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Olhando para o prato a sua frente, Minjeong respirou fundo, desejando ter mais autocontrole.

Não desejara aquele destino. Não o procurara. Teria o entregado a qualquer outra pessoa que, no decorrer dos anos, a invejara: desde o seu nascimento, ela tivera sua história traçada – e por conta disso, ela fora afastada dos outros. Educada num confinamento solitário, não conheceu o amor de uma mãe ou a proteção de um pai – ficara à deriva num mar de estranhos suplicantes, levando a vida de forma automática e não como um ser vivo.

E agora, no evento culminante, era como se sentisse que já não existia outro lugar ao qual pertencer...

– No fundo você não gosta disso, não é? – Disse Jimin, em voz baixa.

– De quê?

– Da ideia de que eu não me importe que vá embora.

Ela riu amargamente, desprezando a si mesma, a lupina, a toda aquela situação.

– E você gosta de esfregar isso na minha cara?

– Não – fez uma pausa –, a ideia de que vá embora e eventualmente acabe conhecendo outra pessoa me deixa louca.

Minjeong a encarou.

Então, por que não fica comigo?,  pensou ela.

Jimin balançou a cabeça.

– Mas não posso pensar dessa maneira.

– Por que não?

– Porque você não pode ser minha. Não importa o que tenha dito antes.

Sunoo entrou, recolheu os pratos e serviu a sobremesa: morangos inteiros, servidos em pratos de bordas douradas e um pouco de calda de chocolate ao lado para mergulhá- los e um biscoito fino.

Normalmente, Minjeong teria devorado aquela deliciosa combinação em poucos segundos, mas estava muito abalada para comer.

– Você não gosta de morangos? – Perguntou Jimin, enquanto levava um à boca.

Ela deu de ombros, obrigando-se a desviar os olhos dela.

– Gosto.

– Tome – pegou um morango de seu prato e se inclinou para ela – Deixe-me lhe dar um na boca.

Seus dedos sustentaram o pedúnculo com firmeza, o braço estendido no ar. Minjeong desejava aceitar o que ela oferecia.

– Posso comer sozinha.

– Eu sei – disse ela, com doçura –, mas não é essa a questão.

Ora, cresça, disse a si mesma. Eram adultas, e nunca se sentira daquele jeito com outra mulher antes. Realmente deveria se afastar só porque iria perdê-la?

Além disso, mesmo se ela lhe prometesse um futuro cor de rosa, uma mulher como Jimin não passaria muito tempo consigo. Era uma lutadora que andava com um bando de pessoas como ela. Os assuntos domésticos seriam para ela uma tremenda chatice.

Tinha a chance de estar com ela agora. E queria aproveitar isso agora.

Minjeong se inclinou para frente na cadeira, abriu a boca, colocando os lábios ao redor do morango e o tomou inteiro. Jimin observou atentamente enquanto ela mordia. E quando um pouco do doce sumo escapou e escorreu para seu queixo, a lupina respirou fundo.

– Deixe-me limpar isso – murmurou baixinho. Esticou-se para frente, e segurou-lhe o queixo. Ergueu seu guardanapo.

Minjeong colocou a mão sobre a dela.

– Use sua boca.

Um som grave, saído do fundo de seu peito, se fez presente.

Jimin se curvou na direção dela e inclinou sua cabeça. A meio-sangue vislumbrou quando os lábios dela se abriam para a língua passar. Ela lambeu o sumo escorrido e se afastou.

Moonless Night - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora