boneca de vitrine

9 1 0
                                    

Músicas recomendadas para esse capítulo, para uma melhor experiência, do leitor:
Cake melanie martinez
which witch florence and the machine

Boa leitura, mil perdões por qualquer erro ortográfico.

   
                          Miranda

 Já fazem duas semanas desde o atentado de Catherine, faltariam também exatas duas semanas para minha coroação se o atentado não tivesse acontecido.

As trajes de alto luxo adornados pelas pedras das mais valiosas já vistas, as cerimônias tradicionais cheias de pompas, o  grande salão principal decorado com um esplendor quase nunca vista antes,  pessoas aplaudindo com sorrios perfeitamente ensaiados e forçados e os outros rituais de passagem foram substituídos por manchetes de jornais, vermelhos como o sangue de catherine.

O que era para ser uma cerimônia com altas celebrações da mais alta sociedade foi substituído por burburinhos sobre o que poderia ter acontecido, qual seria a causa, como a rainha estava, e milhares de guardas pesando o ambiente do castelo com suas armaduras e elmos que escondiam seus rostos.

A imagem ainda se repete em minha cabeça, ainda fresca, a faca pendurada no ventre de Catherine, sua fatídica expressão de dor, suas mãos tremulas e sujas de sangue assim como a sua roupa e o horror em seus olhos olhando a mulher que fez isso ser arrastada por guardas fortemente armados, que a arrastavam pelo corredor enquanto ela se debatia e gritava com toda a força pouquíssimos segundos antes da mulher se matar e se calar para sempre.

5 segundos, esse foi o tempo necessário para que a mulher engolisse seja lá o que aquilo fosse, convucionace e então, morresse.

Mas não é isso que prende minha atenção, na verdade, preocupação não é o ponto exato, mas a falta dela. Eu me assustei mais com o suicídio do que com o atentado, senti mais compaixão pela possível assassina do que pela vítima. 

Enquanto muitos, se prontificam em saber como está a rainha, com a preocupação ensaiada ou genuinamente ingênua estampada em seus rostos, eu não sinto nada.

Nada além de uma satisfação. Lembrar da expressão de dor e do medo evidente nos olhos de Catherine me dá uma maldita vontade de sorrir, se qualquer pessoa tivesse acesso aos meus pensamentos, me condenaria ao maior dos castigos, qualquer que fosse ele, mas o que importa?
A satisfação é cruel e inevitável, tal qual é natural e inevitável o sangue jorrar de uma ferida aberta, ou a pétala de uma rosa cair com o tempo, É inevitável e natural.

Talvez se estivéssemos sozinhas, apenas eu Catherine e a sua possível assassina, eu deixasse a mulher acabar o trabalho, afinal ela merece.

Depois de tudo o que fez, depois de todas as crises de disforia que me assombram e me consomem, todos os tremores de ansiedade se espalhando como uma corrente elétrica, todos os comentários homofóbicos susurrados como veneno, toda a ruína que me causou. Toda a ruína que causou a meu pai. Toda a ruína que me fez ser.

Sinto o vendo brincar com as mechas, agora soltas de minha trança devido ao treino com amelia.

Sinto  a grama se curvar na direção do vento sob meu uniforme, o céu brilha de um azul radiante, um azul que, para quem apenas o contempla, engana, faz pensar que o mundo é uma maravilha repleta de danças e doces, não parece que o mundo está desabando aqui em baixo, mas para os que olham a vida aqui em baixo, claramente notam.

father of hearts Onde histórias criam vida. Descubra agora