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O vento tinha diminuído quando Wonyoung saiu no sol calido do lado de fora de um agradável café na zona marítima de Seul. Iates com velas brancas passavam devagar pela água e ela respirou fundo, observando as ilhas, as árvores e a água.

Wonyoung sorriu enquanto caminhava pelo calçadão. Embora fosse esparsa, a paisagem era linda e elegantemente minimalista.

Um casal animado passou por ela, estavam satisfeitos, de mãos dadas, perdidos no seu próprio mundinho particular.

Isso deve ser maravilhoso, pensou.

A verdade é que ela tinha ido aquele lugar para relaxar, pois não se sentia confiante.

Estando tão próxima de Jimin àquela noite, pôde sentir sua dor e, por sua intensidade, sabia com certeza que a morte de Baekhyun a tinha afetado.

Se tivessem uma relação normal, não haveria dúvida: correria para ela para tentar aliviar seu sofrimento. Falaria com ela e a abraçaria, choraria a seu lado. A acalentaria com o calor do próprio corpo.

Porque era isso que as companheiras faziam por seus parceiros. E o que também recebiam deles. Consultou o relógio em seu pulso.

Ainda era cedo, ela provavelmente estaria em casa. Se quisesse vê-la, teria de fazê-lo já.

Wonyoung hesitou, estava se iludindo. Não seria bem-vinda. Desejou que fosse mais fácil apoiá-la, desejou saber o que ela precisava que pudesse lhe dar. Certa vez, há muito tempo, havia falado com Yizhuo, a companheira de Aeri, na esperança de que ela pudesse lhe dar algum conselho sobre o que fazer. Como se comportar. Como conseguir que Jimin a considerasse digna dela.

Afinal de contas, Yizhuo tinha o que Wonyoung queria: uma verdadeira companheira. Alguém que retornava para casa por ela; que ria, chorava e compartilhava sua vida e que a abraçava.

Alguém que permanecia ao seu lado durante as torturantes e, felizmente, raras ocasiões em que entrava no seu cio; que aliviava com seu corpo sua intensa ânsia pelo tempo que durasse o período de necessidade.

Jimin fazia isso por ela – ou com ela. Mas jamais permitira qualquer tipo de ligação emocional entre elas. Nesse estado de coisas, Wonyoung tinha aceitado a única coisa que ela podia lhe oferecer. Semelhante prática a envergonhava.

Tinha esperado que Yizhuo pudesse ajudá-la, mas a conversa fora um desastre. Os olhares de compaixão da outra lupina e suas respostas cuidadosamente meditadas tinham desgastado as duas, acentuando tudo o que Wonyoung não possuía.

Fechou os olhos, sentindo novamente a dor de Jimin.

Tinha de tentar se aproximar dela, porque talvez isso mudasse as coisas. E que outro sentido havia em sua vida a não ser servi-la?

\[...]

Tinha parado de chover, mas o asfalto ainda estava úmido. Minjeong respirou fundo e voltou para a cozinha onde deixara as chaves do apartamento sobre o balcão. Precisaria sair dentro de alguns minutos se não quisesse ouvir uma reclamação do seu editor-chefe logo no primeiro horário do dia.

Seu almoço com Sunghoon na tarde anterior havia sido surpreendentemente fácil. Ele havia lhe passado alguns detalhes sobre uma Magnum modificada que encontraram no beco e por mais improvável que pudesse ser aquela informação lhe seria útil no trabalho. A pistola não parecia oferecer muito, mas eram a única coisa que tinham nesse quesito.

Quanto ao sujeito encontrado morto, ela não tinha necessidade de saber os detalhes sobre o caso, ainda que estivesse curiosa sobre o fato. Além disso aquela região da cidade era um lugar ideal para os criminosos, muito exclusivistas em relação aos seus territórios.

Moonless Night - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora