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Era início da tarde quando Jimin finalmente entrou na sala de estar da sua luxuosa mansão em Cheongdam-dong.

Embora fosse uma guerreira, tinha os gostos de uma aristocrata, o que, por sinal, fazia sentido. Vindo de uma família de líderes era natural que apreciasse o bem viver. Sua mansão era bem cuidada, repleta de antiguidades e obras de arte. E também era tão segura como a caixa-forte de um banco.

– Que agradável surpresa, minha lider.

Kim Seonwoo, seu assistente, veio do vestíbulo e fez uma profunda reverência. Como de hábito, ele trajava roupas pretas. Estava com Jimin ha muitos anos, o que significava que tinha sua total confiança.

– Ficará em casa muito tempo?

Jimin balançou a cabeça. Não se pudesse evitar.

– Uma hora, no máximo.

– Seu quarto está preparado. Se precisar de mim, senhora, estou às ordens.

Sunoo se inclinou de novo e saiu da sala, fechando a porta atrás de si.

Jimin se dirigiu para a grandiosa escadaria que dava acesso ao piso superior. Enquanto subia, olhou para a tela de mais de dois metros de altura em uma das paredes, uma releitura do que seria o paraíso, segundo o que os humanos acreditavam. Ao final dos degraus havia um longo corredor que conduzia aos suntuosos aposentos.

Quando entrou no seu, foi até a varanda e puxou as pesadas cortinas. O discreto brilho dourado do sol sob as nuvens mal iluminava o recinto. Não que isso ou a venda em seus olhos atrapalhasse qualquer percepção que ela tivesse do cômodo. Em um canto, destacava-se uma enorme cama com lençóis de cetim negro e uma pilha de travesseiros. No lado oposto, um sofá de couro, uma TV e uma porta que levava a um banheiro em mármore negro. Também havia um closet cheio de armas e roupas.

Jimin percebeu a presença de Wonyoung antes que ela adentrasse o aposento. O cheiro do mar, uma brisa fresca, a precediam.

Devo terminar com isso de uma vez, pensou. Estava ansiosa para retornar às ruas.

Tivera apenas um gostinho de luta na noite anterior e agora queria esbaldar-se.

Virou-se.

Enquanto Wonyoung fazia-lhe uma mesura com seu delicado corpo, sentiu um misto de devoção e inquietação emanando dela.

– Minha lider – disse ela.

Jimin observou que estava usando uma levíssima roupa de chiffon branco, e seu longo cabelo castanho escuro se derramava em cascata pelos ombros e costas. Sabia que se vestira para agradá-la, e desejou no mais íntimo de seu ser que não tivesse se esforçado tanto.

Tirou a jaqueta de couro e o coldre peitoral onde levava suas adagas.

Maldizia a própria sorte. Por que ela continuava insistindo naquilo? Tão... frustante.

Mas, pensando bem, considerando a posição que exercia entre os seus semelhantes, talvez ansiassem para que escolhesse uma companheira a altura.

Jimin respirou fundo, sentindo-se cansada.

Se soubessem que nada daquilo a interessava.

Wonyoung deslocou-se nervosamente.

– Lamento incomodá-la, mas imaginei que gostaria de companhia essa noite.

Jimin se dirigiu ao banheiro.

– Não pretendo permanecer aqui por muito tempo.

Abriu a torneira e enrolou as mangas de sua camisa negra. Em meio ao vapor que subia da pia, lavou a sujeira e a morte de suas mãos. Esfregou o sabonete pelos braços, cobrindo de espuma as tatuagens rituais que adornavam a parte externa de seus antebraços. Enxaguou-se, secou-se e retornou para o quarto. Encarou a lupina a sua frente, rangendo os dentes.

Moonless Night - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora