Ⅻ • Último suspiro

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Sam

Olhei para trás, não vi a luz da saída. A saída não estava mais lá, simplesmente. Sophie pegou em minha mão desesperadamente para não se perder, enquanto ouvíamos gritos de desespero vindo de Alana, Sandy e Marck. Meu coração parecia que iria explodir de tanta ansiedade. A cada dia minha vontade de desistir era maior, mas não poderia deixar Sophie aqui. 

Uma tocha se acendeu e vimos ele. Tsu.

— Quem é você? — Sophie perguntou.

— Você já me viu em outro lugar, Sophie. Não se faça.

Vi o rosto de Sophie ficar pálido e segurei na mão dela mais forte. 

— Bones — ele se virou para Marck. — Saia, AGORA.

Marck começou a parecer engasgado com algo, como se fosse vomitar. De dentro dele, saiu uma criatura um pouco transparente e de 2m de altura. A criatura se assemelhava a um lobo que andava de duas pernas, mas com traços humanos e puro osso.

— Traidor.

Bones ficou de frente para Tsu, sem falar nada.

— De todos daqui, não esperava isso vindo de você — Tsu terminou, transformando Bones em uma bolinha de papel e a pegando, no chão.

— NÃO! — Marck gritou.

— Agora... Electus.

Simplesmente sumo. Meu corpo deixou de me acompanhar, me sentia nua, sem corpo, apenas com minha alma. Me senti incompleta. Minha alma era a única coisa que eu conseguia sentir em mim. Eu estava em um lugar completamente branco.

— Electus.

Minha fome, que fazia minha barriga roncar há 5 minutos, já não estava mais presente comigo. Minhas dores de cabeça, meu medo, tudo desapareceu. Eu me sentia livre. Com medo, tentei socar Tsu, mas em vão. Meu braço atravessou a entidade.

— ME SOLTA. ME SOLTA!

A criatura se juntou ao espaço-branco e segundos depois, se é que o tempo existia naquele lugar, ressurgiu em uma nova forma. Transparente, com um véu que cobria todo seu corpo. Talvez aquela fosse a forma do medo.

— QUEM É VOCÊ?

— Eu sou você. Você é eu. Nós somos eles.

Me sentia derretida, desaparecendo no espaço-tempo.

— AINDA NÃO, PARA DE ENCHER O SACO, RECEPTÁCULO IRRITANTE — ele gritou. — Todos. Todos vocês vão morrer.

— ME SOLTA, EU QUERO VER MEUS AMIGOS!

— Amigos? — Ele me encarou.

— Que amigos? — Ouvi André.

— Ein? — O professor de educação física concordou.

— Vocês — os alunos disseram em meu ouvido.

— São os culpados — Emily sussurrou.

— TODOS VOCÊS MERECEM ISSO.

— POR FAVOR, SÓ ME DEIXA IR EMBORA — meu rosto, neste ponto, já estava completamente encharcado de lágrimas e inchado.

— Nenhum de vocês merecem viver — a criatura me olhou.

— Por favor...

— NENHUM de vocês merecem viver — Tsu apareceu.

Tsu, como descrevê-lo? Talvez nunca poderia descrever algo que eu nunca entendi o que era. Não sei se quero; saber tudo é perder tudo.

O Abismo do MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora