A arte de escrever é meu refúgio e minha prisão, um lugar onde as palavras me cercam com a frieza das lembranças. Cada letra, cada frase que coloco no papel parece arrancar um pedaço da minha alma, revelando a ferida aberta que você deixou.
O que antes era alívio, agora é suplício; e toda vez que me permito trazer as memórias de você, é como reacender uma chama que insiste em me queimar, consumindo-me lenta e profundamente, numa melancolia avassaladora que não dá trégua.
A dor não apenas existe em meu peito – ela se enraíza, espalhando-se como um veneno que invade cada canto do meu ser.
Ela se alastra com uma intensidade sufocante, corroendo as camadas de proteção que eu tentei construir.
Em cada palavra que escrevo, as lágrimas escorrem como rios, molhando o papel e dando vida ao lamento silencioso que grita no fundo da minha alma. E as lembranças, antes doces, agora são apenas um borrão, um eco distante, como se uma névoa espessa tivesse tomado tudo que um dia brilhou.
O amargor que você deixou é imenso e se infiltra em cada pedaço de mim, dominando-me com uma ferocidade que não sei como domar.
Minha voz falha, os soluços rasgam meu peito, e eu me sinto quebrado, cada respiração um fardo, cada batida um sussurro da sua ausência.
Eu grito, mas o som se perde no vazio, como se o mundo estivesse surdo para minha dor. Tento, em vão, banir você dos meus pensamentos, mas sua presença persiste, como uma sombra cruel que me observa, zombando da minha tentativa de seguir em frente.
E então, você destrói tudo mais uma vez.
Mesmo na distância, ainda sinto você dilacerar o que resta de esperança, deixando-me em pedaços. Eu só queria entender: por que me amou, se era para partir? Por que acendeu essa chama, apenas para apagá-la e me deixar em cinzas? O vazio que você deixou é como um abismo sem fim, e eu me sinto caindo, sem saber como retornar à superfície, perdido em um labirinto de saudade e desespero.
A cada dia, a dor se intensifica, tornando-se insuportável, como se o peso de tudo o que foi e nunca será estivesse me esmagando.
Tento respirar, mas é como se o ar me abandonasse, e o mundo se tornasse uma prisão feita de lembranças que não se apagam.
Nas noites mais escuras, quando a solidão parece consumir até minha sombra, ainda me pergunto: será que você, mesmo distante, consegue sentir o vazio que deixou? Será que, por um instante sequer, sente falta do amor que um dia nos uniu?
Ainda me lembro dos sorrisos, dos momentos em que seus olhos encontravam os meus com um brilho que parecia eterno.
Mas agora, tudo o que resta é o eco desses dias, perdido em um mar de lamentos. Eu grito para o vento, na esperança de que ele leve minha dor até você, que sinta ao menos uma fração do que ficou comigo.
Porque, mesmo sabendo que talvez nunca tenha sido de verdade, ainda carrego cada lembrança como uma prova do que foi, e do que nunca poderá ser.
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sussurros do coração
PoesíaPara todos os meus amores falidos Eu vos dedico esses versos