Amygdala

Capítulo 56

No dia seguinte, acordamos, nos arrumamos e saímos, cada um em um carro e em horários diferentes, como planejamos. Mando uma mensagem para Yoongi assim que entro na clínica, dizendo que cheguei bem e perguntando se está tudo bem com ele. A resposta que recebo já era esperada: está um caos completo na sede da Hybe, e tudo por minha culpa.

Eu temia que esse dia chegaria, mas não imaginei que seria tão odiada como estou sendo agora. Pessoas que não me conhecem e nunca conversaram comigo estão me xingando de várias coisas; estou recebendo ameaças e tudo mais. Yoongi está sendo massacrado de várias formas e cobrado para dar um posicionamento sobre isso, e a única coisa que ele fez foi tentar viver sua vida. Fico indignada com essa atitude tóxica das pessoas. Se fosse com elas, será que agiriam do mesmo jeito? Tenho certeza de que não.

Fico na minha sala lendo os milhares de comentários de ódio destinados a mim enquanto espero pelos meus pacientes frequentes. O tempo passa e nenhum deles aparece. Acho estranho isso e ligo para a recepção para saber o que houve.

- Oi, aqui é a doutora Liz. Nenhum dos meus pacientes do dia chegou ainda. Aconteceu alguma coisa?

Do outro lado da linha, a recepcionista responde:

- Olá, doutora Liz. Sinto em informar que todos eles cancelaram...

Fico perplexa com a notícia e pergunto o motivo.

- E algum deles disse por que cancelou?

- Todos ficaram preocupados com a repercussão do seu caso na internet. Eles acharam melhor não serem associados à senhorita por enquanto.

Meu choque aumenta com essa resposta, mas respondo de forma normal.

- Entendo. Me avise se algum deles entrar em contato, por favor.

- Certo. Posso ajudar em mais alguma coisa, doutora?

- Não, somente isso. Muito obrigada.

- Por nada.

A recepcionista desliga, e eu bato a cabeça na mesa de frustração.

- Que ódio disso tudo! Por que as pessoas têm que ser assim?! - digo para mim mesma.

Fico com a cabeça deitada na mesa até que recebo uma ligação e vejo que é da diretoria. Sinto um arrepio na espinha antes de atender.

- Olá, senhor diretor.

- Olá, senhorita Liz. Pode vir até minha sala, por favor? Tenho algo a dizer.

- Claro, estou indo agora, senhor diretor.

- Estou te aguardando.

Desligo o telefone, e meu corpo todo entra em alerta. Sinto que algo vai acontecer, e não será coisa boa. Vou até a sala do diretor e bato na porta.

- Entre.

- Queria me ver, diretor?

- Sim, sente-se, por favor, doutora Liz.

Me sento e espero a bomba que ele está prestes a soltar em mim.

- Bom, acho que já pode imaginar do que se trata nossa conversa, não é?

- Creio que sim.

- Ótimo. Vimos que a senhorita está envolvida em um escândalo com um ex-cliente famoso nosso. Isso é verdade?

- Sim... - digo, já cabisbaixa.

- Certo. A senhorita leu seu contrato e também sobre nossa política entre médicos e pacientes, correto?

- Correto.

- O senhor Min e a senhorita se envolveram enquanto ele ainda era um paciente nosso ou aconteceu depois de ele deixar nossa clínica?