Elleanor Torrance.

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Dias atuais.

THUNDER BAY.
Elleanor Pov.


Se passaram dois dias desde o maldito acontecimento e fazem exatamente dois dias que não vejo Madden, já que Gunnar o cercou junto de Ivarsen falando que se ele encostasse em mim novamente eles o matariam sem pensar duas vezes.

Mads e Ivarsen sempre foram melhores amigos e eu nunca vi meu irmão com tanta raiva dele. Gunnar me disse que não se mexe com família, que sangue é sangue e ninguém vem a frente.

O engraçado é que eu não sou do "mesmo sangue" que eles, mas meus irmãos agem como se eu sempre estivesse sido.

Octavia praticamente exigiu que fôssemos a uma festa hoje, porquê de acordo com ela "você é muito linda pra ficar deitada chorando como uma vadia depressiva." E quando se trata da minha irmã, não tem quem negue algo a ela.

Ainda estou deitada na minha cama, embaixo de todas as cobertas e já são cerca de nove horas da noite e precisamos sair às onze. Juntei praticamente todas as forças do meu corpo para me levantar e começar a me arrumar.

Antes de entrar no banheiro, abri as janelas e a sensação de estar sendo observada me atingiu como um baque. Eu suspirei, sentindo o nervosismo me atingir, mas não tinha com o que se preocupar, não tinha nada em meu quarto e muito menos na rua.

Decidi ignorar, entrei no banheiro e tranquei a porta. Tirando toda a roupa e a deixando cair no chão. Enquanto a água do chuveiro ficava extremamente quente, meus olhos estavam fixos no espelho, havia marcas em meu pescoço, marcas que Madden havia feito e Deus, eu queria matá-lo.

Entrei embaixo do chuveiro, a água quente escorria pela minha pele me acalmando, fechei os olhos apenas ficando ali por um instante. Depois de muito tempo depois, terminei o banho e desliguei o chuveiro. Enrolei meu corpo na toalha e sai do banheiro.

Não fazia ideia de que roupa colocar, revirei todo o meu quarto, praticamente o deixando de cabeça pra baixo. Depois de minutos escolhendo, peguei uma mini saia, uma blusa preta, saltos e uma jaqueta que Octavia com certeza não me deixaria colocar, por achar que eu estaria escondendo tudo que tenho pra mostrar.

Deixei a roupa na cama, indo arrumar o cabelo. A música estava tão alta dentro do quarto que eu não conseguia nem mesmo escutar meus próprios pensamentos, o que era maravilhoso. Assim que terminei de secar os cabelos e ajeitá-los, ajeitei a maquiagem focando em tons mais dourados e um leve rosa, eram cores que destacavam os meus olhos e minha pele.

Então, coloquei a roupa e os saltos, saindo do quarto logo em seguida. Octavia já segurava um cigarro na mão e dançava animada junto de Gunnar no andar de baixo. Eles já estavam chapados pra caralho.

— Essa é minha irmã, porra! — Octavia gritou, me puxando para perto de si e me girando. — Nada de jaqueta, você tem que brilhar caralho!

Eu ri, vendo ela arrancar a jaqueta da minha mão e jogá-la no chão. Gunnar sorriu, se sentando no sofá e soltando a fumaça do cigarro que estava entre seus lábios.

— Ivarsen já está chegando com Indie, mas eu vou de moto. Alguém vem comigo? — Ele nos olhou, vi Octavia fazer uma careta e negar se deitando, logo, tirando o cigarro da mão de Gunnar e levando até os seus lábios.

— Eu vou! Se não vou acabar desistindo de sair de casa. — Eles riram em conjunto e Octavia soltou um beijo me dando um tchauzinho e fiz o mesmo.

Gunnar saiu na frente e logo fui atrás, assim que subimos na moto o garoto acelerou, a sensação era perfeita pra caralho.

Eu me soltei, inclinando meu corpo para trás sentindo os ventos balançando meu cabelo enquanto meu irmão acelerava cada vez mais.

Chegamos a festa, um labirinto de luzes vermelhas e sombras dançantes. A música era alta e o calor do lugar era quase opressivo. Gunnar estacionou a moto com um rugido que se perdeu no turbilhão de sons ao nosso redor. Assim que desci da moto, ele me segurou antes que eu saísse na frente.

— Sem drogas ou te levo pra casa arrastada, entendeu porra?! — Eu balancei a cabeça em concordância e logo ele me soltou, me deixando ir.

A pista de dança estava cheia, corpos se movendo em uma coreografia caótica. Eu me deixei levar pela atmosfera, tentando esquecer a sensação de desconforto que ainda me perseguia.

Enquanto dançava, a sensação de estar sendo observada retornou com intensidade. Olhei ao redor, tentando identificar a fonte dessa inquietante sensação, mas não consegui localizar ninguém em particular. Tudo parecia normal, mas a sensação persistia, como se algo estivesse apenas à beira da minha percepção.

Tentei me distrair com a festa, mas era impossível não sentir o peso da presença invisível. O barulho e a vibração da música pareciam se misturar com a ansiedade que eu sentia.

Me virei, olhando ao redor novamente, meus olhos fixaram em uma sombra no começo da festa. Eu não conseguia ver o seu rosto devido ao capuz e alguma máscara em seu rosto, olhei em volta procurando por Gunnar, o desespero me atingindo.

Tentei passar pelas pessoas o mais rápido que eu conseguia, empurrando elas e quase tropeçando nos meus próprios pés. A cada segundo eu me virava para saber se estava sendo seguida e ele parecia estar cada vez mais perto.

Quando consegui passar pelas pessoas, eu subi as escadas para o andar de cima. Era um andar repleto de corredores e pra completar, a iluminação era ruim e o local completamente escuro. Me virei novamente, vendo a maldita sombra no início do corredor. Eu corri, mas os saltos dificultavam para que eu fosse rápida.

Subi mais dois andares, empurrando uma porta e entrando no térreo. O local era descoberto, tinha apenas alguns parapeitos ao redor. Eu respirei fundo, fechando a porta e me afastando.

A adrenalina pulsava em minhas veias enquanto eu observava o andar de baixo praticamente me pendurando no parapeito, tentando encontrar algum sinal de Gunnar ou de qualquer outra pessoa conhecida. A sensação de estar sendo vigiada era opressiva, quase palpável. O capuz e a máscara da pessoa faziam com que eu me sentisse ainda mais vulnerável.

O vento soprava suavemente, e eu podia ouvir o som abafado da música lá embaixo, misturado com as vozes e risos das pessoas na festa. Mas ali, em cima, tudo parecia mais sombrio e silencioso, exceto pelo constante ruído do meu próprio coração acelerado.

Eu precisava sair dali, mas a sensação de pânico e a falta de familiaridade com o local tornavam a tarefa quase impossível. Olhei em volta, procurando uma maneira de descer rapidamente sem ser notada. Na escuridão, percebi uma escada de incêndio na extremidade do telhado, parcialmente coberta por detritos. Seria um risco, mas parecia ser a única saída viável.

Enquanto me aproximava da escada, uma sensação gelada percorreu minha espinha, como se alguém estivesse observando cada movimento meu. Hesitei por um momento, era um jogo de gato e rato, e eu não tinha certeza de quanto tempo poderia escapar dessa situação.

Escutei a porta do térreo fechar em um baque, minha respiração cessou. Aproximei-me da escada em silêncio e assim que coloquei o meu pé no degrau para que eu pudesse descer. o metal da escada fez barulho e um grito deixou minha boca quando senti alguém segurar meu cabelo e logo agarrar o meu braço me puxando para cima novamente.

Meu corpo bateu contra a escada e outro grito deixou meus lábios pela dor, logo fui puxada por completo e segurada contra o chão. Eu tomei coragem para abrir meus olhos, encontrando aquela máscara novamente. Era uma máscara levemente prateada, com arranhões e cortes por ela toda e na parte da boca, um dos lados era como se estivesse completamente machucado.

Os olhos escuros focaram em mim e sua mão segurou meu pescoço, eu não conseguia respirar e simplesmente não conseguia gritar.

— Eu odeio quando você foge de mim, pequena...

Meu coração acelerou e o desespero se misturou com ódio, eu conhecia aquela voz, conhecia aquele toque, conhecia aquele cheiro. Era Madden, Madden Mori.

𝐃𝐚𝐫𝐤𝐧𝐞𝐬𝐬 • Mads MoriOnde histórias criam vida. Descubra agora