Capítulo 13

88 9 0
                                        

Chego na casa de Yoongi poucos minutos depois da mensagem que enviei e sou atendida novamente pelo seu assessor, que me encaminha até o quarto dele. O que me parece estranho, já que da última vez ele me recebeu em uma sala que parecia ser usada para reuniões. Dessa vez, estou indo para o espaço mais íntimo de uma pessoa, e isso me faz perceber que algo sério aconteceu com ele. Vou devagar pelo corredor, tentando me acalmar, porque não estava preparada para vê-lo assim tão rápido. Quando chego à porta, vejo o quão pálido ele está em sua cama. Coloco a cabeça para dentro do quarto e pergunto:

- Olá, senhor Min, posso entrar?

Ele me encara por um momento, como fez da última vez, e parece colocar algo na balança mentalmente. Diferente da outra vez, não demora a me responder.

- Hmm, pode sim. Não gosto de pessoas no meu quarto, mas não estou nada bem e me sinto fraco para levantar daqui e ir a outro lugar. - Ele fala com uma sinceridade brutal, e fico surpresa com isso. Mesmo receosa, entro.

- O que houve com o senhor? Se me permite perguntar dessa vez... - Assim que a frase sai da minha boca, me arrependo do tom que usei.

Ele ergue uma sobrancelha e me observa, tentando ler meu rosto.

- Sei que fui um babaca ontem e quero me desculpar, mas isso vai ter que esperar um pouco. Tô passando por uma crise aqui no momento. Sente-se, por favor. - Sua respiração ainda está acelerada.

Não devia ter agido assim com uma pessoa em crise, mas ele me irritou tanto ontem que não consegui me controlar. Me sento em uma poltrona perto de sua cama, tentando me concentrar para iniciar a sessão.

- Peço desculpas pelo jeito que falei a pouco, não devia agir assim com um paciente. O que o fez despertar essa crise, senhor Min?

- Como deve ter percebido, não gosto de falar dos meus sentimentos de jeito nenhum. Porém, sinto que, se não falar com alguém, vou entrar em colapso. - Ele começa a ficar ofegante novamente, e seus batimentos se aceleram.

Percebo que sua crise está querendo atingir o pico novamente. Ele se distraiu com minha chegada, mas agora está voltando a se agitar. Penso rápido e lhe digo que ele precisa respirar fundo para acalmar os batimentos, enquanto pego a água que está em seu criado-mudo. Ele toma um gole e, surpreendentemente, começa a desabafar. Nunca imaginei que veria isso acontecer.

- Tive meu gatilho ativado hoje. Vi um motoboy ser atingido por um carro, assim como eu fui há alguns anos, e isso me fez ter lembranças que eu queria muito esquecer. As dores que senti, os dias no hospital, meus pais preocupados, o sofrimento até conseguir fazer a cirurgia... Tudo veio de uma vez. Eu não suportei e acabei desabando. Agora, todo o resto que tenho vivido também resolveu me atingir. - Ele diz, com a voz embargada, tentando se segurar para não derramar lágrimas.

- Senhor Min, o senhor sabe por que isso aconteceu?

Pergunto, na intenção de fazê-lo lembrar de uma música específica que ele compôs há um tempo. Ele me olha confuso, pensando por um momento antes de responder.

- Meu gatilho foi ativado pela minha amígdala cerebral. Ela é responsável pela ativação do medo em situações traumáticas.

- Exato. Creio que o senhor tenha uma música sobre isso, certo?

- Sim. Ela foi uma música muito difícil de escrever, por me fazer relembrar todos esses traumas.

- Eu imagino... E como o senhor lidou com isso enquanto escrevia? - Pergunto, curiosa.

- Eu estava gravando o "In the Soop" na época, então tive o apoio dos membros. Eles passaram por todas as oscilações de humor comigo e me mantinham distraído quando não estava escrevendo a música. Porque nela, falo sobre todos os momentos mais traumáticos para mim, como, por exemplo, meu acidente, a operação que minha mãe teve que fazer no coração e o câncer do meu pai. Lembro de dizer um dia a Jimin que essa era uma música muito importante para mim. Eu lhe expliquei o que ela significava e mostrei a melodia também. Eles foram essenciais naquele momento para me ajudar a enfrentar tudo.

Amygdala Onde histórias criam vida. Descubra agora