Capítulo 12

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  Yoongi

Estou sendo torturado pela minha própria mente desde o momento em que mandei a psicóloga embora da minha casa, e, quando o motivo não é ela, são todas as outras coisas que não consigo deixar pra lá. E, para o meu azar, são muitas dessas coisas.

Mais uma vez, dormi à base de álcool e acordei me sentindo um lixo, como já virou rotina acontecer. Tento levantar da cama, mas minha cabeça dói só de pensar em fazer isso. Deito novamente, querendo voltar a dormir, e é nesse momento que meu celular toca. Atendo ainda um pouco grogue de sono.

- Alô? Quem fala?

A pessoa do outro lado da linha responde:

- Olá, senhor Min Yoongi, aqui é o diretor da Clínica Psiquiátrica de Gangnam, tudo bem?

- Tudo sim, o que deseja? - respondo, querendo saber logo do que se trata.

- Fui informado sobre o ocorrido de ontem e gostaria de saber o que aconteceu. Não gostou da doutora Liz? Quer seguir suas consultas com outro especialista? Se quiser, podemos lhe indicar outra pessoa.

- Não quero seguir tratamento com outro. Ontem não estava no meu melhor dia e acabei sendo rude com a senhorita Liz. Gostaria de continuar com ela, se for possível - falo rapidamente, parecendo irritado.

O diretor parece pensar um pouco antes de me responder.

- Fico feliz em saber que gostou da doutora Liz, ela é uma ótima profissional. Mas, para continuar atendendo o senhor, ela impôs uma condição - ele faz uma pausa, como se esperando minha pergunta.

- E qual seria? - Falo já ficando impaciente.

- Ela quer que o senhor a deixe terminar pelo menos uma sessão sem sair, como fez ontem. Ela se sentiu muito constrangida.

Penso em como deve ter sido para ela ser expulsa sem ao menos ter a chance de concluir sua consulta e respondo ao diretor:

- Ok, eu aceito a condição dela.

- Maravilha! - ele parece animado. - Vou informá-la sobre sua decisão. Obrigado pela atenção, senhor Min.

Digo que não foi nada e desligo.

Acho que, pelo menos uma das coisas que está me atormentando, eu vou conseguir resolver no final das contas. Após a conversa, decido ir logo para a empresa para mais algumas reuniões intermináveis e reclamações sobre meus atrasos. Continuo ignorando tudo e todos a respeito disso.

Depois de um tempo que parece uma eternidade, me reúno com o grupo para ensaiar uma dança que o Hobi criou e queria treinar conosco. Não passa muito tempo e já estou morto de cansaço, estirado no chão da sala de ensaio. De repente, vejo Namjoon se aproximando e me estendendo a mão. Aceito e levanto, me sentindo um pouco tonto pelos resquícios do álcool que ainda restam em meu corpo.

- Tá tudo bem, hyung? - ele pergunta, parecendo preocupado.

- Tô bem sim. Só estou um pouco cansado, não ando dormido muito bem esses dias.

- É pelos atrasos nas músicas? Sabe que pode contar com a gente, se precisar de ajuda. Porque, apesar de tudo, antes de sermos um grupo, somos uma família - Namjoon fala, me dando um sorriso com as covinhas aparecendo.

- Obrigado, Namjonie. Vamos voltar para o ensaio, o Jungkookie tá quase colocando a sala abaixo se não gastar a energia acumulada - olho para o nosso maknae e rio.

Terminamos nossos ensaios e passamos pelas staff para verificar nossas agendas. Vejo com Na-yeon que tenho um comercial para gravar em um estúdio que fica a uns 20 minutos da Hybe. Saio da sala e vou em direção ao estacionamento. Entro no carro e meu assessor segue até o local do comercial.

Fico por mais ou menos 2 horas gravando as cenas que vão no comercial. Faço alguns intervalos para retocar a maquiagem e me hidratar. No último intervalo, depois de retocar o cabelo, Na-yeon chega com um envelope.

- Senhor Min, consegui as informações que me pediu antes. - ela me entrega o envelope.

Abro o envelope e vejo que tem o número de Liz, assim como suas informações. Vejo que consta como solteira em sua ficha e deixo um sorriso escapar sem querer depois de ler isso, mas logo fecho a cara para não demonstrar interesse demais no assunto.

- Obrigado, Na-yeon. Tudo pronto com o cabelo? Quero terminar logo esse comercial e ir para casa.

Ela diz que sim e volto para gravação. Termino bem na hora do Rush, que é a pior hora para se estar no trânsito da Coreia. Mas estou exausto e quero muito chegar em casa logo.

Enquanto estou no carro, mando uma mensagem para a Doutora Liz e aguardo sua resposta. Alguns minutos depois, ela me responde perguntando se o diretor me informou sobre sua condição. Eu digo que sim, pergunto que dia podemos marcar uma consulta e, enquanto espero a resposta, vejo algo que ativa um dos meus gatilhos mais antigos.

Um motoboy é atingido por um carro bem na minha frente e acaba caindo no chão. Não consigo respirar direito e tudo começa a vir em minha mente: todo o sofrimento que passei e todas as dores que senti por anos. Minhas mãos começam a tremer muito, minha visão fica um pouco embaçada, mas consigo ver que Liz me respondeu perguntando se não poderia ser amanhã, porque já havia encerrado seu expediente. Não penso duas vezes antes de mandar uma mensagem dizendo que precisava dela nesse momento, pois sei que isso não vai passar com tanta facilidade e preciso de ajuda agora.

Mando meu assessor acelerar e me levar logo para casa. Ele vê que não estou bem e acelera o carro. Chego em casa ainda bem abalado e vou para o meu quarto enquanto espero pela senhorita Liz.

Não demora muito para que ela chegue. A ouço tocando a campainha e meu assessor, que ainda não foi embora, atende. Ele deve ter ficado preocupado e achou melhor não me deixar sozinho nesse momento. Vejo uma sombra se aproximando do meu quarto quando finalmente a vejo bem na porta.

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