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「 𝗡𝗼𝗶𝘁𝗲 𝗺𝗲𝘅𝗶𝗰𝗮𝗻𝗮 」

— Velas brancas?
| Dylan franze a testa, ainda impaciente.
— Por que diabos você quer velas, Luna?

A ideia de explicar para ele o que estava acontecendo parecia impossível. Como ele poderia entender algo tão surreal e perturbador? Dylan nunca foi do tipo que acreditava em coisas além do que seus olhos podiam ver. Mantive minha boca fechada, apenas o encarando, esperando por uma resposta.

Dylan suspira, esfregando a mão no rosto antes de finalmente falar.

— Tá, tudo bem. Se eu não estou enganado, tem um pacote de velas brancas no porão, em uma caixa ao lado das decorações de Natal.

Antes mesmo de ele terminar a frase, eu já estou andando rapidamente em direção ao porão, determinada a encontrar as velas.

Sinto o olhar julgador de Dylan nas minhas costas, como se ele estivesse me perfurando com seus olhos. Ele definitivamente deve me achar louca, mas isso já não importa mais. O medo e a ansiedade são meus guias agora.

— Depois eu que sou o drogado.
| Ouço Dylan resmungar em um tom baixo.

Paro abruptamente e me viro para ele.

— O que disse?

— Nada não, Luninha, vai lá procurar suas velas.
| Ele responde com um sorriso cínico. Reviro os olhos, voltando a andar, e ouço sua porta bater.

Caminho até o porão e abro a porta barulhenta no final do corredor. Meu corpo estremece ao ver as escadas que me conduzirão à escuridão abaixo. A sensação é como saltar em um abismo sem saber o que me aguarda no fundo.

Levo meus dedos até o interruptor e, com um clique, a luz fraca e amarela se acende, lançando sombras dançantes nas paredes de concreto. A iluminação precária faz o porão parecer ainda mais sinistro, com as sombras das caixas e móveis antigos projetando formas distorcidas e ameaçadoras.

Desço as escadas devagar, cada degrau rangendo sob meu peso.

O cheiro de mofo e poeira impregna o ar, criando uma atmosfera sufocante. Tento não pensar nas histórias de terror que sempre imaginei sobre o porão enquanto crescia.

Ao alcançar o fundo da escada, olho ao redor, tentando localizar as caixas de decorações de Natal. Elas estão empilhadas no canto, cobertas por uma camada de poeira que mostra que não foram tocadas há meses.

Caminho até elas, tentando ignorar o frio que parece se infiltrar em meus ossos.

Começo a vasculhar as caixas, movendo cuidadosamente os itens de lugar. A primeira caixa contém enfeites de Natal: bolas coloridas, luzes pisca-pisca e guirlandas. A segunda está cheia de velhos brinquedos de infância, trazendo lembranças nostálgicas que me distraem momentaneamente do meu objetivo.

Em meio às caixas, encontro uma Boneca Barbie antiga, sem cabeça. Lembro-me de que ela era um dos meus brinquedos favoritos até Dylan quebrá-lá.

As memórias desse dia tomam a minha mente.

Era uma tarde quente de verão. Eu estava no jardim, fazendo a Barbie desfilar pela grama. Dylan, sempre implicante, veio até mim com sua bicicleta nova.

— Ei, Luna, vamos brincar de trânsito!
| Ele gritou, pedalando em círculos ao meu redor.

Eu o ignorei, concentrada na minha brincadeira. Mas Dylan nunca soube quando parar. Ele deu um impulso maior na bicicleta e, antes que eu pudesse reagir, passou por cima da minha boneca, esmagando-a sob as rodas.

PARALISIA DO SONO - Monster romance Onde histórias criam vida. Descubra agora