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Pov Simone
A casa estava cheia de risos e conversas animadas, mas minha mente estava em outro lugar. Enquanto as meninas começavam a se preparar para a noite, eu me pegava olhando fixamente para o celular de Rebeca, ainda sobre a mesa. A mensagem curta e simples que havia lido antes me consumia por dentro, como uma chama que, embora pequena, era impossível de ignorar.
Eu não queria parecer insegura. Sabia que Rebeca tinha um passado, assim como eu, mas o momento parecia inoportuno, como se algo pudesse escapar por entre os nossos dedos. O medo de perder o que mal havíamos começado a construir apertava meu peito, e cada risada na sala só aumentava minha angústia.
Quando Rebeca voltou à sala com os petiscos, o brilho em seus olhos e seu sorriso contagiante quase me fizeram esquecer do que tinha visto. Mas a sombra da dúvida permanecia, pairando sobre nós como uma nuvem que se recusava a dissipar.
– Simone? – Rebeca me chamou, seus olhos encontrando os meus. – Está tudo bem?
Eu forcei um sorriso, tentando esconder a tempestade que se formava dentro de mim.
– Claro, só estou um pouco cansada, acho.
Ela me olhou por mais um segundo, como se tentasse ler nas entrelinhas, mas antes que pudesse insistir, Jade surgiu animada, falando sobre a festa que estava para começar. A atenção de Rebeca se desviou, e eu aproveitei a oportunidade para me afastar.
Enquanto todos se concentravam na preparação da noite, eu deslizei para fora da sala, como uma sombra. A música que começava a tocar já soava abafada para mim, como se estivesse a quilômetros de distância. Precisava de ar, precisava de um espaço onde pudesse pensar, longe de tudo e de todos.
Saí pela porta dos fundos, sentindo a brisa noturna acariciar meu rosto. As luzes da casa agora pareciam distantes, e o murmúrio das conversas e risadas virou apenas um ruído de fundo. Caminhei sem rumo, tentando acalmar a tempestade dentro de mim, mas cada passo só parecia aumentar a minha ansiedade.
Cheguei a um canto mais isolado do quintal, onde a música mal podia ser ouvida e as luzes da festa não alcançavam. Ali, no meio da escuridão e do silêncio, finalmente permiti que os pensamentos me atingissem com força total.
Eu sabia que não deveria me sentir assim, que Rebeca estava comigo e que nossa conexão era forte. Mas o que significava aquela mensagem? E por que ela me deixava tão inquieta? Não era o conteúdo em si, mas a ideia de que alguém do passado dela ainda pudesse ter um lugar na vida de Rebeca. Alguém que ela encontrou, e que, de alguma forma, a tocou o suficiente para mandar aquela mensagem.
Fechei os olhos, tentando afastar as imagens que surgiam na minha mente. Rebeca com ele, rindo, talvez compartilhando momentos que agora pareciam tão meus. As inseguranças, que eu sempre consegui manter em segundo plano, agora se espalhavam como veneno em minhas veias.
Eu precisava de um tempo para processar tudo isso, mas cada minuto que passava parecia um peso maior sobre meus ombros. Não queria estragar a festa, não queria que Rebeca percebesse o que eu estava sentindo e se preocupasse. Mas também não sabia como continuar fingindo que estava tudo bem.
Sentei-me em um banco, abraçando meus joelhos, tentando me acalmar. O som das ondas do mar ao longe era quase imperceptível, mas o suficiente para me lembrar do quanto eu estava longe de casa, do quanto tudo aqui era novo e assustador.
Enquanto eu estava ali, sozinha no escuro, a festa continuava a toda. E cada risada que eu ouvia parecia mais distante, mais fora do meu alcance.
De repente, percebi que precisava tomar uma decisão. Não podia deixar que uma simples mensagem destruísse o que eu e Rebeca estávamos construindo, mas também não podia ignorar o que estava sentindo. Precisava de espaço para pensar, para entender o que realmente importava.
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Entre Medidas e Sofrimentos- Rebeca Andrade e Simone Biles
FanfictionNos Jogos Olímpicos de Paris 2024, as ginastas Rebeca Andrade e Simone Biles são rivais de longa data. Ambas têm grandes expectativas e uma pressão enorme em cima delas. Quando Rebeca encontra Simone sozinha e visivelmente abalada nos bastidores, o...