CORRA.

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CAPÍTULO 3

"É difícil resistir a um bad boy que é um bom homem”

-Alias, como você ficou sabendo?- pergunto para Diego enquanto dirijo o carro de volta para casa

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-Alias, como você ficou sabendo?- pergunto para Diego enquanto dirijo o carro de volta para casa.

Meu resto do dia foi normal no trabalho e, mais uma vez, eu volto tarde para casa, não tão tarde quanto ontem. São sete da noite e eu estou animadíssima para me sentar no sofá, pegar um vinho e comer uma fatia de pizza.

Enquanto voltava, Diego ligou para mim, perguntando o que aconteceu ontem, porque, de algum modo, ele ficou sabendo do ocorrido.

-Fofoca corre solta- é tudo o que diz.

-Grande merda- sussurro quando viro a esquina para entrar na minha rua. Começo a andar devagar, temendo a moto na frente de casa.

-Olha, Lou, sobre aquele dia... eu quero pedir desculpas e...

Eu desligo na sua cara antes que termine.

-Tanto faz.

Falo.

Estou prestes a ter um ataque cardíaco enquanto chego em casa e o cara quer se desculpar pelo que fez. Eu nem mesmo estou me importando mais, um homem com mascara de coelho tem deixado minha mente mais ocupada.
Quase dou um “gloria a deus” quando não vejo nenhuma moto em casa. Meu sorriso cresce no rosto e eu começo a fazer uma dancinha com os ombros enquanto estaciono na garagem de fora da casa.

Quando vi a moto ontem, parecia ser uma Kawasaki ou uma Suzuki, preta com os detalhes vermelhos, era um tanto sexy, eu teria uma moto daquele se soubesse dirigir uma.

Meus saltos fazem barulho quando saio do carro. Começo a destrancar a portador casa e a abro, perco o folego na hora.

Em meio a escuridão, consigo ver sombras, varias sombras, sobre o chão. Temendo o que quer que seja, eu ascendo as luzes e fico aliviado por não serem corpos espalhados na minha casa, mas sim pétalas de rosas vermelhas espalhadas no meu chão em formato de letras grandes.

Eu fico parada no lugar, quando a única palavra formada com as pétalas esta a minha frente.

Corra.

Essa é a palavra e eu estou aqui parada igual uma idiota, fazendo totalmente o contrário. Passo pelas pétalas e vou ao centro da mesa da sala, colocando meu celular em cima enquanto olho fixamente para meu mandado no chão.
Me viro rapidamente, quando meu telefone fixo na cozinha começa a tocar.

-Porra! - esbravejo pelo susto, meu coração saindo da boca. Receosa, eu vou ate lá  e pego o telefone, atendendo. Não falo nada, esperando alguém falar.

Além da minha respiração, ouço uma também do outro lado da linha.

- Por que você não corre?

Arregalo os olhos quando a voz grave me pergunta. Mordo o lábio inferior quando sinto a raiva e solto minha língua.

-Porque eu deveria correr? Você acha que eu sou seu brinquedinho de colocar medo?

Nenhuma resposta.

-Porra, eu vou chamar a policia e você vai pagar pelo que está fazendo!
Uma risada ecoa do outro lado de um modo debochado.

-E eles vão acreditar em você igual na noite passada? Vão te levar para o hospital, Lou  Lou, vão achar que você está doida.

-O  que você quer? É dinheiro? Eu consigo para você  começo, querendo acabar com tudo isso logo.

-Eu quero você-  a voz sussurra do outro lado.

Quase engasgo com minha própria saliva e fico calada.

Me viro para a palavra escrita com pétalas de rosas.

-Eu quero te fazer minha, quero te tratar melhor que o Diego, alias, ele anda te incomodando, não é?
Sua pergunta me faz arregalar os olhos enquanto penso em como ele sabe de tudo isso.

-eu não quero te assustar- ele continua e, junto a isso, ouço passos pela casa- mas o recado no chão está te avisando, estava certo, Louise- os passos vão chegando mais perto, minha mão treme sobre o telefone.

-E você deveria correr, porque, se eu te pegar, não vou te soltar.

De repente. Uma bota preta aparece no meu campo de visão. Estendo meu olhar para uma calça preta social e, subindo, vejo o homem vestido com uma caminha preta. Um suspensório vermelho atravessa seus ombros e, desça vez, ele usa uma máscara mais patética ainda, Jason  do filme Sexta-feira 13.

Eu riria, mas o medo me consome, principalmente quando seu facão na mão é a única coisa em que eu foco. Ele tira o telefone do ouvido e desliga, eu deixo o meu cair e, agora sim, saio correndo.

Boba.

Com os pés descalços, eu passo pela bancada e pego minhas chaves, abro a porta de frente da casa, agradecendo por não estar tão longe dela. Saio correndo e entro no carro.

Minhas mãos tremem enquanto tento colocar a chave. O carro liga e eu sorrio feliz, com um suspiro aliviado.

-Tchauzinho, babaca- falo, olhando para meu novo Jason, saindo agora da porta de casa e andando em direção o carro, mas, na hora que dou partida para dirigir, ele nem mesmo se move.

-Não...- sussurro.

O homem vai chegando perto e eu saio do carro, olhando o que me atrapalha e, um pneu furado é a resposta. Pelo tamanho do furo, não, do rasgo, tenho certeza que foi feito com o facão e eu quero muito que esse cara enfie esse facão no rabo dele agora.

Mostro o dedo para ele e começo a correr pela rua, meus pés descalços atrapalham tudo, mas eu não paro.

Percebo que o ‘Jason’ continua andando, só que em passos mais rápidos, isso alimenta minha pressão cardíaca e eu começo a respirar com dificuldade.

Paro de olhar para trás quando uma dor aguda atinge o meu pé, grito com dor e olho o chão. Minha respiração sai tremula quando vejo cacos de vidro no chão, as garrafas quebradas no meio denunciam tudo e, ao virar a sola do meu pé, percebo um grande pedaço de vidro dentro dele.

Tremo de dor, tentando achar um jeito de fugir e, acredito que fugir com uma só perna vai ser patético, eu não quero pisar no chão e acabar de ferrar com tudo, enfiando mais ainda esse vidro dentro do meu pé.

Gemo de dor e a frustação cresce quando o homem vai chegando perto, lagrimas de raiva correm pelo meu rosto e eu me amaldiçoo por ser tão burra.

Apenas a batata do meu pé está apoiado de leve no chão, pois, quando forço um pouco mais, a dor é gritante.

Fecho os olhos quando o homem finalmente chega até mim, seu corpo a um fio do meu. Consigo sentir seu peitoral encostando no meu ombro, ouço a respiração  através da mascara.
Um soluço de choro sai de mim e eu continuo com os olhos fechados, tremendo enquanto penso em como vou morrer, eu definitivamente não quero acabar com esse facão dentro de mim.

Tomo um folego, me assuntando, quando sinto seu braço passar por baixo da minhas pernas e atrás  costas. Abro os olhos e ele me carrega estilo noiva, começando a andar de volta, de onde viemos,  em direção a minha casa não muito longe. Eu fico chorando, como um bebê no seu colo, a dor é forte mas eu nem mesmo estou me importando com ela, imaginando o que ele vai fazer comigo. O facão ainda está na sua mão.
Percebo que meu sangue suja seu braço, sem parar de escorrer e, percebo que ele já está chegando em casa, o que me leva a perceber que eu nem mesmo fui muito longe na minha fuga. Ele abre a porta com um chute e entra fechando-a do mesmo jeito.

-Shiii- ouço um chiado seu, como falamos para uma criança após um pesadelo.

Levanto a cabeça e sua mascara está direcionada para mim, consigo ver seus olhos através dela. Os olhos são verdes, um verde tão vivido que eu poderia me perder neles se esse homem fosse normal e eu o conhecesse em circunstâncias mais normais ainda. Desvio o olhar, consigo perceber a marcação da sua mandíbula definida através da mascara.

Fico calada, engolindo o choro e parando de ser patética como uma adolescente em filme de terror.

O homem me coloca sentada de lado no meu sofá. Meu sangue suja o estofado marrom, mas eu não me importo com isso agora. Percebo que ele colocou o facão em cima do balcão da cozinha e abriu os armários, elevando seu braço para pegar a caixa de remidos que fica nas ultimas prateleiras. Engulo em seco e viro meu rosto novamente, eu quase começo a rir quando percebo que até mesmo a caixa de primeiros socorros o homem sabe onde está. Me pergunto como ele entrou na casa e em quantas vezes fez isso.

O homem traz a caixa consigo e senta ao meu lado no sofá, colocando meu pé em seu colo e elevando um pouco para que consiga ver a sola. O sangue cai em gotas quando se acumula demais no local.

Ele coloca meu pé novamente no colo e pega um pano, derramando álcool nele. Ranjo os dentes quando ele passa sobre a ferida, limpando o sangue de uma forma delicada.

Observo ele fazendo o trabalho e, através da camisa social, consigo ver seu braço marcado, se contraindo conforme ele limpa o rasgo em mim, eu me pergunto por quanto tempo tem treinado seu corpo.

Depois de limpar o corte, o homem pega uma pinça, deixando o pano de lado, e a mergulha no álcool. Antes de fazer o que eu sei que ia, ele me olha por um tempo e então pressiona a pinça no vidro e puxa com cuidado. Eu consigo sentir o vidro saindo de mim e ranjo os dentes, puxando o ar sobre eles e fazendo Jason ir com mais calma, passando o dedão sobre a minha pele como um modo de me acalmar.

Mais sangue cai de uma vez quando o vidro sai, consigo ver todo manchado com meu sangue e o quão grande o pedaço foi. Colocando o vidro sobre um outro pano, o homem pega o pano com álcool e passa novamente em cima do machucado. Mordo a lingua, contendo um palavrão e, mesmo nessa situação bizarra, minha respiração já está mais calma quando ele passou a cuidar do meu pé.

Lambo os lábios, o olhando e pensando que merda está acontecendo enquanto um desconhecido com mascara do Jason cuida do meu machucado porque, a minutos atrás, um vidro cortou meu pé pois eu estava correndo dele com um facão na mão.

Com a imagem novamente na cabeça, olho para trás. Em cima do balcão, a lamina do facão brilha sobre a luz, me fazendo engolir em seco.

Não percebo quando meu pé é colocado cuidadosamente sobre seu colo e  Jason, é assim que vou o chamar, esteriliza uma agulha.

Franzo o cenho.

-Você ao menos sabe fazer essa merda?- pergunto quando o vejo passar a linha. A resposta que recebo é uma respiração profunda, como se minha pergunta fosse boba. Eu fico calada quando ele pega meu pé novamente e começa a dar os pontos. A dor é gritante, o corte foi bem no meio da sola dos meus pés e, sem uma anestesia, tenho vontade de chingar ate o inferno.

Eu prendo a respiração enquanto deixo o homem fazer o que está fazendo, até porque, querendo ou não, eu não sei fazer isso.

Quem comprava todas essas coisas era o Diego e ele as deixava aqui, caso acontecesse algo.

Depois de dez minutos, Jason para, enrola uma gaze no meu pé e prende com uma fita. Ele se levanta e coloca uma almofada em baixo do meu pé. Eu o acompanho enquanto coloca tudo no lugar e vai guardar a caixa dentro do armário.

Puxo o ar com força e o solto, deitando mais minha cabeça no braço do sofá.
Ouço passos se aproximando, mas não encontro Jason no meu ponto de vista.
Merda, e eu só queria tomar um vinho e pedir uma pizza. Agora, estou com o pé costurado enquanto Jason faz qualquer coisa pela casa.

Me assusto quando ouço algo de alguma coisa quebrando no chão, prendo a respiração e olho para o teto.

-Jason, eu não estou gostando disso.- falo em voz alta, minha resposta é outo som, mais alto ainda.

Fecho os olhos, minha ansiedade começando a aumentar.

Então, Jason aparece, olhando em minha direção, ele senta na poltrona a minha frente, uma perna sua fica sobre o joelho da outra perna e seus braços descansam nos braços da poltrona.

Bufo quando sinto seu olhar queimar em mim.

Minha pequena mesa no centro da sala está a nossa frente e, desviando o olhar de Jason, percebo que meu celular ficou em cima dela, talvez, se eu conseguir pega-lo e ligar para a policia... mas como? Sendo que o homem esta bem a minha frente?

Não fico olhando muito para o aparelho, para que Jason não leia meus pensamentos e o tire do meu alcance.

Engulo em seco e olho para o homem, a casa está em silencio total pela noite.

-Estou com cede.- falo baixo.

O homem não fala nada, nem mesmo se move. Só depois de o que eu acho ser um ou dois minutos, ele se levanta e se vira, indo para a cozinha. Eu me mecho no sofá e coloco a batata do meu pé machucado no chão, faço movimentos rápidos e consigo pegar o telefone enquanto observo Jason pegar a água para mim.

Eu volto a me deitar rapidamente, do jeito que estava e coloco o telefone debaixo do meu corpo, o escondendo.

Quando Jason volta com a água, eu apoio meu cotovelo no sofá e tomo o liquido de uma vez, ele espera que eu lhe entregue o copo e o coloca na mesinha de vidro no meio da sala, depois, volta para o mesmo posicionamento de antes, sentando-se na poltrona.

Consigo ouvir sua respiração pesada atrás da mascara.

-Você poderia respirar melhor se tirasse essa mascara e parasse de ser um babaca-falo.

--Princesa Você poderia deixar de enrolação e ligar para a policia logo.- A voz grave soa atrás da mascara.

Prendo a respiração, sem expressar reação ao saber que Jason me viu pegar o telefone, ele estava de costas para mim na hora...

-Vamos, pode ligar, eu estou aqui, não estou?

Semicerro os olhos, o olhando. Faço um movimento e tiro o celular de baixo do corpo, olhando o homem e esperando que ele o pegue. Eu vou em ligação e disco os três números, que fazem um barulho bem alto e evidente para que Jason saiba que eu realmente estou ligando.

-Central da policia, boa noite.

Uma mulher atende, eu deixo o telefone no viva a voz, enquanto observo o homem ainda sentado na minha frente.

-Um homem invadiu minha casa e está me ameaçando com um facão.

-Ele está ai com você?

-Ele anda me perseguindo- é o que respondo. Dês de o mês passado, o jeito que eu sentia olhares sobre mim.. Tenho certeza de que Jason esteve comigo a muito tempo.

Depois que a mulher pergunta o endereço e fala que uma viatura chegara em cinco minutos, eu desligo a chamada e olho o homem, que começa a se movimentar.

Ele vai até a cozinha, observo que pega o caco de vidro com meu sangue que ainda está em cima de um pano na bancada. Ele volta e eu me encolho, temendo que faça algo. Jason pega o meu copo em que tomei água e o deixa cair no chão, me assusto quando o vidro se estilhaça e logo, ele pega o vidro com meu sangue ainda fresco e coloca no meio do copo que acabou de quebrar.

Eu arregalo os olhos, o olhando  e me perguntando o que ele esta fazendo.

O homem se inclina para mim, coloca a mão na sua mascara e a levanta um pouco, permitindo que sua boca esteja livre. Observo o formato dos seus lábios cheios em forma de cupido, consigo ver também um furinho do queixo e covinhas no canto dos lábios quando um sorrisinho se forma, ele chega mais perto e da um beijo na minha testa.

Jason volta com a mascara no lugar e sai andando.

-Ei! O que você esta fazendo?!- esbravejo com raiva, quando ele pega seu facão e sai pela porta, me deixando com cara de boba no sofá.

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