Elleanor Torrance.

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Dias atuais.

THUNDER BAY.
Elleanor Pov.

Eu estava uma bagunça, meus olhos queimavam com as lágrimas que insistiam em cair, e eu me sentia ridícula por ter deixado Madden fazer o que bem entendia. Eu o odiava, mas o amava na mesma medida, e isso estava me destruindo.

Eu não tinha jaqueta e não queria que Ivarsen ou Octavia me vissem assim; eles me matariam. Desci as escadas com as mãos trêmulas, torcendo para não encontrar ninguém que me conhecesse.

Quando finalmente consegui passar pelas pessoas, meus olhos encontraram Gunnar, que estava com uma garota. Fui até ele e, assim que toquei seu braço, ele se virou. Seus olhos se arregalaram e ele respirou fundo antes de se voltar para a garota e dizer que precisava de um minuto. Ela entendeu, me olhou uma última vez e saiu.

— Nem preciso te perguntar para saber o que aconteceu, porra! Você é uma criança, Elleanor! — Gunnar começou a reclamar, mas parou ao ver meus olhos se encherem de lágrimas.

A expressão de Gunnar se contorceu em pura raiva. Embora eu entendesse a sua reação, desejei gritar e bater nele por me chamar de criança.

Ele tirou sua jaqueta e a colocou sobre meu corpo. Seus olhos vagaram pela festa e logo voltaram a se fixar em mim. Então, ele levantou e entrelaçou nossas mãos, sabendo que eu queria ir embora.

Ele me guiou até a saída. Minhas mãos ainda tremiam, mas eu me sentia mais calma por tê-lo comigo. O garoto subiu na moto e esperou que eu fizesse o mesmo para dar partida. Quando ele acelerou, me agarrei a seu corpo e fechei os olhos.

Não demoramos muito para chegar, assim que desci da moto e entrei em casa, Gunnar fez o mesmo, estranhei, já que eu achava que ele voltaria para a festa. Ele segurou meu braço, antes que eu subisse as escadas, sabendo que tinha o direito de brigar o quanto quisesse comigo, ainda mais agora que estávamos sozinhos.

— Não vai adiantar reclamar com você, porque sei que no fim sempre vai acabar assim... Mas sinceramente, Elleanor, eu prefiro que seja o Madden a ter você à qualquer outra pessoa desse mundo, mas isso não significa que eu não queira arrancar a porra do pau dele por fazer isso!

Me sentei enquanto escutava, Ivarsen e Gunnar, sempre foram os únicos que eu não rebatia quando a discussão era séria. Eu apenas escutava, já que normalmente eu entendia a preocupação. Ivarsen sempre disse que eu era a pirralha da família e Gunnar completava a frase falando que eles sempre me protegeriam.

Por mais que eu e Octavia fôssemos as únicas garotas e as mais novas, Tavi sempre odiou que eles ficassem nos pés dela e nunca adiantava discutir já que ela rebatia e depois fazia mil vezes pior. Na verdade, acho que já escutei mais reclamações de Tavi, do que de todos os meus irmãos.

Me levantei assustada quando escutei a porta abrir e fechar em um baque e vi Gunnar fixar seu olhar na entrada de casa. Meu coração acelerou quando vi Ivarsen entrar, me encarando como se estivesse com ódio.

— Eu vou matar aquele filho da puta! — Ivarsen rosnou e eu engoli em seco. — Se eu sonhar que ele ousou tocar em você de novo, eu vou castrar ele caralho. Você é uma criança, porra, uma criança!

Apertei meus dedos na barra da saia, sentindo minha respiração vacilar, de certa forma ele tinha razão, mas a última coisa que eu precisava era ser reclamada novamente.

Gunnar se intrometeu antes que Ivarsen voltasse a gritar, como se Madden tivesse me matado, ele se colocou entre mim e Ivarsen, segurando os ombros do meu irmão.

— Se for gritar com alguém, você grita com o Madden, porra! Se aumentar o tom de voz com ela de novo, quem vai te dar um murro sou eu!

Ivarsen passou as mãos pelo cabelo, seus olhos pareciam mais escuros, ele se jogou ao meu lado e vi Gunnar fazer o mesmo. Minhas mãos estavam trêmulas e meus olhos queimavam.

— Desculpa... — Meu tom de voz era baixo e vi os olhares dos garotos focarem em mim. — Eu só não soube reagir e o Madden também não tem tanta cul-

— Cale a boca! Ele sabe que você é uma criança, se tem alguém que fez merda aqui, foi ele! — Ivarsen rebateu.

Não respondi, mas eu queria gritar com ele, queria falar que não sou mais uma criança.

— Merda, você nunca vai chegar perto de homem nenhum! Madden está fodido na minha mão.

Baixei minha cabeça, me sentindo patética, Mads realmente nunca veria nada em mim, eu era uma criança. No fundo eu sabia que meus irmãos estavam certos.

— Olhe pra mim! — Gunnar mandou e suspirei, mas não consegui olhá-lo, eu me sentia ridícula. — Olhe pra mim, porra!

Obedeci, levantando minha cabeça e focando meus olhos no garoto. Ele respirou fundo e segurou meu rosto garantindo que eu continuaria o olhando.

— Escuta bem, você nunca vai abaixar a cabeça pra ninguém! Seja lá o que acontecer, não deixe ninguém te rebaixar porra! — Assenti em concordância e senti Gunnar deixar um beijo em minha testa, me puxando para seus braços.

Senti a mão de Ivarsen em meu cabelo, bagunçando levemente, ele deixou um beijo em minha testa e se levantou.

— Você precisa entender que é nossa princesa e nós te criamos pra brilhar, caralho. É como nossos pais sempre falam, seja Lilith, nunca Eva.

Eu o olhei, balancei a cabeça em concordância e sorri para meu irmão mais velho.

— Eu te amo, pirralha! E você... — Ele olhou para Gunnar. — Mantenha os olhos nela.

— Eu também te amo.

Vi Gunnar concordar e eu sorri para Ivarsen antes que ele saísse, provavelmente voltando para a festa para ficar com Indie.

Um tempo se passou, eu ainda me mantinha nos braços de Gunnar que agora estava com os olhos fechados, respirando calmamente.

— Gunnar? — O chamei, me encolhendo em seus braços.

— Hum...? — Ele murmurou, me mantendo abraçada em seu corpo.

— Se eu sentisse que tem alguém me observando... Se essa pessoa tentasse me machucar...? O que você faria?

Senti Gunnar grudar seu queixo em cima da minha cabeça.

— Eu acharia o filho da puta e destroçaria ele, garantiria que ele nunca mais pudesse respirar novamente.

Me senti angustiada e uma lágrima escorreu pela minha bochecha.

— Mas... — Ele não me deixou terminar, sua mão se entrelaçou na minha e com a outra, ele acariciou meu cabelo.

— Não conta aos outros, pirralha, mas você é a minha favorita, a pessoa que mais amo no mundo. É o pontinho de luz na minha vida, você é a única parte boa e pura que consegui preservar, Nell. — Ele me apertou contra si. — Eu deixaria o mundo queimar por você, eu mataria qualquer um por você. — Gunnar completou e deixou um beijo em minha testa.

Me esforcei para conter as lágrimas e me encolhi, sentindo ele se deitar e me puxar para deitar em cima de seu corpo.

— Eu também te amo muito... — Deitei minha cabeça em seu peito, me espremendo contra ele.

Eu amava os meus irmãos, amava todos eles, mas eu amava Gunnar e Ivarsen com a minha alma. Se um dia eu os perdesse, seria o fim para mim.

𝐃𝐚𝐫𝐤𝐧𝐞𝐬𝐬 • Mads MoriOnde histórias criam vida. Descubra agora