Bella 🦋• Gabriel Barbosa •

09°🦋

Gabriel Barbosa

Na noite passada, depois que a Isabella me ajudou com o pulso eu fiquei tão constrangido com a forma como ela cuidou e agiu comigo que eu pedi para que cada um ficasse em seu espaço, pedi pra que traça-se uma linha entre nós dois e cada um ficasse em seu lado. 

Fui covarde em não ser ao menos grato pelo que ela tinha feito, estava com raiva pela forma como ela continua cuidando de mim como desde começo. Era como se ainda me amasse, por isso fiquei tão confuso com a ideia firme que ela tinha sobre o divórcio e acabei fazendo aquela pergunta estupida, pareceu que eu estava desesperado. 

Ela está certa, devemos ficar cada um em seu mundo. Minha mãe vai passar só um mês aqui, já estamos assim a anos, um mês vai ser fácil.

- Vá pra casa com cuidado.- falei e ela pareceu surpresa.

Respirei fundo e voltei pra dentro do elevador rumo ao estádio. 

O jogo seguiu e parece que não foi só eu que estava tendo um péssimo dia, a partida foi sufocante mas no final das contas conseguimos levar o título pra casa. Eu não estava com vontade de ir pra comemoração, sendo bem sincero tudo que eu queria era minha cama, mas por insistência de alguns do time eu acabei cedendo.

- Avisou pra Isabella que vai ficar?- Bruno perguntou enquanto me entregava a medalha pra segurar pra ele.

- Avisei.- suspirei e ele me encarou - O que foi?

- Brigaram de novo?- não respondi - O que aconteceu dessa vez?

- Ela veio aqui, ia assistir o jogo comigo.

- Deixa eu adivinhar, vocês não souberam ser coerentes um com o outro e discutiram.- novamente não falei nada - Vocês são estúpidos.

- Dessa vez eu vacilei mais que ela.- suspirei pesado.

- No caso de vocês não existe quem vacila mais do que o outro.- encostou no armário - Por que vocês insistem tanto em se machucar?

Eu não sabia o que responder, me faltavam palavras e argumentos. O Bruno é meu melhor amigo, a pessoa que mais ama meu casamento, quem apoia e quem adora a Isabella. Ele consegue ser cruelmente leal a nós dois e suas palavras nos feriam como uma faca amolada. 

Quando se tratava em dar conselho ou nos ajudar, ele não media esforços. Mas também, não media indelicadeza e verdade. Eu gosto disso nele, a forma como fala as coisas sem me agradar.

- Não quero que vá pra festa.- falou ao abrir o armário - Vai pra casa.

- Ela tá lá, não é uma boa.

- E uma boa vai ser encher a cara em um local que você nem quer ir?- pegou a medalha da minha mão - Vai pra qualquer outro lugar que você queira, mas não vá pra um lugar que só vai te machucar e machucar ainda mais a Isa.

- Acho que ela nem se importa mais com isso.

- A Isabella se faz de forte, ela é fria e cruel porque você é frio e cruel.- cuspiu as palavras na minha cara - São dois orgulhosos que insistem em se machucar a fim de deixar de se amar, mas deixa eu adiantar uma coisa, vocês nunca vão deixar de se amar desse jeito. Só vão se odiar e criar mágoa um do outro.

- Ela não me ama mais Bruno, vamos nos divorciar.

- Vocês não são corajosos o suficiente.- riu irônico e caralho, tinha esquecido o quanto ele é ríspido - E se ela não te amasse não teria virado a noite no escritório pra passar as férias com sua família, porque até pode parecer que ela está fazendo isso pela sua mãe, mas tá na cara que ela tá fazendo isso como uma forma de esperança pra vocês.

- Acho que você tá enganado.- o interrompi.

- Você que tá sendo muito ingênuo.

- Caralho, tem como ser menos ríspido?- cruzei os braços.

- Quer que eu fale coisas pra te agradar e passe a mão na sua cabeça?- neguei - Ótimo, porque eu não faria isso.

Depois de pegar a roupa no armário, ir se trocar e voltar já arrumado pra festa, ele sentou ao meu lado pra amarrar o tênis e ao se levantar deu um tapa na minha nuca me fazendo olhar pra ele.

- Toda vez que você tiver duvidas ou desacreditar do que eu falei, olhe pro seu pulso e lembre do motivo de você ter jogado fora a oportunidade de jogar em uma final que tiraria sua carreira do sufoco.- deu dois tapinhas no meu ombro - E fala pra Isa que minha mulher tá com saudades dela.

- Não quero mais ser seu amigo.

- Uma pena.- deu as costas e saiu do vestiário.