Dylan Bolat
HojeO cheiro adocicado do seu perfume ainda está no ar, e o calor do seu corpo ainda parece pairar perto de mim.
Eu me afasto, tentando recuperar o equilíbrio, e pego um copo de água para mim e um suco de morango para ela.
O detalhe do suco não me passou despercebido — era o favorito dela, algo que eu me lembrava sempre que eu ia ao mercado.
Quando ela pega o copo e dá o primeiro gole, eu me perco observando seus lábios se fechando ao redor da borda. E sem pensar, murmuro:
— Eu sei...
A resposta cai como uma pedra no silêncio da cozinha.
Elizabeth engasga, e eu reajo imediatamente, correndo até ela, tirando o copo de suas mãos e batendo suavemente em suas costas.
Meu coração bate forte, a proximidade entre nós é agoniante, e eu sinto o calor da sua respiração misturada com a minha.
Ela se recompõe, e o momento se estende, com nossos olhares se cruzando intensamente.
Sem pensar, novamente, deslizo uma mecha do seu cabelo, que se soltou atrás da orelha, a voz rouca escapando:
— Está melhor?
Antes que ela possa responder, a campainha toca.
O som quebra a tensão entre nós, e eu me afasto abruptamente, sentindo uma estranha mistura de desespero e alívio.
Caminho até a porta, minha mente girando com pensamentos caóticos.
Ao abrir a porta, vejo David, seu olhar desdenhoso e postura desafiadora.
Sem esperar um convite, ele entra na casa, deixando a porta aberta.
Sinto uma onda de raiva subir, mas tento controlar minhas emoções.
David sempre foi um problema.
Desde a infância, quando eram rivais em praticamente tudo.
David era o garoto que sempre tentava provar que era melhor, que merecia mais. A rixa entre nós começou na escola, onde competiam em esportes, notas e até em amizades. Eu me lembrava de como David adorava exibir suas conquistas, sempre com um sorriso arrogante.
— Onde ela está? — David pergunta, e sua voz tem um tom possessivo que me incomoda profundamente.
— Ela quem? — pergunto, tentando esconder minha frustração.
— Onde está Elizabeth? — ele repete, com um ar de desdém.
— O que você quer com ela? — meu tom é ríspido, tentando disfarçar a preocupação que começa a me consumir.
David dá um passo à frente, ignorando a minha pergunta.
— Isso é entre mim e Elizabeth. Você não tem nada a ver com isso.
Estreito os meus olhos nele, a desconfiança crescendo.
— Tenho tudo a ver com isso. Ela veio até aqui porque está confusa, porque quer respostas.
David riu, mas havia pouco humor em seu riso.
— Você sempre teve essa necessidade de ser o herói, não é, Dylan? Sempre se metendo onde não é chamado.
Sinto o calor da raiva subir pelo novamente pelo meu corpo.
— Não é sobre ser herói. É sobre a verdade. E eu sei que você não é o que parece ser. Agora, o que você quer aqui?
David ergue uma sobrancelha, a arrogância voltando a aparecer e responde com um sorriso frio:
— Não posso procurar a minha mulher?
A palavra "mulher" ressoa em mim como um soco no estômago.
Suas palavras soam como um golpe.
Cada sílaba parece carregada com uma intenção maliciosa, e a provocação se reflete claramente no meu rosto.
Tento esconder o impacto dessas palavras, mas sinto uma onda de raiva e frustração crescendo dentro de mim.
Nesse momento, Elizabeth aparece da cozinha e avança para a entrada, seus olhos se arregalando ao ver David ali.
Ele se vira, com um olhar triunfante e eu sinto uma tensão crescente, cada músculo em meu corpo rígido.
— Liz, querida. Eu só quero conversar. Explicar algumas coisas.
Eu não consigo conter minha frustração e falo com um tom cortante:
— Ah, claro. E você irá explicar tudo para ela.
Elizabeth olha de mim para David, seu semblante uma mistura de confusão e apreensão.
Ela não deveria ter que escolher entre mim e ele... Não deveria ter essa dúvida.
David, ignorando meu tom, continua:
— Vamos para casa, querida.
A raiva e a impotência se misturam enquanto observo o cenário se desenrolar.
Eu não mereço ouvir essa merda!
— Diga para o seu namoradinho sair da minha casa — ordeno, minha voz carregada de desdém.
A raiva dentro de mim é quase insuportável.
Dou um passo à frente para tirá-lo nem que seja na força, mas o sorriso debochado de David me faz perceber que ele quer exatamente isso: que eu perca a cabeça, para que Elizabeth desconfie ainda mais de mim.
Engulo em seco, tentando manter a compostura e evitar dar a ele a satisfação de me ver perder o controle.
Elizabeth, agora visivelmente desconfortável, se dirige a David:
— O que está acontecendo entre vocês?
David estende a mão para ela, seu tom agora é quase suave:
— Eu vou te contar tudo, Liz. Só precisamos de um pouco de tempo.
E eu vejo ela hesitar ao dar um passo na direção dele.
Eu achei que meu coração não poderia se quebrar ainda mais, mas eu estava enganado.
Eu chamo seu nome, a voz tremendo com a urgência e o desespero que sinto:
— Elizabeth?
Mas quando ela me olha, eu vejo a sua resposta bem ali. E eu sou capaz de ouvir o barulho dos cacos restantes que eu tinha no meu coração se partindo de vez.
Quando Elizabeth aceita a mão de David e diz com um tom de resignação:
— Eu sei, bruxinho. Eu vou com você.
Meu coração parece parar por um instante.
Sinto uma dor aguda no peito enquanto assisto a cena, o peso da rejeição me esmagando.
Cada passo dela em direção à saída me faz sentir uma dor insuportável.
Quando a porta se fecha atrás deles, eu caio de joelhos, a sensação de abandono esmagadora.
Bruxinho, o som ecoa em minha mente como um pesadelo.
Sento-me no chão, minhas pernas tremem e minha respiração se torna irregular.
A crise de pânico que me domina é a mesma que vivi na última noite com Elizabeth, a noite em que ela se foi.
O mundo parece girar ao meu redor enquanto sinto o peso da solidão e da perda.
Mas, as palavras de David ecoam na minha mente: "Você não conhece ele".
As palavras se repetem, em um mantra doloroso. O que aconteceu com você meu, girassol?
❤️ Por você, Amor ❤️
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Por você, Amor.
RomanceQuando Elizabeth Wash decide passar o verão na casa de praia de seus avós, ela não esperava encontrar um vizinho enigmático que despertaria sentimentos tão intensos. Dylan Bolat, com seus olhos penetrantes e comportamento frio, parece odiá-la desde...