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Enquanto atravessava a casa noturna, Jimin considerava a ideia de cometer assassinato.

Uma multidão formada pela elite humana da cidade se agitava à sua volta, homens e mulheres vestindo roupas caras, se atropelando para sair de seu caminho enquanto uma música insuportável reverberava pelo lugar. Seus poros transpiravam medo e curiosidade, que tinha tanto de morbidez quanto de excitação sexual. Ela aspirou aquele odor desagradável.

Insignificantes. Todos eles.

Apesar da venda escura, seus olhos tinham a percepção de tudo a sua volta. Sua visão era de longe o seu sentido mais aguçado. Ela podia distinguir tudo isoladamente: as pessoas se afastando, as palavras sussurradas. Sua postura e seus movimentos eram fortes e decididos em função do poder que irradiava.

Era a predadora, não a presa, portanto tinha pouco a temer. Naquele ambiente, por exemplo, não tinha nada a recear exceto a exposição.

Percebeu a presença de Baekhyun claramente porque ele era o único naquele lugar que não emanava pânico.

Embora mesmo o guerreiro estivesse nervoso aquela noite.

Jimin parou em frente ao outro caído. Deu um breve meneio de cabeça para ele, mas evitou cumprimentá-lo verbalmente. Na verdade, a sua raiva também incluía Baekhyun, pois ele tinha a obrigado a ir aquele lugar.

– Aonde Aeri foi? – Perguntou ela, ao sentir a presença da sua companheira.

– Foi dar uma volta. Obrigado por vir.

Jimin sentou-se. Olhou fixamente para frente e observou a multidão ocupando aos poucos o espaço que ela havia aberto. Em pé junto ao bar, uma lupina conversava com seu parceiro. Ela usava um vestido vermelho, e a cor da roupa assemelhava-se a uma bandeira escarlate diante de um touro. Com certeza havia chamado a sua atenção.

Jimin a encarou com intensidade, absorvendo cada detalhe de seu corpo.

Como se houvesse sentido os olhos dela sobre si, a mulher a encarou. E desviou o rosto depressa.

Jimin continuou com o olhar fixo na direção da mulher. Então algo chamou sua atenção. Sem qualquer motivo aparente, a jovem enrubesceu e olhou para o parceiro com uma expressão de desejo e amor. Naquele instante, ela se lembrou de outra pessoa, uma mulher que olhava para ela com o mesmo rubor e o coração cheio de desejo.

A lembrança se agitou dentro dela feito uma cobra.

– Minha lider... – disse Baekhyun, chamando sua atenção.

Jimin o encarou, mas ele nada disse. Baekhyun era objetivo e sabia que ela não suportava perder tempo. O silêncio era sinal de algo sério no ar.

– Se quer algo de mim, não comece desse jeito – disse Jimin com voz indiferente.

– É, tem razão. Você e eu nos conhecemos há muito tempo.

– Exatamente.

– Lutamos juntos muitas vezes, eliminamos muitos esquadrões de inquisidores.

Jimin concordou. A Irmandade vinha protegendo a raça contra a Sociedade Inquisidora há gerações. Era formada por Baekhyun, Aeri e outros quatro. Estavam em franca desvantagem numérica em relação aos Inquisidores, humanos sem alma treinados para caça-los. Mas Jimin e seus guerreiros conseguiam proteger o seu clã.

Baekhyun pigarreou.

– Depois de todo esse tempo...

– Baekhyun, vá direto ao ponto. Tenho uma reunião marcada para esta noite. – Jimin cruzou os braços sobre o peito, empurrando a mesa com a bota para obter um pouco mais de espaço. – Agora, fale.

Moonless Night - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora