Os dias em Liyue são quentes, diferentemente das noites que são terrivelmente frias.
Lumine sentia cada vez mais a sua visão ficar embaçada, segurava o ferimento aberto em sua barriga se esforçando para esconder as pequenas gotas de sangue que escorriam.
Paimon olhava para Lumine com preocupação. A vila onde as duas estavam hospedadas era muito longe, se demorasse para fechar o ferimento, poderia ser que a Viajante morresse.
- Paimon, vamos ir até Porto, não vou conseguir cuidar disso. - Uma dor aguda atingia sua garganta, o gosto metálico de sangue preenchia sua boca enquanto falava.
Já estava muito tarde da noite e a medida que o tempo passava, o clima ficava mais frio. As nuvens estavam escuras, logo choveria.
Usando suas últimas forças, conseguiu chegar até o Chalé bubu, onde poderia receber ajuda. Baizhu não exitou em ajudar sua amiga, Liyue ficava ativa o dia inteiro, ainda mais em época de festival.
- Me surpreende você ter conseguido chegar tão longe, com um ferimento desses. - Limpava os ferimentos da Viajante cuidadosamente. - Eu sei que você está com dor mas preciso que você fique acordada enquanto fecho o ferimento para garantir que você não morra.
- Onde está Paimon? - Se esforçava para falar, sua visão voltava aos poucos.
- Pedi para ela ficar com alguém conhecido no Porto por alguns dias, você não vai se recuperar tão rápido.
- Você não consegue curar isso?
- Visões são bênçãos mas não fazem milagres. Como acabou nessa situação?
- Não é... não é algo que eu possa contar. - Seu olhar se tornou sombrio mas com um pouco de... inquietação.
Baizhu percebeu o desconforto de Lumine, decidiu não perguntar mais sobre o assunto. Se concentrava em cuidar dos ferimentos.
O quarto se tornou silencioso, mas não era um silêncio desconfortável, era calmo.
- Eu sairei agora, os ferimentos não devem abrir até pelo menos amanhã de manhã. Se algo acontecer, temos suplementos nas gavetas.
- Obrigada, eu ficarei bem. Sinto muito por te causar problemas em pleno festival.
- Não se preocupe com isso, é apenas minha obrigação ajudar as pessoas. Tenha uma boa noite, Viajante, te vejo amanhã.
O médico saiu do quarto em passos silenciosos. Lumine não iria negar que se sentia envergonhada por ter sido pega por um ataque surpresa.
O quarto estava escuro, a única fonte de iluminação era a janela. Mesmo que o lado de fora estivesse muito barulhento, o quarto era preenchido com silêncio.
De repente... sentiu lágrimas quentes escorrerem pelo seu rosto. Não eram lágrimas de tristeza ou dor, eram de paz. Nos últimos meses, só se sentia usada e vazia, vivia ajudando os outros a troco de nada, mas agora, mesmo que estivesse machucada, se sentia em paz. Se sentia assim porque havia feito aquilo por vontade própria, ninguém tinha pedido para ela fazer aquilo e isso fazia ela se sentir bem, poder fazer algo por espontânea vontade. Lutar não era divertido mas ajudava-a a se descarregar a frustração que sentia.
Childe
Estava entediado, havia feito um caminho longo, para no fim, não achar nada. Estava indo em direção ao banco do Norte para entregar a notícia até ouvir uma informação interessante entre algumas barracas.
- Você não ficou sabendo ainda? Alguns soldados falaram que viram a Viajante quase morrendo no Chalé Bubu. Impressionante, me pergunto quem conseguiu ferir a heroína que estava na luta contra Osial.
Seus olhos se arregalaram, agora tudo fazia sentido para ele. Um inimigo forte o suficiente para derrotar um batalhão inteiro de soldados de Elite e capaz de desaparecer sem deixar praticamente nenhum rastro, só poderia ser uma pessoa.
- Lumine... Essa não é uma boa forma de dizer que sentiu saudades.
O ruivo queria ir atrás da Viajante mas sabia que aquele momento era ruim. Acabou que no fim, voltou ao banco para dar a notícia ao outros.
- Você encontrou a pessoa? - o informante anterior foi apressadamente até o mensageiro.
- Ah bem.... - Por algum motivo, sentia hesitação ao pensar na resposta. Não havia encontrado nada, mas sabia quem era o intruso. - Ele está morto.
No fim, mentiu, mentiu porque queria encontrar o "intruso" por conta própria, sem que ninguém soubesse.
Poucas horas depois, Childe definiu que aquele seria o momento. As ruas estavam mais vazias. Não estava com problemas para ter que se esconder, mas não negaria que queria evitar pessoas que conhecia para não ter que criar outra mentira.
O Chalé estaria fechado naquele momento mas isso não o impediria. A janela estava fechada, mas não trancada. Entrou silenciosamente encontrando a loira apagada, seu rosto parecia pálido, provavelmente por causa do frio.
Se aproximou cautelosamente, se ajoelhou apoiando os cotovelos na borda da cama.
Era a primeira vez que Childe via Lumine parecer... indefesa.
Com um impulso, criou uma lâmina feita de água a poucos centímetros da garganta da Viajante.
Era irônico para o mensageiro pensar que a pessoa que tinha o derrotado e acabado de eliminar diversos soldados de Elite, estava agora, em um estado crítico, bem na sua frente, sem nenhuma forma de se defender.
Se fizesse apenas um mísero movimento, a vida de Lumine seria ceifada e todos os problemas de Childe seriam resolvidos naquele momento. Se sentia tentado a mata-la, mas por algum motivo...
Isso não parecia certo.
Sempre foi leal a sua organização, mesmo quando as vezes não devia. Lumine era um grande problema para os Fatui, então, Por quê? Por que se sentia tão mal em fazer isso? Talvez não fosse justo? Ou... amizade? Os dois se encontraram poucas vezes e nas poucas vezes, traiu ela além de terem tentado levar um ao outro até a morte.
No final das contas, ele não precisava de motivos, afinal, eles ainda eram inimigos. Mesmo que Lumine não fizesse nada, se lhe fosse ordenado, teria que acabar com sua vida. O problema era que seu coração doía, sentia culpa. Nunca iria dizer em voz alta que no fundo, sentia culpa pelas coisas cruéis que fazia.
Antes mesmo que pensasse direito, se afastou, sentia um gosto amargo. Tinha ido atrás da Viajante com felicidade mas no fim acabou com receio.
...
- Achei que seu objetivo era me matar enquanto eu "dormia".
A voz da loira era fraca mas ecoou pelo quarto silencioso. Childe Encarou o olhos de Lumine que agora estavam abertos. Os olhos dourados que brilhavam intensamente, naquele momento, pareciam profundos, era como se estivesse olhando para um mar de ouro, onde não conseguia ver o fundo.
- Já faz muito tempo que a gente não se vê, não é, Lumine?
Fim do capítulo.
Capitulo não revisado.
As músicas que eu coloco no início são só pra não ler em silêncio quem não gosta, de vez em quando eu vou colocar recomendações de música para ouvir durante o capítulo.
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Eye On Eye
Fiksi Penggemar"Eu vejo mais do que isso em você. Você não controla o início da sua vida, mas você pode controlar o que vem depois. O Tartaglia é poderoso, o Childe tem muitos aliados, mas e você, Ajax? Quem é você?" Valia a pena colocar tudo em jogo por alguém? P...