quando eu te ver novamente

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Música recomendada para este capítulo :

See you again
The Archer

Boa leitura, bons surtos, e no caso desse capítulo, boa depressão.

Mil perdões por qualquer erro ortográfico

Miranda
São oito horas da noite o vento frio bate nas janelas, fazendo com que vibrem, seria uma noite linda se não fosse pelo peso que se aproxima.

Se daqui a poucas horas não fizesse seis anos que perdi um dos homens mais maravilhosos que conheci na minha vida, meu pai.

Leone de marmoreal

Geralmente as pessoas ao redor, que acompanham o luto, dizem que com o tempo passa, que o tempo cura tudo, mas quando você perde alguém que era parte de você, alguém que te ensinou o que é a vida, alguém que queria que você vivesse, e não apenas existisse, alguém que foi o seu primeiro melhor amigo, seu amparo, seu lar.

Isso não é uma ferida, não é como se você cortasse seu dedo.

Isso não passa, essa dor sempre estará ali, com você, afinal é uma parte sua que se vai para sempre, e as pessoas ao seu redor esperam que você siga, que você supere, mas nem sempre isso acontece, porque é isso que o luto é, um processo de cura, onde o momento que mais dói não é o dia da morte, mas os dias comuns.

É um processo de aprender a lidar que aquela sua parte que antes estava lá com você não existe mais.

Rezo todas as noites para existirem outras vidas, outros universos, e se por acaso existirem, espero ter o privilégio de ser sua filha, e espero que em outro universo essa parte tão importante de mim não seja arrancada.

Por muito tempo me perguntei, porque serei humanos tão podres permanecem, e pessoas tão genuínas se vão, e até mesmo hoje, eu não sei a resposta, a única coisa que sei é que, se até mesmo em um mundo onde seres não envelhecem a dor existe, e as pessoas não envelhecerem, não significa que não partirão de alguma forma dolorosa, nesses casos como já dizia ele "que seja eterno enquanto dura"

Nesse momento me encontro no ateliê que construí escondido, as paredes nos protegem do frio, mas não da dor.

tomas e amelia estão aqui, minha cabeça está encostada no ombro da mesma e meus olhos estão fechados, não por sono, mas porque às vezes, quando eu fecho os olhos eu consigo ver leves traços do rosto do meu pai.

Olhos gentis e determinados, da cor do oceano, com pequenas partes marrom café, sorriso mais belo que quadros das capelas, e cabelos loiros de um tom dourado mel.

Qualquer pessoa normal já teria esquecido seu rosto, sua voz e suas manias, mas eu aprendi a fazer pequenas poções para mim que não deixam isso acontecer, essa é minha forma de lutar contra o luto, essa é minha forma de mantê-lo aqui comigo.

essa é minha maneira de eternizá-lo.

talvez nicolay e Elena apareçam, eles nunca me deixam sozinhos durante essa data, esse lugar deveria me trazer um pouco de dor devido às memórias de margot que existem aqui, existem vários quadros de seu rosto, cobertos por lençóis, mas por mais estranho que pareça, a dor que ela me causa me serve de consolo.

Talvez pelas memórias, pelos momentos que vivemos, ou talvez por saber que ela não tera o mesmo fim que meu pai, pelo menos esse ano eu pude escolher onde quero viver meu luto sem ter que me preocupar em fugir de Catherine, ela continua doente, porque eu continuo dando pequenas doses de veneno para que ela fique assim.

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