⚓ 𝟬𝟰 ━ Perguntas e 𝘢𝘭𝘨𝘶𝘮𝘢𝘴 respostas. ⚓

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XIAO ZHAN, RECLINADO NA AQUELA CAMA MUITO AGRADÁVEL E PERFUMADA, apenas deixou uma pequena abertura na coberta para observar o Alfa, que estava sentado a poucos centímetros dele, na cadeira. O mais alto estava com os braços e pernas cruzados, completamente à vontade. Xiao Zhan encarava Wang Yibo dali, olhos meio cerrados com uma mistura de confusão e frustração. O homem que era conhecido por sua fúria e impiedade, que não tolerava a aproximação de ninguém, estava ali, sentado a poucos centímetros dele, emanando uma aura de calma que era completamente estranha. Claro, havia o visto mais cedo na praia, mas era em uma situação diferente, poderia pedir por ajuda caso o Alfa Lúpus partisse em sua direção.

Ele não se lembrava como e nem quando havia parado ali, mas sabia que estava dentro do Navio, o navio de Yibo. Ele havia acordado em uma cama macia, com um cheiro incrível que o acalmava. Não havia gritos, nem o cheiro de sangue que ele esperava encontrar em um lugar que tinha como Dono um Alfa Lúpus.

── Você pode sair de debaixo das cobertas, Ômega. Eu não machucarei você. ── A voz de Yibo, rouca e suave, o tirou de seus pensamentos. Zhan engasgou, sem saber o que responder, não conseguindo de jeito nenhum se recordar do que havia acontecido consigo após aquela discussão e como fora parar ali. O Capitão apoiou os cotovelos nos joelhos, com toda a paciência do mundo, enquanto aguardava. ── Você está se sentindo bem? Sua cabeça dói? Quer algum remédio?

Então, finalmente, depois de um momento, Xiao Zhan começou a se ajeitar sobre a cama, apoiando as costas na cabeceira, mas ainda assim mantendo a coberta erguida até o tronco. Notou os olhos do Alfa Lúpus meio avermelhados assistirem todos seus movimentos, como se preparado para lhe ajudar a qualquer segundo se fosse necessário.

── Eu... estou bem, muito obrigado. ── Zhan sussurrou, forçando uma voz segura e firme, olhando para qualquer lugar que não fosse aquele rosto másculo e perfeitamente desenhado. Verdadeiramente, diferente de antes, agora Zhan não queria que Yibo o visse. Estava com vergonha da situação que se encontrava, mas o Alfa parecia não se importar.

O desejo de tocar estava presente em Yibo, fazendo com que fechasse as mãos em punho, disfarçando para que Zhan não percebesse sua agitação. O Capitão notou como o Ômega mantinha a cabeça baixa e isso o perturbou. Por que Zhan evitava seus olhos?

── Consegue se lembrar do que aconteceu? ── Perguntou mais uma vez, e o menor balançou a cabeça em negação. Yibo suspirou fundo, seus olhos agora fixos nas articulações de seus dedos alongados, para se livrar daquela vontade. ── Tens... Companheiro? Quero dizer... você é marcado ou algo assim? ── Zhan sentiu-se levemente ofendido, franziu as sobrancelhas e apertou a coberta com as mãos pequenas. A última pergunta em questão era muito íntima e não fazia nenhum sentido ser questionada naquele momento. O Capitão percebeu sua mudança de comportamento e no mesmo instante apressou-se em se explicar. ── Não é o que você está pensando, Ômega. Eu preciso saber de algumas coisas para que eu possa te ajudar no que for necessário.

Xiao Zhan respirou fundo, o ar frio da noite entrando em seus pulmões como um sopro de realidade. Ele se sentia um completo idiota. Não conseguia se lembrar de como havia chegado até ali porquê a escuridão o tomou assim que teve sua cabeça atingida. Mas as lembranças anteriores, como fragmentos de um sonho febril, ainda o assombravam. Ele se lembrava da sensação de culpa que o corroía por dentro, da dor lancinante que o oprimia, da sensação de impotência que o deixava paralisado. Os motivos que o levaram até aquele ponto eram obscuros, manchados por descuidos e decisões erradas. A culpa o consumia, e ele sabia que nada poderia mudar o que havia acontecido e nem as decisões que tomara.

Em Águas Profundas [ABO/Yizhan]Onde histórias criam vida. Descubra agora