendo minha mente.

— Não estou com fome, — resmungo.

Me afasto e começo a limpar, mas não há muita confusão para me manter ocupado. Depois de limpar as bancadas e lavar a panela, tudo o que posso fazer é esperar que ela terminasse de comer para que possa limpar os pratos. Cruzo os braços sobre o peito e vejo-a engolir seu quarto taco, como se não tivesse comido em três semanas.

— Quantos anos você tem?

Ela faz uma pausa no meio da mordida.

— Anos? — Pergunta, como se fosse uma palavra estrangeira.

— Você se formou no colegial?

Sua boca se move, mas não sai nenhum som. Isso é um não e parece que não esta habituada a mentir. Dou-lhe uma rápida avaliação. Não está usando maquiagem e sei que as meninas na escola podem parecer mais velhas se tiverem colocado, mas ela não tem a aparência de uma caloura nervosa, então
estou supondo que é uma veterana como eu, o que significa que saiu apenas poucos meses antes de
sua formatura.

O que era tão ruim sobre suas circunstâncias que, decidiu deixar a escola neste momento, foi uma opção melhor do que continuar até seu diploma?

— Você está no seu último semestre e vai cair fora. Por quê? Como irá conseguir um emprego?

Pergunto sem rodeios, perguntando o quão bem pensou neste plano.

— Estou trabalhando nos detalhes, — responde, com o queixo levantado.

— Do que está fugindo?

Ou talvez seja, de quem?

— Estou explorando o mundo.

— OK. De onde você veio?

Sua boca fica fechada.

— Não sabia que o seu passado era um segredo.

Bem, é. Resistindo à vontade de beliscar o queixo, enrolo meus dedos em um punho ao meu lado. Questionando diretamente, ela não está me dando nada. Vou ter que pensar em um novo plano.Lanço
a esponja sobre o balcão na frente dela.

— Limpe quando tiver acabado. Pratos e copos são laváveis. Você pode dormir no sofá. Vou pegar alguns lençóis.

Começo a andar pelo corredor, quando a espertinha brinca:

— O que, não vai me oferecer sua cama?

— Não, porque você diria que não quer usá-la e não estou interessado em discutir. Além disso, minha cama é confortável e eu gosto de dormir lá.

outra altura, a teria convidado para dormir lá comigo, mas sei pela sua reação anterior, espera
esse tipo de abuso.

— Então está com ajuda contratada aqui? E se tiver, posso ter um emprego?

— Não e não.

Tiro alguns lençóis do armário, pego um cobertor e um travesseiro, e retorno à sala principal. Além da cozinha top de linha que a minha mãe instalou, há também um gigante sofá, grande o suficiente para dormir três homens adultos e duas cadeiras estofadas em frente a uma lareira a lenha e uma televisão de oitenta polegadas. Largo a roupa de cama no sofá.

— O que faz, então? Basta ir para a aula?

— Sim.

— Com uma rota bem definida. — As palavras estão zombando mas o tom soa invejoso.

— Sei o que quero.

— E o que é? — Ela está fora do banco agora, limpando.

— Futebol.

— Você parece confiante.

— Por que não deveria ser? Qual é o ponto de fazer qualquer coisa se não for bom nisso?

Ela termina de encher a máquina de lavar com todos os pratos sujos, antes de vir para ficar perto do sofá longe de mim. É cautelosa, certificando-se de que há sempre um obstáculo entre ela e eu.

Involuntariamente, uma dor desenvolve no meu peito sobre o que deve ter acontecido para fazê-la do jeito que é. Limpo minha garganta e tento engolir a simpatia. Minha vida não tem espaço para uma criança perdida. Posso alimentá-la esta noite e dar-lhe algum dinheiro na parte da manhã, mas então ela precisa ir. Empurro de lado a maneira que o pensamento me faz sentir vazio e dou algumas direções.

— A casa de banho é no corredor. Use o que quiser. As portas e janelas têm alarmes sobre eles então se tentar sair, sirenes vão tocar e se tocarem, a polícia vai estar aqui em cinco minutos. Faça o que fizer, se decidir fugir esta noite, certifique-se que vai sair daqui em cinco minutos.

— Leva cinco minutos para descer o seu caminho!

Dou de ombros.

— Não é problema meu que você seja lenta.

— Estou bem. Talvez só fique aqui para sempre, então.

Ela se joga para baixo, em uma das almofadas e olha para mim como se estivesse em guerra. Cubro minha boca com as costas da minha mão para que ela não possa ver o meu sorriso.

— É melhor começar a ganhar algum dinheiro, então. Pretendo alugar.

— Oh, e aposto que vai querer que pague por isso com o meu corpo, certo? — Diz com amargura.

Sim, alguém a maltratou muito, e logo vou achar onde esse imbecil está e vou chegar em sua garganta e rasgar seu pau para fora. Até então, porém, o objetivo aqui é fazê-la tão confortável quanto possível comigo. Não sei por quê. Não estou numa de ajudar as pessoas.

Sou um pau. Quem me conhece iria dizer-lhe isso. No entanto, a necessidade de protegê-la está me oprimindo. Chamar um pouco de auto-controle e um pouco de sarcasmo, o suficiente para fazê-la louca, que é quando não está com medo.

— O que a faz pensar que estou atraído por você o suficiente para pagar por sexo? Pareço alguém que precisa pagar por companhia?

— Não se trata de aparência.

Dou-lhe um contundente avaliação.

— Para mim, sim.

Com isso, vou para a cama.

Deuces selvagens ( 2 livro da série FU High )Onde histórias criam vida. Descubra agora