Capítulo 17

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Dylan Bolat
Hoje

O cheiro adocicado do seu perfume ainda está no ar, e o calor do seu corpo ainda parece pairar perto de mim.

Eu me afasto, tentando recuperar o equilíbrio, e pego um copo de água para mim e um suco de morango para ela.

O detalhe do suco não me passou despercebido — era o favorito dela, algo que eu me lembrava sempre que eu ia ao mercado.

Quando ela pega o copo e dá o primeiro gole, eu me perco observando seus lábios se fechando ao redor da borda. E sem pensar, murmuro:

— Eu sei...

A resposta cai como uma pedra no silêncio da cozinha.

Elizabeth engasga, e eu reajo imediatamente, correndo até ela, tirando o copo de suas mãos e batendo suavemente em suas costas.

Meu coração bate forte, a proximidade entre nós é agoniante, e eu sinto o calor da sua respiração misturada com a minha.

Ela se recompõe, e o momento se estende, com nossos olhares se cruzando intensamente.

Sem pensar, novamente, deslizo uma mecha do seu cabelo, que se soltou atrás da orelha, a voz rouca escapando:

— Está melhor?

Antes que ela possa responder, a campainha toca.

O som quebra a tensão entre nós, e eu me afasto abruptamente, sentindo uma estranha mistura de desespero e alívio.

Caminho até a porta, minha mente girando com pensamentos caóticos.

Ao abrir a porta, vejo David, seu olhar desdenhoso e postura desafiadora.

Sem esperar um convite, ele entra na casa, deixando a porta aberta.

Sinto uma onda de raiva subir, mas tento controlar minhas emoções.

David sempre foi um problema.

Desde a infância, quando eram rivais em praticamente tudo.

David era o garoto que sempre tentava provar que era melhor, que merecia mais. A rixa entre nós começou na escola, onde competiam em esportes, notas e até em amizades. Eu me lembrava de como David adorava exibir suas conquistas, sempre com um sorriso arrogante.

— Onde ela está? — David pergunta, e sua voz tem um tom possessivo que me incomoda profundamente.

— Ela quem? — pergunto, tentando esconder minha frustração.

— Onde está Elizabeth? — ele repete, com um ar de desdém.

— O que você quer com ela? — meu tom é ríspido, tentando disfarçar a preocupação que começa a me consumir.

David dá um passo à frente, ignorando a minha pergunta.

— Isso é entre mim e Elizabeth. Você não tem nada a ver com isso.

Estreito os meus olhos nele, a desconfiança crescendo.

— Tenho tudo a ver com isso. Ela veio até aqui porque está confusa, porque quer respostas.

David riu, mas havia pouco humor em seu riso.

— Você sempre teve essa necessidade de ser o herói, não é, Dylan? Sempre se metendo onde não é chamado.

Sinto o calor da raiva subir pelo novamente pelo meu corpo.

— Não é sobre ser herói. É sobre a verdade. E eu sei que você não é o que parece ser. Agora, o que você quer aqui?

David ergue uma sobrancelha, a arrogância voltando a aparecer e responde com um sorriso frio:

— Não posso procurar a minha mulher?

A palavra "mulher" ressoa em mim como um soco no estômago.

Suas palavras soam como um golpe.

Cada sílaba parece carregada com uma intenção maliciosa, e a provocação se reflete claramente no meu rosto.

Tento esconder o impacto dessas palavras, mas sinto uma onda de raiva e frustração crescendo dentro de mim.

Nesse momento, Elizabeth aparece da cozinha e avança para a entrada, seus olhos se arregalando ao ver David ali.

Ele se vira, com um olhar triunfante e eu sinto uma tensão crescente, cada músculo em meu corpo rígido.

— Liz, querida. Eu só quero conversar. Explicar algumas coisas.

Eu não consigo conter minha frustração e falo com um tom cortante:

— Ah, claro. E você irá explicar tudo para ela.

Elizabeth olha de mim para David, seu semblante uma mistura de confusão e apreensão.

Ela não deveria ter que escolher entre mim e ele... Não deveria ter essa dúvida.

David, ignorando meu tom, continua:

— Vamos para casa, querida.

A raiva e a impotência se misturam enquanto observo o cenário se desenrolar.

Eu não mereço ouvir essa merda!

— Diga para o seu namoradinho sair da minha casa — ordeno, minha voz carregada de desdém.

A raiva dentro de mim é quase insuportável.

Dou um passo à frente para tirá-lo nem que seja na força, mas o sorriso debochado de David me faz perceber que ele quer exatamente isso: que eu perca a cabeça, para que Elizabeth desconfie ainda mais de mim.

Engulo em seco, tentando manter a compostura e evitar dar a ele a satisfação de me ver perder o controle.

Elizabeth, agora visivelmente desconfortável, se dirige a David:

— O que está acontecendo entre vocês?

David estende a mão para ela, seu tom agora é quase suave:

— Eu vou te contar tudo, Liz. Só precisamos de um pouco de tempo.

E eu vejo ela hesitar ao dar um passo na direção dele.

Eu achei que meu coração não poderia se quebrar ainda mais, mas eu estava enganado.

Eu chamo seu nome, a voz tremendo com a urgência e o desespero que sinto:

— Elizabeth?

Mas quando ela me olha, eu vejo a sua resposta bem ali. E eu sou capaz de ouvir o barulho dos cacos restantes que eu tinha no meu coração se partindo de vez.

Quando Elizabeth aceita a mão de David e diz com um tom de resignação:

— Eu sei, bruxinho. Eu vou com você.

Meu coração parece parar por um instante.

Sinto uma dor aguda no peito enquanto assisto a cena, o peso da rejeição me esmagando.

Cada passo dela em direção à saída me faz sentir uma dor insuportável.

Quando a porta se fecha atrás deles, eu caio de joelhos, a sensação de abandono esmagadora.

Bruxinho, o som ecoa em minha mente como um pesadelo.

Sento-me no chão, minhas pernas tremem e minha respiração se torna irregular.

A crise de pânico que me domina é a mesma que vivi na última noite com Elizabeth, a noite em que ela se foi.

O mundo parece girar ao meu redor enquanto sinto o peso da solidão e da perda.

Mas, as palavras de David ecoam na minha mente: "Você não conhece ele".

As palavras se repetem, em um mantra doloroso. O que aconteceu com você meu, girassol?

❤️ Por você, Amor ❤️

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⏰ Última atualização: Jul 30 ⏰

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