17 | Quando as Emoções Falam

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Mirela

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Mirela

Era meu dia, meu aniversário. Acordei com aquela mistura de ansiedade e felicidade que sempre acompanha dias especiais. A festa seria simples, apenas para amigos e familiares, mas eu queria que tudo estivesse perfeito. Afinal, não é todo dia que se faz 22 anos.

Enquanto me preparava, me olhei no espelho e sorri. O vestido branco que escolhi caía perfeitamente no meu corpo, destacando minhas curvas de forma sutil. Ele tinha um decote em V e alças finas que deixavam meus ombros à mostra, dando um ar elegante, mas também delicado. Meus cabelos estavam soltos, caindo em ondas suaves até o meio das costas, e eu optei por uma maquiagem leve, realçando meus olhos e lábios com um brilho natural.

Lara também estava linda. Ela usava um vestido azul-marinho, ajustado na cintura e com uma saia que flutuava ao redor de suas pernas quando ela se movia. Seus cabelos estavam presos em um coque despojado, com alguns fios soltos que emolduravam seu rosto. Estávamos prontas para receber os convidados, e enquanto terminávamos os últimos preparativos na sala, eu não pude deixar de sentir uma pontada de nervosismo.

A campainha tocou, e logo os convidados começaram a chegar. A sala foi se enchendo de risadas, conversas e abraços calorosos. Amigos, familiares, todos estavam ali para celebrar comigo. A festa estava animada, e eu estava cercada pelas pessoas que mais importavam para mim.

Foi então que vi Richard e Piquerez entrando juntos. Richard me avistou primeiro e veio até mim com um sorriso no rosto.

- Feliz aniversário, Mirela. - disse ele, me abraçando com carinho. - Espero que você goste. - ele me entregou um presente embrulhado com cuidado.

- Obrigada, Richard. - sorri de volta, segurando o pacote.

Notei que Piquerez se aproximava, segurando um buquê de rosas brancas. Ele estava lindo, como sempre. Ele abriu um sorriso ao me entregar as flores.

- Parabéns, Mirela. - ele disse, com sua voz suave e calorosa.

- Obrigada, Piquerez. — murmurei, sentindo meu coração acelerar.

À medida que ele se afastava para cumprimentar outras pessoas, eu não consegui evitar que uma onda de emoções me atingisse. Desde que o conheci, sempre tive uma queda por Piquerez. Seu jeito carinhoso, a atenção que dava a todos ao seu redor... Ele tinha essa habilidade de fazer qualquer um se sentir especial. Mas, por mais que eu desejasse, ele nunca teve olhos para mim.

Ele sempre foi apaixonado por Lara. E isso doía mais do que eu estava disposta a admitir. Enquanto ele dedicava seus olhares e sua atenção à minha melhor amiga, eu ficava à margem, tentando disfarçar meus sentimentos. Mas a verdade é que eu nunca fui capaz de superar isso.

Suspirei, voltando ao presente. As rosas em minhas mãos eram lindas, mas o gesto dele, por mais doce que fosse, era apenas isso: um gesto de amizade. Eu sabia que não passaria disso.

- Ei, está tudo bem? - a voz de Richard me trouxe de volta. Ele olhou para mim com uma expressão preocupada.

- Sim, claro. - respondi rapidamente, tentando esconder qualquer traço de tristeza.

A festa estava em pleno vapor. No entanto, senti a necessidade de um momento sozinha. Fui até a cozinha para respirar. Enquanto organizava os copos e pratos, perdida em meus pensamentos, Lara entrou, notando minha expressão distante.

- Mirela, está tudo bem? - ela perguntou, sua voz carregada de preocupação enquanto se aproximava para me ajudar.

- Ah, estou só... refletindo. - respondi, tentando sorrir. - E você? Percebi que o Richard está agindo de forma estranha. Parece que há algo acontecendo entre vocês, e não no bom sentido.

Lara suspirou profundamente, uma tristeza evidente em seus olhos. Ela desviou o olhar, mexendo distraidamente em uma travessa.

- Richard... ele tem estado tão diferente. Um dia ele é tão doce, mas no outro, parece que há uma barreira entre nós, como se ele estivesse escondendo algo.

- Lara, e quanto aos seus sentimentos? O que você realmente sente por ele?

Lara hesitou, seus olhos encontrando os meus com uma mistura de vulnerabilidade e incerteza.

- Eu... estou apaixonada por Richard. - ela disse, quase num sussurro.

De repente, uma voz atrás de nós interrompeu o momento.

- Você está apaixonada por Richard? - Piquerez perguntou, sua voz baixa, mas cheia de dor.

Lara congelou, seus olhos se arregalaram ao perceber que Piquerez estava ali e tinha ouvido tudo.

- Eu... - ela começou, mas a mágoa nos olhos dele era inconfundível.

- Não precisa dizer mais nada. - Piquerez a interrompeu, suas palavras carregadas de uma tristeza que cortou o coração de Lara como uma lâmina afiada. Ele deu as costas e saiu da cozinha, deixando uma tensão pesada no ar.

Lara ainda estava em choque, tentando processar o que havia acabado de acontecer, quando percebeu que Richard também estava parado ali, na porta da cozinha. Ele havia ouvido tudo.

Fui atrás de Piquerez. Encontrei ele na rua, encostado no seu carro, olhando para o céu. Caminhei até ele e me encostei ao lado do carro.

- Eu não sei o que fazer com isso. Eu amo ela de uma forma que nunca amei ninguém antes. O jeito que ela sorri, como ela faz tudo parecer mais bonito... eu simplesmente não consigo parar de pensar nela.

Ele desviou o olhar para o céu novamente, como se esperasse que as estrelas lhe dessem alguma resposta. O frio da noite parecia intensificar a sensação de desolação que emanava dele.

- Mas eu sei que ela não sente o mesmo. - Ele continuou, o tom de tristeza em sua voz. - Ela já me disse isso claramente, mas eu não consigo simplesmente esquecer o que sinto por ela. É como estar preso em um ciclo interminável de esperança e dor. Não sei se você consegue entender isso, Mirela.

Eu sentia o coração se apertar com suas palavras. A dor dele era quase minha também. As palavras dele ressoavam com a dor que eu carregava.

- Eu entendo. - disse eu, minha voz saindo baixa e trêmula. - Eu entendo exatamente como você se sente. Estar apaixonada por alguém que não sente o mesmo... é como carregar um peso constante no peito. É um sentimento esmagador, e não importa o quanto você tente se afastar, ele continua ali, puxando você para baixo.

- Então você sabe o que é sentir isso... - ele murmurou, um pouco surpreso com a intensidade da minha resposta.

- Sim, eu sei. - Confirmei, forçando um sorriso triste. - Eu também estou apaixonada por alguém que nunca vai sentir o mesmo por mim.

Ele balançou a cabeça lentamente, um gesto de reconhecimento.

- Olha, Piquerez... - comecei, com um tom mais firme, tentando dar algum consolo. - Eu sei que é difícil agora, mas você precisa se permitir viver e seguir em frente. Amar alguém que não sente o mesmo é doloroso, mas você não pode deixar isso te definir. Às vezes, encontrar uma maneira de canalizar essa dor em algo positivo pode ajudar a superar a tristeza.

- Como você faz isso? Como você lida com isso? - ele perguntou, a vulnerabilidade evidente em sua voz.

- Eu tento me concentrar em outras coisas que me fazem bem, e, às vezes, é útil conversar com alguém que entende. Às vezes, o que precisamos é de um amigo para nos ajudar a ver as coisas de uma perspectiva diferente. -  respondi, minha voz cheia de sinceridade. - Você já tem um bom coração, Piquerez. Não deixe que isso te faça se sentir menos.

Coração em Jogo - Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora