「 𝗘𝘀𝘁𝗶𝗹𝗵𝗮𝗰̧𝗼𝘀 」
Meus olhos estão arregalados, o corpo paralisado.
O que é isso? O que ele quer de mim? Por que essa voz infernal me persegue?
Milhares de perguntas correm pela minha mente como um enxame de abelhas furiosas. Enquanto isso, o telefone pendurado na bancada balança levemente, preso apenas pelo fio, como se o próprio aparelho estivesse atormentado pelo que acabou de acontecer.
Javier se vira na direção do barulho, os olhos imediatamente focando em mim. Ele percebe a tensão no meu rosto, e a expressão despreocupada de antes desaparece.
— Luna? Quem era?
| Ele pergunta, preocupado, mas tudo que consigo fazer é encarar o telefone como se ele fosse uma serpente pronta para atacar.— Eu... não sei.
| Minha voz mal passa de um sussurro.
— Não era o Chase...A última palavra sai quase sem ar. Tudo o que eu quero é sair dali, mas minhas pernas ainda parecem paralisadas. Javier se aproxima, pegando o telefone que eu larguei e o coloca no gancho, seu olhar preocupado não escapa de mim.
— O que você escutou?
| Ele finalmente quebra o silêncio, a voz baixa e cheia de uma seriedade que raramente vejo nele.Minha boca se abre, mas as palavras se embolam na minha garganta, transformando-se em um emaranhado de gaguejos e respirações irregulares.
Tento falar, tentar explicar o que ouvi, mas a voz daquele telefonema ainda ecoa na minha mente, distorcendo qualquer tentativa de formar uma frase coerente.
Javier dá um passo mais perto, inclinando-se para tentar capturar meu olhar que, até então, estava fixo em um ponto indefinido na parede.
— Tá tudo bem, Luna. Provavelmente era só algum trote idiota.
| Ele tenta tranquilizar, mas a preocupação em seus olhos diz que ele não está tão convencido quanto gostaria que eu estivesse.Eu finalmente consigo reunir forças para responder, mas o que sai é apenas um murmúrio, frágil e hesitante.
— Sim, claro...
| Digo, mais para mim mesma do que para ele, tentando me convencer de que realmente não foi nada.Minhas mãos tremem enquanto tento retomar o controle dos meus pensamentos, mas a imagem do telefone, agora repousando em seu gancho, continua a me assombrar.
Aquele silêncio na linha... e depois aquela voz... Não era um trote. Eu sabia disso no fundo da minha alma. Não era um trote.
Eu me viro lentamente, tentando parecer mais calma do que realmente estou, e me sento novamente na cadeira diante da ilha da cozinha. A conversa casual de antes parece um passado distante, algo que pertencia a uma outra realidade.
Agora, tudo que sinto é o peso do desconhecido, a sensação de que algo terrível está prestes a acontecer.
Javier continua a preparar os tacos, mas o som das panelas, antes reconfortante, agora me soa distante, abafado, como se estivesse em outro cômodo, em outra casa. Eu tento focar na respiração, inspirando e expirando lentamente, mas nada parece afastar o medo que se instalou em meu peito.
Eu deveria contar a alguém o que realmente está acontecendo? Ou seria melhor manter tudo isso enterrado, fingindo que nada fora do normal estava acontecendo?
O cheiro dos tacos, por mais delicioso que seja, agora só faz com que meu estômago se revirasse. Eu queria acreditar que estar ali, cercada por amigos, me faria esquecer o que estava me assombrando, mas a verdade é que o peso desse segredo estava se tornando insuportável.
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PARALISIA DO SONO - Monster romance
Romance𝐎𝐍𝐃𝐄 Luna White é uma jovem atormentada por problemas psicológicos, lutando contra a insônia e os pesadelos que a assombram noite após noite. Em seu quarto escuro, ela ouve uma voz medonha sussurrando do além, impedindo-a de adormecer e encontra...