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「 𝗡𝗼𝘃𝗮𝘁𝗼 」

— Eu não sei onde foi parar.
| Falei dando um gole no copo de água que Javier me ofereceu.
— Eu a chutei, mas não vi para onde foi.

Minha voz estava trêmula, e o copo de água mal ajudava a acalmar o turbilhão de emoções que rodavam dentro de mim. Minhas mãos ainda tremiam, e o gosto metálico do medo ainda estava na ponta da minha língua. Eu sentia como se, a qualquer momento, pudesse explodir em lágrimas de pura frustração. Javier estava ao meu lado, me observando em silêncio por um momento, os olhos intensos e preocupados.

— Calma, Luna.
| Javier disse, se aproximando de mim e colocando uma mão firme, mas reconfortante, no meu ombro. Ele sempre sabia o momento certo de fazer isso, como se tivesse uma habilidade especial para medir exatamente o que eu precisava.
— Respira, vai ficar tudo bem. Vamos achar essa pedra.

Eu balancei a cabeça, mas não conseguia acreditar nas suas palavras. Não depois de tudo que tinha acontecido. Como ele podia me pedir para ficar calma quando aquilo estava acontecendo de novo? Quando aquela maldita pedra parecia estar me seguindo como uma maldição viva?

Ele se agachou na minha frente, ficando à altura dos meus olhos, e seu toque firme e quente nas minhas mãos me puxou de volta à realidade, mesmo que por um breve momento. Seu rosto estava sério, mas havia uma gentileza em seus olhos que me fazia sentir um pouco menos perdida.

— O que aconteceu exatamente?
| Perguntou ele, com a voz baixa e cuidadosa.

Eu mordi o lábio, segurando o choro que ameaçava escapar, e olhei para ele, tentando encontrar as palavras certas.

— Anteontem, aqui na sua casa, quando... quando a janela quebrou. Eu estava no corredor, e quando o vidro estilhaçou, a pedra estava lá, no meio dos cacos.
| Minha voz quase sumiu ao relembrar o momento. Javier move a cabeça confirmando pois ele já sabia disso.
— Mas depois, Javier, ela... ela começou a aparecer em outros lugares. No meu quarto. Na minha cômoda. Eu pisquei, e ela se movia.

Javier franziu o cenho, claramente confuso, mas ele me ouviu com atenção. Ele apertou levemente minhas mãos, como se quisesse me impedir de me afogar no medo.

— Isso não faz sentido, Luna.
| Ele disse, finalmente soltando um suspiro.
— A pedra estava com a polícia. Eles recolheram para análise. Como ela pode estar aqui de novo?

Eu balancei a cabeça, sentindo a frustração borbulhar mais uma vez.

— Eu sei que parece impossível, mas eu vi! Ela apareceu no meu quarto, Javier! E quando eu não aguentava mais, eu joguei pela janela! Com toda a força que eu tinha, eu só queria que ela sumisse, que isso acabasse!
| Minha voz se elevou sem que eu percebesse, a angústia transbordando enquanto eu falava.
— Mas agora ela estava aqui, de novo! E eu não sei o que fazer!

Javier olhou para mim com uma expressão grave, suas sobrancelhas franzidas de preocupação.

— A volta do objeto pode significar várias coisas.
| Isobel apareceu na porta da sala, sua expressão séria.
— Mas, pelo que você diz, a pedra tem alguma ligação com o demônio, certo?

Eu apenas assenti, mantendo os olhos fixos nos dela. O copo de água nas minhas mãos parecia pesado, como se refletisse o peso da situação. Javier também olhou para Isobel, aguardando sua resposta.

— A pedra pode querer dizer que, onde quer que ela esteja, ele também está. Se ela voltou, pode indicar que ele voltou também.
| As palavras dela cortaram o ar, e eu senti um frio na espinha.

Baixei a cabeça, perdida em pensamentos. A ideia de que Alaric poderia estar de volta me deixava inquieta.
Não sei se consigo lidar com isso de forma racional.

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⏰ Última atualização: Oct 12 ⏰

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