ⅩⅢ • Inconveniente

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Sophie

Abracei a cabeça de Sam e encarei o chão pelo que pareceu serem dias. A lembrança da arma em minhas mãos e de ter matado o amor da minha vida... Eu só a queria de volta, queria ter lembrado quem ela era. Eu simplesmente não soube, nem meus outros amigos se lembraram. Quando Sam apareceu, ela não estava com a própria aparência, naquele momento era uma pessoa completamente diferente. Às vezes penso no quão diferente as coisas poderiam ter sido se Sam tivesse sobrevivido.

Minha garganta sangrava de tanto que havia chorado. Minha visão estava embaçada, eu simplesmente não conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer. Eu matei quem eu jurei que eu iria salvar. Era tudo culpa minha. Sam confiou em mim e eu a matei. Naquele momento, pensei que talvez André estivesse certo, que talvez eu fosse uma psicopata fria e sem coração, que só sabe matar.

Senti a mão de Alana sobre meu ombro, tentando de algum jeito me confortar. 

— Bom, bom, bom, senti algo bom vindo daqu... — Tsu se aproximou de nós.

Ele viu Sam deitada no chão, o sangue, eu a abraçando e seus olhos arregalaram, colocando a mão na cabeça.

— QUÊ? QUEM FOI O INCOMPETENTE QUE MATOU A ESCOLHIDA? NÃO, NÃO, NÃO, NÃO É POSSÍVEL, MEU EU, NÃO É POSSÍVEL — Ele se desesperou.

O olhei, com meus olhos mais vazios do que nunca.

— FOI DAQUI QUE O MEDO VEIO? DA MINHA ESCOLHIDA SENDO MORTA?! NÃO, NÃO, SAM? SAM, ME RESPONDE — Ele se agachou e sacudiu ela.

— PARA. Ela morreu. É culpa sua — o respondi.

— QUEM MATOU ELA?

Ficamos em silêncio.

— EU PERGUNTEI QUEM MATOU ELA — ele berrou.

— Eu. Eu a matei.

Ele me olhou e franziu as sobrancelhas.

— Vocês não eram um casalzinho? Por que matou ela?

O olhei, confusa. Achei que isso era parte do plano dele.

— Ué? Você fez eu esquecer quem ela era.

— Eu? Eu não fiz nada. QUÊ? VOCÊ ESQUECEU QUEM ELA ERA? — Ele puxou os próprios cabelos. — Meu Eu do céu, não é possível. Eu juro que quando pegar o grupinho de Bones...

Ele simplesmente sumiu.

— F-foi culpa d-do B-bones? — Alana perguntou. Vi que também estava chorando.

— Ele falou que só precisamos aguentar um pouco e que vamos pra casa.

— Mas foi culpa dele? — Perguntei novamente.

— Sophie, tipo...

— FOI OU NÃO FOI? — Gritei, o olhando com raiva.

— Ele fez a gente esquecer quem era a Sam. S-sophie, se o Tsu pegasse ela, ele iria fazer o ritual.

Fechei meu punho e me levantei, o acertando em cheio no Marck. Foi o soco mais forte que eu já dei em alguém. Continuei em uma série de socos, o deitando no chão para continuar. A raiva dentro de mim me fez culpá-lo. Marck sabia que Sam iria morrer e não pensou em mim.

— VOCÊ CONCORDOU COM ELE? DESGRAÇADO!

— SOPHIE! PARA! — Alana disse, segurando-me e me afastando dele. Sandy segurou Marck.

Marck se levantou lentamente e tocou no próprio rosto machucado. Não ousou me bater, sabendo que isso era só uma reação de minha dor, e que se tocasse em mim, morreria.

O Abismo do MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora