Eu não sou o herói, sou o Demônio.

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CAPÍTULO 9

Minhas pernas tremem enquanto sinto do meu gozo escorrendo por elas. Meu peito se enche com algum tipo de sentimento, não sei diferenciar se é ódio, tristeza ou vergonha, mas eu ainda estou aqui, largada no chão.

Com o queixo tremendo, encontro meu short no chão e o subo pelas pernas junto a calcinha.

-filho da puta- sussurro para mim mesma e começo a andar, colocando as mãos onde quer que eu possa para me guiar ao quarto.
Conforme vou andando, sinto uma presença atrás de mim e, até mesmo sinto um esbarrão do seu corpo as vezes. Sei que Willian está atrás de mim, enquanto choro. A lamina da faca e encostada no meio das minhas costas, eu paro de andar e tenciono os músculos, mas, com um empurrão de leve, reconheci que Jason vai me guiar naquela merda, então eu retorno a andar conforme sinto um leve empurrão da sua lamina.

-Me deixa ir, por favor.- peço e não ouço nada.

Paramos, o corpo do homem encosta no meu e sinto ele se movimentando enquanto um barulho de porta abrindo é evidente.  A lamina encosta de novo e estramos no que acho ser o quarto.
-Tire a venda.

Eu franzo o cenho.

-Não estou gostando de você para sua informação-aviso.

-Tire a venda, preciso lhe mostrar algo.
Com as mãos trêmulas, eu as elevo e foco em desamarrar o no da venda atrás da cabeça, o tecido da ceda cai como uma pena na minha mão e eu abro os olhos, encarando  a escuridão do  quarto.

Mesmo assim, consigo ver a grande sombra do quarto, e eu corro até lá, me sentando na cama. As luzes são acesas e, me assusto quando vejo a máscara diferente, agora do ghostface em Willian.

-Porque você aparece com uma máscara diferente a cada hora?

-Porque esse é meu jogo, e nós estamos jogando ele agora.

Cerro os dentes o olhando com ódio enquanto se movimenta e fica de costas para mim, procurando algo em uma gaveta da cômoda.

Observo que veste uma camisa branca coloca que, por sinal, marca seus músculos se contraindo conforme se movimenta e usa uma calça cinza escuro. 

Tiro os olhos dele quando se vira com um envelope marrom em mãos. Ele me assusta quando joga isso em meu colo, me fazendo dar um leve pulo na cama.

Fico parada olhando o envelope no meu colo. Meu coração bate a mil enquanto penso no que há lá dentro, eu não quero ver alguém morto porque, se ver, não sei o que vou fazer.

-Abra, Louise.- a voz grossa me diz.

Coloco uma mecha de cabelo atrás do ouvido, engolindo em seco e pego o envelope. O abro e tiro de lá várias fotos e um papel. Começo a passar uma por uma, são fotos do Diego, ele no trabalho, jantando com alguma mulher, conversando com homens estranhos...

Conforme vou passando, não sinto nada se não ódio pelo homem que acreditei que um dia iria passar o resto da minha vida com ele. Mas, olhar onde estou me dá vontade de rir da porra do destino. Agora tenho um doido de mascara me encarando.

Pego o papel, há fotos de várias pessoas, mulheres e crianças.

- O que é isso?- me refiro mais ao papel.

-Fotos de pessoas desaparecidas dos últimos momentos.

-E as fotos do Diego?

-É um dos suspeitos para isso.

Faço um não com a cabeça.

-Ele nunca faria algo assim.

-Louise, aposto que você pensava que ele nunca te trairia, mas traiu. Agora está pensando que ele nunca faria isso, mas provavelmente faz. Estou desconfiando que tem uma equipe secreta infiltrada na própria empresa para fazer isso. Aliás, já o vi muitas vezes conversando com homens do tráfico de drogas.

-Você está mentindo, quer que eu caia em um joguinho mental seu para estar ao seu lado, e eu não vou cair!- falo a última frase em um tom mais alto, fazendo o homem a minha frente torcer o nariz de modo grosseiro.

-Esses últimos dias, também achei isso- outra foto é jogada a minha frente. Uma pessoa, não sei dizer se homem ou mulher,  por justamente estar coberta de.... cera. Cera branca está ao redor do corpo, como se ele estivesse eternizado.

Meus olhos se enchem de lagrimas, tornando minha visão embaçada enquanto a vontade de vomitar me sobe. Coloco a mão na boca, o nojo me consome ao pensar que Diego fez isso.

-Isso em específico não sei se foi ele quem fez, mas é uma das mulheres na lista de clientes desaparecidos dele que só ele tem acesso.

-E como você as conseguiu?-eu o olho, o queixo treme enquanto enxugo meus olhos teimosos.

-Eu tenho meus truques, Louise, mas isso não é da sua conta.

-Ah, e isso aqui é?- pergunto sínica, apontando para os papéis e fotos.

-Levando em consideração que aquele merda foi seu ex noivo e que você acha que ele é seu herói nessa história, só estou te acordando para a vida.

-Então você é o herói? É isso o que quer dizer ?

-Não, eu sou o demônio, o pior deles, e Diego é ninguém, é um menino que acha que é foda porque faz esse tipo de merda com homens e mulheres.

-E você é o que por me sequestrar ?- meu coração bate forte no peito, mas eu me sinto calma de algum modo.

-Eu sou o obcecado por você, eu quero cada pedaço seu para mim.

Ouvir aquilo dele é uma coisa estranha, principalmente quando estou conversando com uma máscara do ghostface.

-Você é um psicopata.

-Eu prefiro criativo.

Franzo o cenho com sua resposta e quase o mando ir se foder. Me assusto, puxando muito ar pelos pulmões, quando um trovão forte se faz e ilumina o quarto junto a um raio rasgando o céu. As chuvas aqui devem ser fortes, principalmente pela área isolada.

Willian fica me olhando de cabeça torta para o lado com aquela maldita mascara. Eu aperto o lençol no colchão abaixo de mim.

Olhando as fotos de Diego e da mulher , também olho a lista e, me lembro do dia em que Willian sequestrou o homem e o levou para minha cada.

-Você diz que você é o demônio quem vai acabar com o que Diego faz, mas fez o mesmo com o homem em minha casa.

Willian volta a posição normal, fica parado e eu percebo seus braços se contraindo, marcando mais o músculo deles, deixando até mesmo veias evidentes caminharem na pele.

Demora uns dez segundos antes que ele me responda.

-Ele era um dos caras que sequestrava esses pessoas.

Fico calada, olhando para a foto da mulher, meu coração se enche de tristeza por ela, com o que deve ter sofrido antes da morte e como seu corpo foi tratado logo depois.

-Eu ia me casar com um lixo disse.-Murmuro para mim mesma e, mesmo que o homem tenha ouvido, se é que ouviu, fica calado do mesmo jeito.

O odeio enche meu corpo com algum tipo de adrenalina, olho para a faca na mão do homem e sinto que estou no filme pânico.

-Me deixa sozinha- peço a ele.

Willian fica quieto me olhando e, quando acho que não vai sair, ele se levanta devagar e anda do mesmo jeito até a porta.

-Não vai levar as fotos?

-Elas vão ficar ai- sua voz sai rouca- até você aprender que ele não é seu herói- abre a porta, saindo por ela e, antes de fechar, olha para mim- e muito menos eu, eu sou seu inferno.

Então fecha a porta atrás de si.






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