AIMED AT YOU

12

FINN

Eu não podia estar passando por isso,não outra vez, não era possível que o destino iria brincar dessa forma comigo uma segunda vez.
Senti meu cotovelo esbarrando em alguma coisa num segundo e no próximo o grito de surpresa, mas o barulho que me fez parar de socar a cara do idiota a minha frente foi o berro de Siena:
- Meu Deus ela bateu a cabeça - ela gritou e foi aí que parei para ver o que tinha acontecido realmente.
Ela já estava chegando no fundo da piscina quando pulei, o sangue já jorrava de um corte no supercílio e não adiantava chamar o nome dela ela não respondia, não se mexia e o desespero fazia a bile subir a garganta toda vez que eu olhava para o rosto desacordado com sangue por toda parte e sentia o corpo mole e encharcado nos meus braços.
Assim que cheguei na escada da piscina Caleb veio correndo e me ajudou tirando Amy da piscina enquanto eu subia para logo pegar ela no colo outra vez, alguém disse algo sobre chamar uma ambulância, eu odiava ambulâncias, elas nunca chegavam a tempo e nunca conseguiam salvar quem realmente precisava, eu não correria o risco, eu não esperaria nem um minuto por eles.
- Caleb a chave do carro - falei estendendo a mão com pressa .
- Cara, é melhor esperar um paramédico - ele falou desesperando, meio molhado e um pouco ensanguentado.
- Agora porra, a chave do carro - fui mais incisivo, mostrando que eu não estava abrindo o tópico para uma discursão.
- Não me deixa não, você também não, outra vez não- sussurrei para que só Amy ouvisse e segui em direção ao carro.
Shelley estava servindo cerveja quando me viu passando como um raio pela sala da casa, ela berrava com alguém querendo saber o que realmente havia acontecido e a outra pessoa tentava explicar enquanto tentava acalmar os ânimos já que todas as pessoas estavam meio desesperadas por não saber o que havia acontecido.
Eu não tinha tempo para ficar desesperado, eu precisava chegar no hospital o mais rápido possível, dessa vez eu não chegaria atrasado, dessa vez eu tinha que conseguir, eu precisava, por que não era uma opção.
10 km nunca demoraram tanto a chegar, assim que estacionei no estacionamento da emergência, Shelley que eu nem percebi estar no carro saiu gritando que precisávamos de ajuda , deixei o carro do jeito que estava e peguei Amy no banco de trás entrando pelas portas eletrônicas do hospital. Uma equipe já vinha em nossa direção com uma maca perguntando o que havia acontecido.
- Ela... ela foi separar uma briga e foi jogada na piscina a cabeça bateu na beirada e está desacordada desde então. - Shelley falou meio chorosa enquanto eu colocava o corpo desacordado de Amy na maca e a equipe a levava para longe.
- Porra, porra, porra- sussurrei mais para mim enquanto a adrenalina baixava e o desespero começava a subir. Eu sentia um formigamento no estômago que ia subindo até estar alojado na minha garganta, eu queria vomitar, gritar, chorar e me desesperar tudo ao mesmo tempo, mas agora não era hora nem lugar , eu precisava saber como Amy estava, era o que importava.
O tempo não passava e o burburinho do hospital já estava me irritando, sai um pouco para acender um cigarro até que lembrei que havia molhado tudo, tanto meu maço quanto meu isqueiro.
- Inferno- xinguei e voltei para a sala de espera.
Cerca de quinze minutos depois uma mulher alta do cabelo grisalho nos chamou e informou que os primeiros tratamentos já tinham sido feitos, que ela precisou de pontos e que foi só uma concussão, nada grave e fora de perigo, e foi nesse momento que eu percebi o peso saindo das minhas costas, o relaxamento tomando conta de mim e minhas entranhas se descomprimindo . Dessa vez eu havia conseguido, eu tinha salvo ela, sem precisar ou esperar a merda de uma ambulância.
A mulher liberou a entrada para vê-la e Shelley se levantou mais que depressa.
- Vamos?- ela chamou
- Eu não vou, pode ir, avisarei os outros que ela está bem- Foi a desculpa que inventei
- Ok, mas depois entre- Ela sorriu e saiu trotando atrás da doutora que falara conosco a pouco.
Liguei para Caleb e avisei que Amy estava bem e que podiam ir ver ela se fosse da vontade dele e de Siena, ele tinha passado em casa para trocar de roupa e iria para o hospital, mas quando ele chegasse eu pretendia estar longe.
Eu jurei para mim mesmo que não passaria por isso outra vez, que situações de risco estariam proibidas na minha vida, eu só gostava do que eu tinha controle, tatuagens, minha moto e faculdade, com isso eu podia lidar, com isso eu estava no controle de tudo .
Já tinha feito minha parte como cidadão e uma boa pessoa, a trouxe para o hospital, esperei saber a notícia de que estava bem, a minha parte estava feita eu não tinha mais nada com isso. Então será por que eu me sentia mal só de pensar em pisar fora desse hospital?
Dessa vez eu ouviria minha razão, Amy não era nada minha, nem minha amiga, eu a ajudei pq nós ajudamos pessoas que precisam, eu era uma boa pessoa, mas não passaria disso.
Andei até a porta do hospital e meu passo ficou estagnado antes de sair , senti uma coisa parecida com remorso por estar sendo um babaca com ela mais uma vez, mas fazer o que? Eu não estava disposto a todo o teatro que eu teria que participar ali dentro, eu não era nada dela para ter que aguardar, ela era uma garota legal, mas eu não deixaria isso me desestabilizar. Eu acabaria agora com o que quer que tenha começado entre nós a um tempo atrás. Quando eu disse para ela que não me apaixonaria outra vez era sério, eu estava fechado para esse tipo de relacionamento.
Assim que pisei para fora do hospital meu celular tocou o bolso do jeans .
- Pronto - atendi
- Finn você está no hospital? A garota está bem? - era Sabrina do outro lado da linha
- Sim, estou indo para casa agora
- Acabei de chegar em casa também - ela falou e eu ouvi o barulho de uma porta se fechando do outro lado
- E você quer companhia? - falei sem pensar enquanto me encaminhava para o carro de Caleb
- Mas você não vai ficar com sua namoradinha no hospital? - ela alfinetou
- Não tenho namorada, a trouxe por que eu causei o acidente.
- Sendo assim adoraria sua companhia - ela falou manhosa
- 15 minutos estou aí - falei e desliguei.
Uma hora depois meu celular tocou era Caleb, não atendi, algumas mensagens no WhatsApp perguntando onde eu estava , não respondi, continuei deitado seminu com a ruiva ao meu lado dormindo, a garrafa de cerveja em uma mão e o cigarro na outra, eu estava vazio , mas isso já acontecia a um bom tempo, e não seria Amy a preencher.