Amigos e leite derramado

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Ao descer do Uber, caminho em passos largos até a casa de Claire, abro a porta e aparentemente não tem ninguém. Adoro eles, mas dou graças a Deus que não estão, pois preciso ficar sozinha. Caminho até a cozinha procurando algo para beber, para comer, para diminuir a raiva e a ansiedade que estou sentindo.

Não consigo acreditar que isso está acontecendo, como ele pôde contar para alguém aquilo?
O Matthew, é alguém que engana as pessoas, mente o tempo todo, todas suas palavras são falsas.
Estou confusa, triste, com raiava, são muitos sentimentos ao mesmo. Isso não pode ser real. Fomos para Salém, enquanto íamos na cartomante, riamos nos restaurantes, estávamos juntos este tempo todo, eu me diverti tanto, acreditei nele, mas ele estava caçoando de mim, fazendo piadas sobre mim e espalhando para a empresa toda.
Eu normalmente não ligo para fofocas, mas ele depois...
Meus pensamentos são interrompidos pelo barulho da porta da sala sendo aberta, meus olhos ficam encarando a entrada da cozinha. 

É o Matthew.

- Ah, Oi Lívi... - ele não termina de falar, pois jogo a caixa de leite próxima ao seu rosto. - Que caralho!

- Era para pegar na sua cara! - grito e passo pelo o mesmo.

- Por que você fez isso? - ele me interrompe segurando meu braço.

- Porque você é ridículo! - meus olhos enchem de lágrima. - Minha vontade é lhe encher de tapas até sentir a humilhação que estou passando. - me movimento para me livrar de seu toque.

- Espera, o que aconteceu? - ele segura meus pulsos com cada mão. 

- Você... Você contou pra metade daquela empresa que eu tive sonhos com você, que tive sonhos obscenos. Por que você fez isso? É raiva? É por que eu quero distância? Eu só quero distância, porque você namora Matthew, eu não sou esse tipo de pessoa.

- Lívi...

- Não Matthew, eu contei para você porque eu tinha esperanças de que você também sonhava ou coisa assim, não achei que fosse zombar de mim. Você me levou para a cama e agora me humilha? Aquela viagem toda, aquela cartomante? Tudo para me zoar e sair contando. 

- Lívia me escuta, eu não contei isso para ninguém... - ele para, pensa e volta a me olhar - quero dizer, eu disse para a Maya, mas ela não ia sair contando para as pessoas, eu disse para ela que era segredo, é minha melhor amiga, confio nela. 

- MAS EU NÃO CONFIO NELA, ELA DEVE ME ACHAR UMA LOUCA, VOCÊS DOIS DEVEM ESTAR BRINCANDO COMIGO, DEVEM FAZER PIADAS ENQUANTO NÃO ESTOU PERTO! -  digo gritando. Meu nariz está entupido, meus olhos devem estar vermelhos.

- A gente não faz isso - ele limpa minhas lágrimas - não precisa gritar. Eu juro, a gente não contou para ninguém.

- Não confio em você Matthew, você diz que não namora e já está quase noivo, conto algo para você e agora metade da empresa sabe. - me afasto e sento no sofá. - eu tô cansada de ouvir essas baboseiras, estou cansada de chorar. Se eu ao menos não fosse tão chorona. Eu não ligo para fofocas, mas ver que você espalhou isto. Ah, estou tão decepcionada. - cubro meu rosto com as mãos.

 Um silêncio fica entre a sala, olho entre meus dedos para ver se Matthew ainda está lá, não esta. 

Me levanto, cruzo os braços e o observo limpando o leite que foi derramado, assim que termina volta para a cozinha. 

- Fica aí. - ele diz.

Me pergunto se deveria ficar ou não.

Matthew volta para sala com duas xícaras de chá, me entrega uma, me sento e ele se senta ao meu lado.

- Olha, eu não sei quem espalhou essa fofoca, mas nós vamos descobrir ok? - me encara - vou procurar nas câmeras se havia alguém escutando minha conversa e da Maya.

- Não confio em você. 

- Vou te mostrar as filmagens também - respira fundo. - Por que é tão difícil acreditar em mim?

- Talvez porque eu já fui trocada por uma aleatória, você aparentemente namora e nega, me leva para cama e não sai do meu pé, mas diz que não temos nada, te contei algo na praça não tinha ninguém e do nada virou uma fofoca. Você uma vez sumiu do nada e depois agiu como se não tivesse acontecido nada. - tomo o gole do chá.

- Pensei que éramos "adolescentes" e estava perdoado sobre isso - olha em meus olhos. - eu já falei que não namoro, muito menos vou ficar noivo e falei que não espalhei a fofoca - bufa.

- Não adianta bufar Matthew - desvio o olhar - Você não respondeu sobre a parte do "não sai do meu pé e diz que não temos nada". - sou direta.

- Nós somos amigos ué - diz seco.

- ok.

Confesso que ouvir isso faz meu coração apertar.

- Não consigo ser só sua amiga - encaro o chá.

- Por que não?

- Porque eu vou criar sentimento a mais por você. Eu já estou criando. 

- Mas tá tudo bem você sentir algo a mais por mim. - diz simples.

- Não, não tá - o encaro - não quero ter que sentir ciúmes de uma pessoa que não quer ter nada comigo.

- Eu quero ter algo com você - meu coração acelera - mas não quero passar da amizade. Tem aquele termo lá, amizade colorida, conhece?

- Eu só vou ficar magoada, eu passo - encosto no sofá e fecho os olhos. - Tenha empatia ao menos.

- Não - diz e sinto sua respiração tão perto.

- Matthew, eu... -abro os olhos e seu rosto está próximo ao meu, seus braços estão  em cada lado na altura da minha cabeça, como se eu estivesse presa. - é sério... 

- Shh - ele me beija.

 Quero negar, quero evitar, mas também quero o sentir. Ele namora? Não sei. Ele espalhou? Não sei. Eu sei apenas que não quero ficar longe de Matthew Fagan.

  Nossas línguas brincam durante o beijo, seu hálito é de hortelã, assim como o chá, o beijo está ficando cada vez mais intenso, meus dedos se perdem em seus cabelos, e suas mãos apertam minha cintura. 

- Eita! - somos interrompidos pela voz de Claire que ecoa pela sala.





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⏰ Última atualização: Aug 11 ⏰

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