✦ 12 ✦

260 22 16
                                    

「 𝗔 𝗽𝗲𝗱𝗿𝗮 」

As luzes vermelhas, azuis e brancas piscavam e dançavam sobre a fachada da casa de Javier.

Os garotos e eu estávamos de pé na calçada, o som das sirenes ainda ressoando em nossos ouvidos enquanto tentávamos dar uma explicação coerente para o que havia acontecido.

O ambiente estava carregado de tensão. Todos estavam em choque, tanto pelo susto quanto pela preocupação crescente de que os policiais pudessem perceber que alguns ali estavam claramente sob o efeito de drogas.

As risadas e piadas despreocupadas de mais cedo tinham sido substituídas por olhares ansiosos e mãos inquietas.

Antes da chegada da polícia, os meninos tinham se espalhado pelos arredores da casa, vasculhando o quintal e as áreas mais afastadas, mas ninguém encontrou nada. Nem um único sinal de que alguém estivesse espreitando nas sombras.

A única prova de que algo – ou alguém – havia atacado a janela era uma grande pedra preta, agora cuidadosamente guardada em uma bolsa plástica. Eu a havia encontrado no meio dos cacos de vidro, fria e inerte, mas cheia de significados sinistros.

A policial à nossa frente, alta e de postura rígida, com os cabelos pretos presos em um coque apertado, observava cada um de nós com olhos afiados. Em sua mão, um pequeno bloco de notas era preenchido com informações precisas, enquanto ela tentava entender a lógica de um incidente que, para nós, parecia ser qualquer coisa, menos lógico.

— Então, apenas vocês dois estavam no local no momento em que a janela se quebrou?
| Perguntou a policial, fixando seus olhos em mim e em Freddy. Sua voz era profissional, mas carregava uma ponta de desconfiança que me fez estremecer por dentro.

Freddy, ao meu lado, estava claramente desconfortável. Sua postura havia mudado desde o momento em que os estilhaços voaram por toda parte. Ele agora evitava contato visual e mantinha as mãos nos bolsos, como se tentasse se esconder do olhar intimidante da oficial. Sua expressão era tensa, como se estivesse lutando contra um enjoo ou contra os próprios pensamentos.

— Sim, só nós dois,
| Respondi, tentando manter minha voz firme, embora o nó na garganta dificultasse.
— Eu estava perto da janela, e Freddy... ele tinha acabado de subir as escadas.

A policial anotou algo em seu bloco, o som do grafite arranhando o papel preenchendo o silêncio entre nós.

O medo de ser mal interpretada ou de que a verdade – uma verdade que nem eu compreendia completamente – fosse descartada como fruto da imaginação de jovens chapados era real.

Ela estreitou os olhos, claramente desconfiada, antes de continuar:

— Vocês precisam entender que, se não houver indícios de um crime ou de perigo real, a janela quebrada será tratada como um acidente ou vandalismo de dentro para fora. E isso,
| Ela fez uma pausa, seus olhos escaneando o grupo.
— pode complicar as coisas para vocês, considerando que alguns aqui não parecem estar completamente sóbrios.

Uma onda de murmúrios e desconforto se espalhou entre os garotos. O ar pesado que já pairava sobre nós agora parecia opressivo. Dylan lançou um olhar preocupado para Javier, que rapidamente desviou o olhar, tentando manter a compostura.

— Olha, a gente sabe oque parece.
| Comecei, tentando soar o mais convincente possível.
— Mas nós não quebramos aquela janela. Eu estava lá, eu senti... foi como se algo tivesse jogado a pedra com força. A janela não se estilhaçou sozinha.

— E vocês realmente não encontraram nada lá fora?
| A policial insistiu, voltando seu olhar para os outros garotos.

Dylan deu um passo à frente, um pouco hesitante.

PARALISIA DO SONO - Monster romance Onde histórias criam vida. Descubra agora