Capítulo 22

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O mundo parecia uma névoa, uma prisão da qual eu não conseguia escapar

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O mundo parecia uma névoa, uma prisão da qual eu não conseguia escapar. Mesmo com os olhos fechados e o corpo imóvel, eu sabia que estava sendo levada. O balanço rítmico de um carro em alta velocidade me deixava ciente de cada curva, cada freada, mas era um conhecimento impotente. Minha mente estava acesa, mas meu corpo estava morto, completamente paralisado, como se estivesse sendo sufocada por dentro.

O frio que saía do ar-condicionado se misturava ao pavor que eu sentia. Meu corpo, apesar de repousado em um banco acolchoado, parecia congelado. Eu queria abrir os olhos, queria gritar, mas não conseguia nem mexer um dedo.

A confusão crescia junto com o desconforto. Eu ouvia, vagamente, o barulho do carro acelerando, o som da estrada passando rápido debaixo de nós. Estávamos fugindo, eu sabia disso. Mas para onde? A única certeza que eu tinha era que algo estava terrivelmente errado.

Minha mente vagava para Ellie e Evie. Estariam seguras? A ideia de que elas poderiam estar em perigo apertava meu coração. Evie é impulsiva, seria capaz de sair correndo atrás de mim sem pensar nas consequências. E se a polícia fosse chamada? Eu temia que o caos caísse sobre elas também, que se envolvessem mais do que já estavam. Tudo o que eu queria era protegê-las, mas naquele momento, eu nem sequer conseguia me proteger.

E então veio a voz. Uma voz masculina, profunda, indiferente, como se tudo aquilo fosse um aborrecimento menor.

— Sim, ela está desmaiada aqui — ouvi ele dizer, sua voz abafada pela ausência do viva-voz.

Meu coração martelava no peito, a adrenalina queimando sob a pele que eu não conseguia mover. Ele continuava a conversa, o tédio evidente em cada palavra.

— Era o único jeito — ele suspirou. — Entendi tudo, menos o motivo. Você tem problemas na cabeça. — Ele riu, um som oco, vazio de empatia. — Já estamos chegando. Tranquilo, tchau.

O carro começou a desacelerar, e eu senti a mudança. Estávamos perto de algum destino. A voz dele voltou a ecoar, agora com mais frustração.

— Eu só sirvo para esse tipo de trabalho. No dia que eu for preso, ele vai ser obrigado a pagar para me tirar de lá.

Eu estava paralisada, como numa daquelas paralisias do sono que te fazem querer gritar, mas o grito fica preso na garganta. Cada parte de mim tentava reagir, se mexer, escapar de alguma forma. Mas nada. Senti a porta do carro se abrir e o homem se aproximar.

— Porra, você está pesada — ele reclamou, e eu quase sorri internamente com a ironia. Eu, pesada? Mais provável que ele fosse fraco demais.

Ele tentou me levantar, seus grunhidos de esforço me encheram de um estranho senso de satisfação. Mas essa pequena vitória rapidamente acabou quando senti algo sendo pressionado contra meu rosto, um pano, o mesmo que tinha me derrubado antes.

[...]

Quando finalmente abri os olhos, a escuridão deu lugar a um quarto minúsculo e sufocante. As paredes estavam tão próximas que mal consegui respirar sem sentir o peso delas em meus pulmões. O chão frio fazia minha pele arder, como se cada parte do meu corpo estivesse exposta ao gelo. Não havia janelas, nem luzes. Apenas eu, sozinha e acorrentada.

HALLOWEEN OBSESSIONOnde histórias criam vida. Descubra agora