Acordei e olhei ao redor procurando algum indicio de que Finnick ainda estava no apartamento, prestei atenção por um momento tentando ouvir algum barulho que indicava sua presença em minha casa, mas tudo estava em absoluto silêncio. Senti um aperto no peito que identifiquei como sendo desapontamento, no fundo esperava que ele ao menos se despedisse, mas a quem eu queria enganar? Eu sabia muito bem que ele sairia de fininho no meio da noite, não era segredo que os caras preferiam ir embora antes da garota acordar para evitar todo o drama da manhã seguinte. Acabei decidindo enquanto me levantava para tomar meu banho que tudo bem ele ter ido sem se despedir, seria uma coisa casual, nós não precisavamos ser amigos e muito menos ter que tomar um café da manhã banhado em um silêncio constrangedor enquanto os dois pensavam no que deveria falar ou se precisavam se despedir com um beijo, um abraço ou um aceno de cabeça.
Caminhando em direção a entrada do campus pude ver uma Sheley super saltitante a alguns metros de distância, ela estava com Caleb, a garota que estava com ele na noite anterior e Finnick, eles conversavam animados sobre algum assunto que parecia de interesse mutuo entre eles e imaginei que com a chegada do hallowen metade do campus estaria em polvorossa pensando na festa que a faculdade oferecia todos os anos.
Mesmo tendo decidido que tudo bem uma coisa casual entre Finnick e eu ainda não estava pronta para encarar ele e fingir que nada tinha acontecido noite passada, eu sabia muito bem que ficaria sem graça e acabaria agindo estranho junto as outras pessoas, foi por esse motivo que desviei meu caminho para entrar pelo portão lateral do campus, onde a aglomeração de pessoas era menor e eu não precisaria encarar Finnick justo hoje em que as memorias dele em cima de mim horas antes na minha cama estavam tão frescas na minha cabeça, e por falar em memórias, que memórias senhoras e senhores, eu poderia revive-las pelo resto da semana e ainda sim não esqueceria nenhum detalhe.
Como sempre, sentei na terceira cadeira da segunda fileira e esperei que o professor aparecesse, mas acontece que havia surgido um imprevisto e ele não apareceria, seria minha única aula do dia e eu estava puta por ter saido de casa cedo para perder meu tempo vindo até a faculdade, eu poderia ter dormido mais, tomado meu café com mais calma e descansado para pegar meu turno essa tarde no Bruguer's.
Sai da sala batendo o pé em clara frustração, eu queria gritar e mandar a faculdade a merda por não ter a consideração de avisar que não teriamos um professor em sala hoje.
- A gata arisca parece bem nervosinha - Ouvi a voz de quem eu menos queria um pouco atrás de mim e fui obrigada a virar a cabeça para encontrar um Finnick risonho com um cigarro entre os lábios escorado em uma pilastra que sustentava o prédio de arquitetura.
- Não estou com saco para suas gracinhas hoje Smith, me da um tempo - Foi o que respondi voltando a caminhar em direção a saida, eu só queria chegar em casa e dormir mais algumas horas antes de precisar encarar o meu turno no Burguer's até as onze horas da noite.
- Ontem você parecia estar com muito saco para as minhas gracinhas - Ele falou levantando a sobrancelha de um modo sugestivo enquanto caminhava ao meu lado para fora do campus.
- Ontem foi ontem, hoje eu acordei atrasada, não comi direito, vim para esse inferno e nem se quer tem um professor para me dar aula, estou morta de cansaço e daqui a 4 horas preciso pegar serviço, então vê se me erra Finnick. - Revirei os olhos mostrando que a minha frustração estava alcançando níveis altíssimos e se ele não parasse me de encher o saco eu o mandaria a merda junto com a faculdade e o professor irresponsável.
Sai pelo portão central do campus e peguei o celular para chamar um uber que me levasse para casa. Assim que abri o aplicativo vi pela visão periférica Finnick montar em sua moto que estava estacionada na frente do portão, colocar o capacete e estender um outro para mim.
- Hoje não Smith, não quero carona obrigada! - Falei já chamando o carro de aplicativo para me pegar em frente a faculdade.
- Vamos Amy, para de dificultar as coisas, me deixa te alimentar e depois te deixo no burguer's - Ele falou estendendo outra vez o capacete.
- Você sempre anda com um capacete extra? Isso é pra sempre que você quiser comer alguma garota já colocar ela na sua garupa e encontrar um lugar? - Falei pegando o capacete com um sorriso irônico no rosto.
- Não, eu só carrego na minha moto garotas especiais - Ele deu uma risadinha por dentro da viseira do capaceite.
- E quantas são especiais exatamente? - Entrei na brincadeira.
- Bom Amy, minha mãe sempre me disse que todas as garotas são especiais - Ele falou e eu gargalhei alto enquanto montava em sua garupa.
- Saiba que eu só estou indo pela comida - Impliquei.
- Eu também Amyzinha, eu também - Senti um duplo sentido na frase enquanto ele acelerava a moto pelas ruas da cidade, sorri.
Finnick parou no estacionamento de um restaurante de tijolos vermelhos, as janelas eram largas e iam do chão ao teto e a porta era estilo aquelas de shopping que abrem com sensor de movimento. As mesas eram de madeira e a maioria só comportava duas pessoas, as toalhas eram brancas e em cima de todas estava disposto um vaso de vidro com algumas flores amarelas das quais eu não sabia o nome. Depois de entrarmos e escolhermos uma mesa para nos sentar o garçom veio para saber o que nós iamos pedir, escolhi espaguete ao molho branco, Finnick escolheu espaguete ao molho vermelho.
Era estranho para mim estar sentada numa mesa de um restaurante com Finn a minha frente, não eramos amigos, não nos conheciamos e pouco nos falavamos, então por qual motivo eu tinha aceitado vir comer com ele?
- É estranho não é? - Perguntei olhando para a toalha da mesa me sentindo sem graça momentaneamente.
- O que? O lugar? É o meu restaurante favorito - Ele passou o olho pelo espaço como se procurando onde eu tinha visto defeito.
- Não, o lugar é uma graça, eu digo nós sentados aqui, esperando um espaguete e agindo como se nos conhecessemos.
- E não nos conhecemos? - Ele tombou a cabeça como cachorros costumam fazer e eu achei meio que muito fofo o gesto.
- Não podemos dizer que nos conhecemos Finnick, a gente só ficou 2 vezes. - Eu disse como se fosse óbvio.
- Então vamos nos conhecer - Sorrindo ele se impertigou na cadeira como se estivesse nervoso com aquilo
- Por que? - A pergunta saiu da minha boca antes que eu pudesse a engolir de volta.
- Por que o que Amy? - Mostrou estar outra vez desentendido
- Por que deveriamos nos conhecer?
- Por que eu pretendo te ver outra vez, e se você acha estranho estar comigo sem nos conhecermos, podemos fazer isso.
- Ok - Falei inecerta esperando para ver qual seria o proximo passo que ele daria.
- Vamos fazer assim, a cada vez que você aceitar sair comigo eu respondo 5 perguntas prometendo ser sincero nas respostas e você também.
- Tudo bem. Pergunte então. - Incentivei.
- 1- Sua cor favorita?
2- Pra que lugar tem vontade de ir?
3- O que espera da vida?
4- Comida favorita?
5- A primeira impressão sobre mim?
Ele enumerou as perguntas e cruzou os braços em cima da mesa esperando as respostas com os olhos grudados no meu rosto, olhei por sobre o ombro como se esperasse alguém chegar, mas a verdade é que eu esperava outros tipos de pergunta algo como " foi bom para você?". Engoli em seco, respirei fundo e soltei o ar pela boca e decidi responder o mais rápido que eu conseguisse.
- Bem, minha cor preferida é vermelho, o lugar que eu tenho vontade de conhecer é a Índia, não espero nada da vida, eu vivo um dia de cada vez, minha comida favorita é pizza e eu te achei um imbecil.
Foi nessa hora que ele gargalhou alto, simplesmente abriu a boca e gargalhou como se não houvesse mais ninguem no restaurante
- Cala a boca garoto, tá chamando a atenção de todo mundo - Eu falei, mas nessa hora eu já ria junto com a mão na boca para que a minha risada não fosse tão escandalosa quanto a de Finn. Aos poucos ele foi retomando a compostura e percebi que eu gostava de conversar com ele, era fácil e leve e eu não tinha que me preocupar em sempre falar a coisa certa, por que ele simplesmente não se importava.
- Agora é a sua vez princesa azeda - Dando um gole na água ele fez um gesto com a mão para que eu prosseguisse.
- Me deixa pensar...
1- Quantos anos você tem?
2- Quando descobriu que gostava desenhar?
3- A quanto tempo é tatuador?
4- Sua familia?
5- Já se apaixonou?
Tive vontade de engolir essa última pergunta, mas palavra quando se é dita não tem como ser engolida, então só esperei constrangida olhando para as minhas mãos enquanto ele respondia as perguntas.
- Eu tenho 25 anos Amyzinha, eu desenho desde que me entendo por gente virei tatuador assim que me mudei pra essa cidade à quatro anos, sou só eu e meus pais, visito eles sempre na ação de graças e sim 1 vez, não pretendo me apaixonar outra vez se quer saber e você não precisa ficar vermelha como um pimentão - Ele deu um sorriso mas identifiquei tristeza por baixo daquele sorriso amarelo e imaginei que a garota por quem ele foi apaixonado pisoteou o coração dele e deixou ele em migalhas, eu jamais faria isso com alguém, decidi que cuidaria do coração de Finnick se algum dia ele o entregasse em minhas mãos.
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Depois de comer mais do que eu aguentava e travar uma briga para ver quem pagava a conta Finnick e eu saimos do restaurante para ir até o meu apartamento. Eu precisava pegar meu uniforme para começar meu turno no Burguer's e precisava de um banho também. Eu insisti que Finn não precisava me levar em casa, que eu pegaria um Uber e tudo bem, mas em teimosia Finnick ganhava de qualquer pessoa que eu conhecia então no fim eu só cedi, mais dinheiro na minha conta de qualquer forma.
Finnick estacionou na frente do meu prédio e desceu junto comigo caminhando para a portaria, o combinado era ele me deixar em casa e depois ir fazer sei lá o que ele faz durante os seus dias, mas isso não estava nos seus planos eu percebi. Se ele estava pensando que conseguiria alguam coisa hoje só por ter me levado para comer estava enganado, eu pegaria serviço daqui uma hora e meia, ele que refizesse seus planos por que hoje eu não faria parte deles.
- Você vai subir? - Perguntei fingindo demência ao ver ele empurrar a porta do meu prédio.
- Esqueci uma coisa aqui ontem, vou pegar te deixar no trabalho e ir para o Studio, tenho alguns clientes essa tarde - Ele deu de ombros como se entrar e sair da minha casa fosse algo rotineiro em sua vida.
- Se você tivesse me dito eu teria levado para você na faculdade hoje, não precisava ter perdido seu tempo vindo até aqui - Falei enquanto entravamos no elevador.
- Eu até poderia, mas era um motivo de te ver outra vez, eu não contava com a sorte que foi o seu professor ter faltado à aula hoje - Ele se encostou na caixa metálica enquanto meu queixo despencava e meu rosto ia do branco ao vermelho vivo
- Entendi - Foi o que eu consegui dizer, e assim que a palavra saiu da minha boca tive vontade de me dar um soco por ser tão idiota.
- Não é grande coisa Amy, relaxa, não precisa ter um ataque aqui dentro - Ele deu uma risadinha e saiu assim que o elevador abriu a porta.
- Ok - Gemi logo atrás dele me sentindo uma garotinha perto desse homem.
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AIMED AT YOU
Teen FictionFinnick Smith tem a palavra problema tatuada bem no meio da testa e Amy Becker sabe disso muito bem. Aqueles braços tatuados, o cigarro entre os lábios e sorriso fácil não a enganam, ela precisa manter distancia, então por qual motivo ela se vê cad...