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Em uma moderna galeria em Hongdae, Aeri considerava com bastante atenção as obras de arte que haviam sido expostas naquela mostra. Ela reparou inclusive na sala de exposição que tinha o interior pintado com um azul vivo, de modo que as ilustrações a bico de pena tivessem mais destaque. Ficou satisfeita ao constatar que as obras tinham sido enquadradas em vitrines, o que as manteria protegidas.

Examinou a sala de uma parede a outra e do chão ao teto, reparando em todas e quaisquer medidas de segurança. Não era do seu feitio comparecer à eventos como aquele, mas abrira uma exceção por um motivo que julgava mais do que valioso. Sendo assim era válido se manter alerta caso seus inimigos estivessem à espreita.

Embora duvidasse que eles fossem a atacar no meio de todos aqueles civis humanos.

Observou uma mulher de longos cabelos escuros se postar diante de um dos mais belos trabalhos expostos ali: uma imagem de um casal sob uma esfera de Mercúrio. A mulher trajava vestes esvoaçantes e apontava para cima, e o homem acompanhava o gesto com os olhos.

Com passos decididos, Aeri se aproximou.

Quando chegou a uma distância da qual podia tocar a vitrine, a mulher se afastou para o lado, cedendo-lhe passagem. Ela usava uma calça de alfaitaria e uma camisa de seda, e o tecido da roupa parecia cair sob sua pele como uma leve caricia. Com certeza havia chamado a sua atenção.

Aeri a encarou com intensidade, absorvendo cada detalhe de seu corpo.

Como se houvesse sentido os olhos dela sobre si, a mulher a encarou. E então sorriu.

– Boa noite – disse ela, estendendo a mão para um cumprimento formal.

Aeri brincou com a ideia de continuarem com aquele joguinho.

– Boa noite – respondeu, deslizando a palma pelo pulso da mulher para segurar sua mão.

Ela observou a trajetória da mão da lupina e se permitiu um sorriso cúmplice.

– Uma noite e tanto. – Fez um gesto magnânimo para indicar o lugar em que estavam.

– De fato – concordou Aeri, puxando-a pela mão em direção ao seu corpo e a envolvendo com os braços. – Ainda não acredito que me convenceu a vir nesse evento.

– Bom, são raros os momentos em que não está à serviço da Irmandade – disse ela repousando as mãos em seus ombros. – Que sorte a minha que tenha aceitado, e não decidido aproveitar a noite de outra forma.

Enquanto a abraçava, Aeri inspirou discretamente o seu aroma suave e agradável. Mesmo depois de todos aqueles anos, Ning Yizhuo, sua companheira, ainda despertava todos os seus sentidos.

Era evidente que tinha um instinto protetor, mas aquilo parecia aflorar sempre que estavam juntas. Tanto o travo de seu sangue quanto sua linguagem corporal deixavam claro que daria a vida pela mulher em seus braços.

A ideia por si só já a fazia se sentir possessiva.

– Na verdade, eu sou a verdadeira sortuda aqui. – Disse Aeri, deslizando alguns fios de cabelo do rosto dela. – Por ter uma companheira como você na minha vida.

Ningning sorriu antes de voltar a olhar para a vitrine.

– É muito bonita... – ela constatou, fascinada.

Aeri riu, mantendo o braço em sua cintura, a mão estrategicamente acariciando sua pele por baixo do tecido. Ela não pareceu se incomodar

– Óleo sobre painel de madeira – disse ela. – Setenta e sete por cinquenta e três centímetros. Ela ficaria ótima na nossa sala de jantar, embora eu não entenda muito desse ramo.

Moonless Night - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora