Em Águas Profundas [ABO/Yizhan]

⚓ 𝟭𝟭 ━ Invasão e súbito medo ⚓

QUANDO O ÔMEGA LÚPUS ABRIU OS OLHOS, percebeu que estava sozinho em um quarto com pouca iluminação. Ao se sentar e deixar o cobertor escorregar dos ombros, Zhan se abraçou. O ambiente estava frio. Mesmo ali dentro ele conseguia ouvir os assobios do vento e o barulho da chuva intensa que caía sem parar. Apesar disso, Xiao Zhan notou que seu Lobo parecia um pouco diferente. Normalmente, seu instinto animal ficava calmo, mas hoje seu Lobo mostrava-se inquieto e alegre. Zhan respirou fundo, passando as mãos pelo rosto enquanto bocejava. "O que aconteceu? Você está bem... contente!" Pensou.

L.XZ: Nada demais. Apenas... os feromônios do Alfa me ajudaram a relaxar por um instante e, além disso, ele parece nos sentir mesmo sem estarmos... conectados!

Xiao Zhan não era tão ingênuo a ponto de não entender o que seu lobo queria dizer com "conectados". Suas bochechas ficaram quentes e seu coração começou a bater mais rápido. Aquilo certamente era incomum. Geralmente, para que um pudesse escutar o outro, era necessário que tivessem a marca em seus pescoços. Zhan passou a mão pela curva do ombro e soltou um suspiro. Yibo não o havia tocado ou marcado enquanto ele estava dormindo. Então, por que... isso estava acontecendo?

Zhan, um pouco constrangido, soltou um grunhido e deu um leve soquinho na cama. Por que sentia tanto prazer na companhia do Capitão e sempre desejava tê-lo por perto? Por que seu lobo parecia se acalmar ao estar ao lado dele, mesmo sabendo que tudo poderia desmoronar a qualquer momento? Ele inclinou a cabeça levemente e fitou o teto do pequeno quarto. Em seguida, levantou-se e foi ao banheiro escovar os dentes e dar uma refrescada no rosto. Enquanto lavava o rosto, o ômega fez uma pausa, observando a água da bacia se agitar devido ao movimento do navio. O que foi que eles conversaram ontem? Zhan apenas se lembra do Alfa caindo de joelhos e pedindo por perdão. Mas o que aconteceu e o que foi falado depois disso? Zhan colocou as mãos na cintura com um semblante emburrado nos lábios, claramente frustrado.

Após deixar o local, Zhan notou uma bandeja que parecia diferente em cima da mesa. Porém, o que realmente chamou sua atenção foi um pequeno bilhete dobrado. Ele sorriu levemente e se aproximou para pegar a pequena folha, abrindo-a para ler. A caligrafia era impecável e muito bem elaborada:

"Estarei na Praça das Máquinas para ajudar Lee Know, San, Hongjoong e Bangchan a posicionar um canhão de eixo giratório no lugar certo e provavelmente ficarei aqui embaixo o dia todo. Então... por favor, se alimente bem e evite sair na chuva, está bem? Tem algumas blusas de frio no armário do canto; sinta-se à vontade para pegar qualquer uma. E não se preocupe, eu não uso porque não sinto frio ou algo assim. Mas, você sente. Reforçando: por favor, coma o que está nessa bandeja, anjo!"

Ass: W.Y.

Zhan levou o dedo à boca, mordiscando-o levemente, incapaz de conter um sorriso bobo diante da atitude do Alfa. Ele tinha plena consciência de que Yibo não precisava justificar suas ações ou decisões ali dentro, afinal, era o Capitão de Águia Dourada. No entanto, Yibo fez questão de explicar rapidamente sua ausência e ainda deixou uma bandeja repleta de comidas para ele. Zhan, então, apanhou o livro de capa marrom e se acomodou na cadeira da mesa, respirando de forma profunda e lenta enquanto pegava um pedaço de pão e o colocava na boca. Ele começaria a ler aquele livro e descobriria algumas informações sobre sua própria raça.

Na Praça de Máquinas, na parte inferior do navio, os Alfas estavam em plena atividade, e Wang Yibo, mesmo com a chuva intensa lá fora e o frio, estava todo suado. O Capitão considerou a hipótese de retirar a blusa sem manga que usava, mas ao lembrar da expressão insegura e cheia de ciúminhos não ditos do Ômega Lúpus, decidiu não o fazer. Yibo estava cercado por Alfas, já que na praça de máquinas não era permitido que nenhum ômega da tripulação entrasse, pois aquele era um local perigoso e com presença de pólvoras. Mas, mesmo assim, Yibo preferiu permanecer com as roupas de cima.