Capítulo Oito

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Mallory

Estou de costas para a porta por alguns instantes depois batendo-a até me acalmar. É então que
decidi que odeio oficialmente mangas e smoothie, enquanto estiver nesta situação. Não é o gosto que tem que me faz não gostar deles, mas o fato de que aqueles são luxos que não posso pagar. A vida que nunca poderei ter. Uma que Carter está tentando que eu queira. Pode não saber, mas está. Essa percepção tem me deixado de mau humor.

Sigo para a pia e giro a água. Começo a lavar o
rosto mais asperamente do que normalmente faria.
Não sei o que está errado comigo. Tive um pequeno ataque de pânico quando acordei sozinha na casa de Carter. Olhei em todos os lugares por ele, mas não consegui encontrá-lo. Então estava com medo de abrir uma porta pensando que poderia disparar um alarme. Me senti sozinha. Sei que é estúpido sentir-me abandonada por alguém que conheci ontem.

Então praticamente tenho estado em um estado de espírito ruim nas últimas horas. Me senti terrível que o ataquei quando voltou. Senti alívio quando Deuce voltou e o sentimento é que não posso aguentar. Não posso confiar em ninguém além de mim. Estou com mais raiva de mim mesma do que qualquer coisa.

A coisa da manga me enviou pela borda. É uma coisa tão ridícula para ficar chateada, mas estava na borda e só me derrubou. Tenho que lembrá-lo que estou saindo.

Olho para mim mesma no espelho.

— Você tem que sair, — sussurro ao meu reflexo.

Penso em minha mãe quando olho para mim mesma. Somos muito parecidas, mas a vida tomou um pedágio sobre ela e pode vê-lo nas linhas de seu rosto. Não acho que fumar ajudou muito. Não posso ser como ela. Tomar decisões ruins e dependendo de homens não é algo que quero. Ela sempre tem que ter um homem em sua vida.

Disse a mim mesma que iria ficar longe deles,porque com eles sempre vêm problemas. Isso é o que as relações da minha mãe me ensinaram. Ela é a razão pela qual nunca persegui uma relação para mim própria. Nunca tive esse desejo.

Respiro para me acalmar e abro a porta do banheiro. Meus olhos encontram os de Carter, que está ali esperando por mim.

— Você não tem que sair. — Ele me ouviu falando sozinha.

— É aí que você está errado. — Passo por ele, deixando meu corpo roçar no seu mesmo que
saiba que não deveria.

Um último toque antes de ter que sair. Não tenho que olhar para saber que ele está me seguindo no corredor para a sala de estar. Dobro o cobertor que ele me deu na noite passada antes de empilhar os travesseiros no topo. Espreito por cima do ombro para vê-lo me observando.

Não posso ler sua expressão, mas sei que, quer me dizer alguma coisa. Só não tenho certeza se sabe o que é. Parece que está tendo um momento difícil para chegar até as palavras.

— Desembucha, Deuce, — digo.

Tenho certeza que tem alguns comentários rudes na ponta da língua. Me preparo para o que seja. Nunca tenho certeza de que maneira está indo para ir com seus comentários.

— Carter, — corrijo.

Viro minha cabeça para que não possa ver o meu sorriso, quando passo meu saco para me certificar de que tenho tudo. Porcaria. Ainda tenho a camisa. Uma pequena parte de mim quer mantê-la. Talvez não note se sair com ela. Quase como se tivesse esquecido. Poderia levar um pequeno pedaço dele comigo. Talvez devesse deixá-la, para que não me lembre de uma vida que poderia ter tido se as coisas fossem diferentes.

— Desculpe. Continuo esquecendo, — minto.

Acho que desfruto servindo os comentários rudes, tanto quanto ele faz. Os meus são sempre seguidos por sentimentos de culpa embora.

Sei que estou sendo uma idiota. Carter, por outro lado, é um pau em um minuto e no seguinte está me ajudando, então não tenho certeza do que suas intenções são verdadeiras. A única coisa que sei é que está me ajudando mais do que qualquer outra pessoa na minha vida e sou grata por isso.

Ele ri. Congelo, chocada pelo som. Lentamente, me volto para olhar para ele. Tem a cabeça inclinada para trás rindo. Maldito seja por parecer ainda mais bonito quando faz isso. O som rola sobre a minha pele e me pergunto qual seria a sensação de ser pressionada contra ele. Sorrio, sabendo que o levei
a rir.

— Claro que não se lembra do meu nome. — Ri mais, suas palavras cheias de ironia que não estou percebendo.

Seu riso é contagioso e deixei escapar um pouco do meu próprio.

— Realmente sinto muito. — Deixo cair a minha bolsa de volta para o chão. — Tenho sido uma idiota e realmente aprecio o lugar para a noite e a comida. Isso significa mais do que você imagina.

Seu rosto suaviza por um momento antes que deixe cair seu olhar para o chão, olhando para o meu saco. Sigo-o e vejo o meu telefone celular e carteira de Ricky derramados para fora. Vou para baixo para empurrar tudo de volta na minha bolsa, mas Carter chega primeiro, pegando a carteira.

Meus olhos imediatamente dão a volta quando a levanta para inspecioná-la. Arrebato-a de sua mão antes que possa abri-la. Seus olhos encontram os meus em um instante. O sorriso que usava segundos atrás desapareceu e um olhar que não posso colocar agora aparece em seu rosto.

— De quem é esta carteira? — Diz com uma voz estrangulada.

— Uma vez que está na minha bolsa, acredito que faz com que seja minha, — rapidamente respondo.

Se roubasse de outra pessoa, a culpa já me teria comido viva, mas Ricky merecia. Não quero mentir para Carter, mas também não quero que pense mal de mim. Não sei por que me importo, mas eu faço.

Ele continua a olhar para mim como se estivesse à espera de uma resposta diferente da que já lhe dei. Um minuto passa e nenhum de nós diz uma palavra; nos encontramos, olhando um para o outro. Minha respiração pega quando fecha o espaço entre nós. Tenho que inclinar a cabeça para trás para olhar para ele. Recuso-me a não encontrar seus olhos. Só não esperava que ele fizesse o que fez em seguida.

Deuces selvagens ( 2 livro da série FU High )Onde histórias criam vida. Descubra agora