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「 𝗔𝗯𝘂𝗲𝗹𝗮 」

Javier e eu conversamos durante todo o caminho até minha casa. Eu falei coisas que sabia que não deveria. Soltei mais do que o necessário. Mas, por incrível que pareça, Javier não me tratou como uma louca com indícios de esquizofrenia. Pelo contrário, ele ouviu tudo atentamente, com uma paciência que eu não esperava.

Quando chegamos à minha casa, convidei-o para entrar. Ele havia sido tão prestativo e gentil quando fui até sua casa, que me senti na obrigação de retribuir de alguma forma. Ofereci um copo d'água, e ele aceitou.

Ao entrarmos, o silêncio total mostrava que estávamos sozinhos. Nenhum sinal de Dylan ou de meu pai.

Dylan saiu de novo sem avisar? Pensei, mas tentei ignorar a ausência.

Guiei Javier até a cozinha, onde acabei oferecendo suco de laranja e alguns salgados como forma de agradecimento. Ele disse que não precisava, mas acabou aceitando com um sorriso.

— Onde está seu irmão?
| Perguntou ele, enquanto se escorava na bancada.
— Vocês saem da escola juntos, e ele sempre te traz de carro. O que houve para você vir caminhando?

Eu dei de ombros, pegando um salgadinho.

— Procurei Dylan no estacionamento, mas não o achei.
| Respondi, dando uma mordida.
— Talvez ele estivesse me esperando, mas como demorei por causa do que aconteceu com Daniel, ele deve ter achado que eu já tinha ido embora e resolveu ir também.

Javier assentiu, parecendo entender, enquanto tomava um gole de seu suco.

— Tem alguma ideia de onde ele possa estar?
| Perguntou ele.

— Provavelmente na casa de Chase, queimando seus neurônios com maconha.
| Respondi com um tom ácido, tentando não soar irritada. Mas, honestamente, eu não me importava. Dylan vivia em seu próprio mundo e, ultimamente, nossas vidas pareciam correr em direções opostas.

Ainda não havia mensagens ou ligações dele, então conclui que ele estava ocupado demais para se preocupar.

Javier então comentou sobre a noite em sua casa, dizendo que já havia mandado consertar a janela quebrada. Ele mencionou que sua avó quase teve um ataque cardíaco ao ver a casa naquele estado.

— Ela ficou completamente maluca quando viu a janela quebrada!
| Disse ele, rindo de leve.
— A mulher já tem pressão alta, então eu achei que fosse dar ruim de verdade.

Nós dois rimos disso, mas no fundo, sabíamos que a situação era bem mais séria. Javier mencionou que ainda estava aguardando respostas da polícia sobre o ocorrido.

— Mas, sinceramente, se fosse depender da polícia, minha casa já teria sido invadida e queimada.
| Ele disse, balançando a cabeça.

Eu ri, mas havia uma verdade sombria em suas palavras. Estávamos lidando com coisas que nem a polícia poderia resolver, e Javier parecia entender isso.

Enquanto conversávamos, a atmosfera que antes era pesada, com meus pensamentos turvos e sombrios, parecia aliviar um pouco.

Javier tinha esse efeito. Acalmava, escutava, sem julgar ou tentar resolver todos os problemas com frases prontas. E, naquele momento, isso era exatamente o que eu precisava.

— E... então...
| Comecei, hesitante, sentindo o peso do que estava prestes a dizer. Meu coração acelerava, mas a necessidade de tirar aquela dúvida de dentro de mim era mais forte. Javier olhou para mim com aquela atenção que, a cada dia, parecia mais rara de se encontrar em alguém.
— Sei que você já deve estar cansado dessa pergunta, mas... eu ainda não consigo acreditar que você está falando sério.

PARALISIA DO SONO - Monster romance Onde histórias criam vida. Descubra agora