21°🦋

338 37 4
                                    

Isabella Barbosa

- Aninha, vai pro colo da Tia Isa pra tirar foto.- a Dhio falou enquanto o fotógrafo tirava algumas fotos nossa. 

- Não pode Titia.- negou com o dedo indicador - Se não vai machucar o bebê. 

- Bebê?- Gabriel arregalou os olhos e se virou de frente pra ela - Que bebê?

- O que tá aqui titio.- apontou pra minha barriga. O Gabriel levantou o olhar e percebi ele ficar pálido de repente, estava boquiaberto e nada saia da boca dele. 

- Não fala besteira Aninha.- minha cunhada se aproximou e estendeu um copo de água pro Gabriel. 

- Eu não falo besteira.- resmungou e saiu andando tranquilamente pro jardim da casa. 

O Gabriel continuava imóvel, me olhou de cima a baixo e deu de ombros entrando pra casa novamente. Eu só conseguia rir da cara que ele tinha feito, pareceu estar desesperado e eu jurei por alguns segundos que iria ficar viúva. 

- Desculpa pela Aninha, ela tá com essa ideia maluca na cabeça só porque sonhou hoje a noite com vocês.- Luana, a mãe dela disse ao se aproximar. 

- Tudo bem, ela é criança.- sorri e entrei indo pro mesmo lugar que o Gabriel estava. Alguns amigos em comum da nossa família já tinham chegado e ele estava os cumprimentando. 

Eu amava ficar com eles porque tudo na nossa família é tão intimista e escolhido com tanto cuidado que cada pessoa aqui participou da vida da Aninha. Quando eu morava em Portugal com a minha família, as coisas eram um pouco mais diferentes. Nem todos eram unidos e pra ser bem sincera, momentos com todos eram raros. 

Mesmo assim eu cresci querendo ter tudo isso, jantar com todos reunidos, festas de aniversário com pessoas que realmente fazem parte de nós, datas comemorativas temáticas e viver o espírito de tudo intensamente. Fico feliz por saber que hoje, mesmo não sendo com eles, eu consigo viver o que sempre sonhei. 

- Eu ainda estou assustado com o que ela falou.- senti os braços do Gabriel rodearem minha cintura enquanto ele me abraçava por trás.

- A Aninha é uma graça, você sabe disso.- rir. 

- Mas dessa vez ela falou com muita certeza, você viu o tom de voz dela?- rir mais ainda e me virei pra ele que ainda continuou com as mãos em volta da minha cintura. 

- Para com isso amor, a Luana já me explicou que ela sonhou com nós dois pela noite, talvez deva ser por isso.- passei o polegar pelo rosto dele - Você deveria levar as coisas que ela fala na brincadeira, não acha?

- Não consigo, aquela menina só tem cinco anos e me apavora desse jeito.- respirou fundo e estendeu a mão me mostrando o quanto estava trémulo - Ela me paga.

- Não crie intriga com ela.- rir e segurei a mão dele - Além do mais, andamos ocupados com tantas coisas que acho difícil um bebê vir agora.

- Por descargo de consciência eu vou comprar um teste, as vezes criança vê e sente coisas, sabia?- insistiu e mesmo não vendo necessidade eu assenti. 

Vimos a Aninha vir correndo em nossa direção com duas caixinhas de madeira na mão entrando no meio do nosso abraço, olhamos para frente onde a mãe dela estava com o celular gravando e toda emocionada. Nos agachamos para ficar da mesma altura que ela e ao abrirmos a caixinha nos demos conta de que era um pedido para sermos padrinhos dela.

{...}

- Mas eu quero isso daqui dinda.- Aninha apontou para o troféu do Gabriel que estava no alto da cristaleira, me surpreendi pela forma como ela me chamou de dinda pela primeira vez mas não posso expressar isso senão é capaz dela nunca mais falar só por vergonha.

- Mas não pode meu amor, senão o seu dindo pode reclamar comigo e contigo.- tentei explicar pela milésima vez.

A festinha dela já tinha acabado e como ficamos por tanto tempo sem nos vermos, ela pediu pra dormir aqui em casa hoje. Minha sogra e a Dhio ficaram por lá já que tinham combinado com a minha cunhada e como eu já estou acostumada com a casa cheia, deixei com que a Aninha ficasse conosco hoje.

O Gabriel tinha saído pra levar algumas coisas que minha sogra tinha esquecido e que ela vai precisar amanhã, então agora só está eu e a minha afilhada em casa.

- E se eu quiser muito?- me olhou emburrada cruzando os braços. 

- Mesmo se você quiser muito eu não vou poder te dar, é do Gabriel e se ele não gosta de que peguem, eu não vou pegar. 

- O dindo é chato.- saiu andando com as perninhas curtas e se jogou com a cara enterrada no sofá. 

- Vamos supor que eu queira brincar com a sua Barbie fada.- fui atrás dela e sentei no chão. 

- Minha Barbie fada não!- se levantou rapidamente e negou tanto com a cabeça quanto com o dedo. 

- Então você também é chata.- fiz o mesmo que antes ela tinha feito. 

- Não sou não, mas ela é minha!

- Se você não é chata por não gostar que peguem a sua boneca por quê o dindo é chato por não gostar que peguem no troféu dele?- ela não me respondeu mais nada, só tornou a deitar e virou o rosto pra mim - Não vale chorar!

- Não vou chorar!- falou já com voz de choro. 

Ouvi o som da senha da porta e instantes depois o Gabriel passou por ela com uma caixinha de uma doceria perto daqui de casa. 

- O que aconteceu?- se sentou ao meu lado, me deu um selinho breve e colocou a caixinha na mesa de centro.

- Ela ficou chateada comigo porque não deixei pegar o seu troféu.- expliquei. 

- E ela me chamou de chata!- falou com a voz chorosa ainda sem olhar pra nós, tive que me controlar muito pra não rir, me impressionei com meu controle emocional.

- Eu só te chamei de chata porque você chamou o Gabriel de chato.- tentei me justificar. 

- Vai ficar do lado dele?- se levantou com os braços cruzados - Você é minha dinda!

- E ele é meu marido!- também cruzei os braços. 

- Espera, vocês estão brigando por mim?- ele perguntou ainda confuso. 

- Não!- respondemos juntas.

Continuamos em uma breve discussão até o Gabriel ameaçar comer todos os doces sozinhos e eu até sei que ele não gosta, mas depois de algumas ameaças e discussões, nós duas decidimos ficar quietinhas e comermos.

Bella 🦋• Gabriel Barbosa •Onde histórias criam vida. Descubra agora