XXXIII

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Danver, 24 de agosto de 1978

O dia está nublado assim como nos conhecemos, estão todos num clima triste, todos meus amigos e de Robin estão presentes, a escola ficou de luto pelas vítimas, não só a escola como todos na cidade. Alexandre e Finn são os que estão mais abalados, pois eles tinham uma aproximadamente muito grande de Robin.
Os policiais conseguiram pegar um dos criminosos e os outros conseguiram fugir infelizmente,
Eu também estou muito abalada, mas eu estou tentando me manter forte, a Lyn finalmente acordou visitei ela antes de vir pra cá, os médicos disseram que foi um milagre ela ter sobrevivido, provavelmente vai ficar com uma enorme cicatriz no peito, isso deixou ela meio insegura mais eu vou fazer o possível pra fazer ela se sentir bem.
O caixão do garoto foi lacrado por conta da deformidade em seu peito, em cima do caixão está sua bandana preferida.
O cemitério está lotado e cheio de caixões dentro do funeral daqui a 10 minutos vão colocá-los no túmulo.

Estou sentada do lado de fora, acabei passando mal lá dentro, acabei vomitando 2 vezes e não consegui comer nada.
Alexandre, tio do Robin, se ofereceu para me levar pra casa, mas eu prefiro ficar aqui até o final, assim como ele fez por mim.
Uma brisa gelada sinto em meu rosto e barulhos de passos se aproximando e se sentando do meu lado.

-Como você está? -Diz a pessoa

-Abalada -Viro o rosto pra pessoa e era o Finney Blake.

-Eu também -Ele responde

-Sinto muito, eu sei que vocês eram como irmãos

-Tudo bem -Ele limpa seus olhos que por sinal estavam bem vermelhos -Ele foi morar no seu junto aos seus pais e minha mãe.

-Uhum, meus pêsames

-Obrigado, meus sentimentos pra você também-Ele diz

Ficamos uns minutos em silêncio até que ele diz.

-Sabe por que as pessoas usam preto nos velórios? -Ele diz e eu olho pro mesmo

-Por que? - digo

-É porque o espírito da pessoa reconhece e vai atrás para se despedir, as pessoas usam preto para cobrir o seu corpo para que o espírito não consiga te reconhecer. -Ele diz e eu fico em silêncio e ele continua -Antes de acontecer tudo, ele entregou isso a Jake.

Ele pega uma caixinha pequena bege com um laço de fita vermelha e uma carta.

-Seu irmão achou que a melhor pessoa pra entregar seria eu, acho que de certa forma o Robin estava sentindo que iria acontecer alguma coisa. -Ele diz e coloca a caixa ao meu lado. - Vou te deixar sozinha agora, foi bom falar com você.

Ele se levanta e segue em frente para dentro do velório.
Eu pego a caixa e carta e deixo em meu colo, eu tiro minha jaqueta preta ficando com meu vestido branco e abro o envelope e começo a ler a carta.

“ Querida Scarlett,

Se eu estou lendo esta carta para você porque eu provavelmente me embaralhei todas as palavras ou eu simplesmente não tive coragem de te falar isso.
Enfim…
Vou avisando que passar os sentimentos pro papel, é difícil então tenha paciência, viu estressadinha.
Pra começar não pense que eu não vi aquela batida de nariz na porta do armário no seu primeiro dia de aula viu kskskss foi ilario Ksksks.

Aiai melhor dia, não porque você passou vergonha mas sim porque foi a partir dali que tudo começou, só bastou um olhar pra eu me apaixonar, o tal “cupido” deve ter me atingido de jeito naquela hora (sem maldade), muito clichê né? Depois dessa carta você pode me julgar horrores.

Pode não parecer, mas a partir dos dias seguintes eu fiquei bem inseguro com medo de ser rejeitado, então foi aí que surgiu a ideia, “por que não começar a irritar ela como forma de ficar por perto?” Foi mal por todas as zueiras, agora você sabe o motivo.

Sabe aquele dia do drive-in? Pra mim aquele foi o melhor momento de todos, você vai me achar um bobo mais eu senti uma conexão entre a gente e uma sensação de segurança algo que eu nunca havia sentido com ninguém.
Penso na possibilidade de tudo que eu sinto por você ser recíproco ia ser uma surpresa e tanto.

Nunca pensei que me apaixonaria por uma garota em poucos dias, mas é como dizem que as coisas acontecem quando a gente menos espera. Toda vez que eu estou perto de você meu coração acelera, meu sorriso fica frouxo (fontes Finney), é a sensação de frio na barriga é constante, e fica mais forte cada vez, mas se caso você não sentir o mesmo ou simplesmente tiver outra pessoa, pode passar 10, 20, 30 anos, eu posso estar um velho solteirão como meu Tio diz, aposentado, numa fazenda, meu sentimento permanecerá, e mesmo que for além dessa vida eu vou estar lá,
Te esperando…

Com carinho, Arellano.”

Assim que termino de ler a carta percebo estar sorrindo e as bochechas molhadas pelas lágrimas.
Eu guardo a carta no envelope e a deixo em meu colo novamente e volto minha atenção para a caixa em meu colo, desamarro o laço de fita vermelho e abro.
Me surpreendo ao ver que está um algodão rosa bem clarinho por baixo, um anel dourado e um bilhete escrito “Quer acabar com espera?”.

-Arellano, como você faz uma coisa dessa? -As lágrimas surgem mais uma vez só que dessa vez partes delas não eram de tristeza.

Eu tiro minha corrente e coloco o anel nela e logo em seguida o coloco de novo em meu pescoço.

-Uma parte de você sempre estará comigo.

Uma borboleta azul passa em minha frente, uma das borboletas mais raras de encontrar, ela passa reto e eu a sigo com olhar.
A mesma pousou em uma rosa vermelha no chão sem as raízes, estranho pois no cemitério só tem rosas brancas, dou um sorriso e me aproximo da flor e a borboleta bate as asas dando uma volta em mim e logo em seguida sai em direção ao céu.
Pego a rosa em minhas mãos e a olho lembrando de todas as memórias que tivemos juntos.
Agora é só isto que me resta, memórias...

Continua...

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