Em Águas Profundas [ABO/Yizhan]

⚓ 𝟬𝟱 ━ Pequeno contato ⚓

WANG YIBO DEIXOU O QUARTO apressadamente, e ao fechar a porta atrás de si, respirou fundo, percebendo que só estava com as meias nos pés. Havia esquecido suas simples botas de couro no quarto, ao lado do sofá confortável. O Capitão passou as mãos pelos cabelos escuros, dando de ombros enquanto deixava a sala de reuniões também. O aroma irresistível dos feromônios de Xiao Zhan estava gravado em seu olfato, provocando uma leve atração. Aquela essência parecia chamá-lo, envolvendo-o e encantando seu Lobo interior. Era necessário sair. Yibo precisava encontrar calma. No entanto, seus instintos clamavam, pedindo que voltasse, que se aproximasse daquele perfume que despertava nele uma vontade incontrolável.

Entretanto, sabia que precisava manter o controle. Não podia se permitir sucumbir aos seus desejos, não queria agir como Thomas Bailey ou ser parecido com ele. A situação o deixava um pouco irritado. Frustrado consigo mesmo por não estar conseguido manter o raciocínio como deveria, como sempre fez. Seu Lobo desejava acolher aquele Ômega da mesma forma que uma mãe cuida de seu filho. Ele fez um esforço consciente para respirar fundo, buscando focar em qualquer outra coisa que não fosse o aroma de Xiao Zhan. A frescura da brisa matinal, o canto distante dos pássaros, qualquer estímulo que o ajudasse a esquecer aquela atração irresistível que o chamava de volta para o quarto.

Porém, seus esforços eram infrutíferos.

A figura de Xiao Zhan, a recordação de seu toque ao levantá-lo do chão, o perfume que impregnava suas roupas, tudo isso o atormentava de forma incansável. Yibo se sentia em um conflito interno, preso entre a urgência de se controlar e o desejo incontrolável de sucumbir aos seus instintos primordiais e o tocar delicadamente no rosto, naquelas bochechas tão atrativas e avermelhadas. Wang Yibo precisava se afastar daquele lugar, escapar. Se pudesse, o mais rápido possível.

Ele correu até o alto do passadiço, ansiando por sentir o vento da manhã em seu rosto. Com os olhos fechados, respirou fundo e devagar, tentando afastar a irritação que subia de suas plantas dos pés até o topo da cabeça.

Thomas Bailey iria arcar com as consequências de tudo que fizera com Xiao Zhan. Contudo, sua sorte era que Yibo não ouvia noticias dele há vários meses. Yibo havia feito uma promessa interna de que resolveria tudo, levando Thomas Bailey a se arrepender de cada palavra, de cada ato cruel e de cada gesto de desprezo que havia feito Zhan se sentir repugnante e usado. Yibo era um homem de palavra. Ele elaborava seus planos com meticulosidade, aguardando o momento ideal para colocá-los em prática. Thomas Bailey não fazia ideia do que o aguardava, mas Yibo estava preparado para que ele soubesse.

O Capitão não tinha ideia de quanto tempo ficou ali, com os braços cruzados, observando o mar e percebendo que o dia finalmente começava a brilhar com os primeiros raios de sol. Contudo, ele escutou os murmúrios de seus homens que retornavam às suas atividades ou voltavam da festa da noite anterior, todos rindo e bastante animados. Foi então que sentiu a aproximação do timoneiro, o que fez Yibo sorrir suavemente e voltar o olhar para a escadaria que levava ao alto do passadiço.

Seu irmão apareceu, segurando a barra de suas roupas ━ semelhante à que Xiao Zhan usava, mas em um tom de bege claro. Park Seonghwa estava deslumbrante, com os cabelos um tanto bagunçados e adornos de cobre enfeitavam sua figura. O Ômega se aproximou e, ao chegar perto do Alfa Lúpus, o abraçou com força. Yibo envolveu seu corpo com um braço, inspirando profundamente o aroma de seu ombro direito.

── Bom dia, Yibo. ── Disse Seonghwa, acariciando com suavidade as costas largas do irmão mais velho, sentindo a tensão se dissipar sob suas mãos. ── Você está bem? Parece um pouco... inquieto com algo.

Wang Yibo revirou os olhos e deu um passo para trás, embora ainda mantivesse o braço em volta de seu irmão. Park Seonghwa estava sorrindo, com a cabeça apoiada em seu ombro enquanto olhava para frente. Yibo sabia que não adiantaria tentar esconder nada de Park. O Ômega tinha um talento especial para notar cada uma de suas expressões e alterações de humor.