Acordei com um pulo quando ouvi o celular tocar na mesa de cabeceira, eu estava desistindo de dormir até tarde no fim de semana, pelo que parece as pessoas da minha vida não estavam dispostas a me deixar descansar.
- Oi mãe - Atendi o celular assim que vi o nome da minha mãe no visor.
- Oi meu amor, como você está? - Sua voz de veludo tocou meus ouvidos e eu senti uma imensa saudade de casa, de estar com ela e Emilly.
- Estou bem mãe, e vocês como estão? Estou morrendo de saudade - Falei me sentando na cama esperando por sua resposta.
- Ótimas minha filha, Emilly começou a sair com um garoto do colégio, está andando nas nuvens - Ela deu uma risada - E você? Algum namorado?
- Nenhum mãe, estou focada na faculdade - Mesmo sabendo que eu não estava mentindo não consegui evitar que o rosto de Finnick viesse a minha cabeça, mas eu não sabia como explicar para a minha mãe que sim eu tinha alguém na minha vida, mas não era um namorado ou nada que pudesse nomear no momento.
- O namoro é a melhor fase de toda a nossa vida minha filha, se apaixonar é a coisa mais linda que pode acontecer com duas pessoas, não deixe que o tempo passe para chegar num futuro onde só conseguirá visualizar trabalho e carreira, ninguém é feliz sozinho - Minha mãe era uma romântica incurável e não aceitava bem quando alguém dizia prezar mais a carreira do que um relacionamento com a pessoa amada e por esse motivo ela sempre me dava conselhos do coração, sua razão não era lá muito levada em consideração, já eu havia puxado o homem que doou espermatozoides para que eu nascesse, eu preferia pensar um pouco antes de tomar qualquer decisão, meu coração era idiota e péssimo quando se tratava de decisões importantes.
- Prometo pensar nisso mãe - Falei e ela se contentou com a resposta, mudando o assunto ela começou a me contar sobre a festa que minha prima Hillary promoveria em seu aniversário e em como Emilly estava empolgada com isso, e foi nesse instante que a campanhinha tocou me fazendo levantar num pulo da cama, com minha mãe ainda na linha fui atender a porta ficando surpresa assim que pus meus olhos em Finnick encostado no batente esperando que eu abrisse.
- Então Mariane estava enlouquecendo sem saber o que fazer diante da situação e eu dei a melhor ideia de todas - Minha mãe continuava ao telefone enquanto eu encarava Finnick sem saber se o deixava entrar ou o mandava de volta para a sua casa.
- Trouxe café da manhã - Ele sorriu mostrando todos os dentes e estendeu dois copos do Starbucks e um saco pardo um pouco sujo de gordura. Dei espaço para que ele passasse ainda ouvindo minha mãe ao telefone contando eufórica sobre a solução que tinha apresentado a Mariane.
- Mãe vou precisar desligar, eu te ligo mais tarde - Falei olhando para Finnick enquanto ele colocava as coisas sobre a mesa com uma cara satisfeita como se tivesse feito o melhor trabalho de todos.
- Tudo bem minha filha, eu vou te mandar os detalhes da festa por que você vai precisar aparecer, sua irmã está te mandando um beijo, tchau tchau nós te amamos.
- Tchau mãe, também amo vocês - Encerrei a ligação - O que você está fazendo aqui? - Perguntei assim que encontrei os olhos de Finn presos em mim.
- Vim tomar café da manhã com você - Respondeu como se não fosse óbvio e se sentou à mesa levando um brownie a boca gemendo em seguida com o sabor do doce - Não sabia o que preferia então trouxe chocolate quente, todo mundo ama chocolate quente. - Ele sorriu outra vez e eu tive medo de perder a pouca sanidade que me restava.
Me sentei à mesa ao seu lado e peguei o meu copo, Finnick estendeu o saco pardo pra mim e eu pesquei um brownie lá de dentro.
- Então agora tomamos café da manhã juntos? - Falei num tom irônico e dei um sorriso de lado.
- Só nos dias em que eu fizer merda - Ele deu mais uma mordida no brownie e eu ri de nervoso pensando em quantos cafés da manhã tomariamos juntos daqui para frente.
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Depois de tomar café com Finnick decidi fazer algumas coisas da faculdade, Finn precisou ir embora logo cedo por que tinha um cliente que faria algumas tatuagens.
Ele se foi, mas deixou um sentimento gostoso, e me fez ficar com um frio na barriga pelo resto do dia.
Eu tinha gostado de tê-lo recebido para o café, foi algo mais íntimo, algo que saia da nossa zona de conforto e eu cheguei a pensar que as coisas entre a gente poderiam estar caminhando para algo maior.
Comecei a fazer alguns trabalhos que deveria entregar logo na segunda, depois estudei as matérias que eu estava com um pouco mais de dificuldade e assim que me vi livre das obrigações fui para a sala e terminei a tarde assistindo a décima quarta temporada de supernatural.
- Oi - Atendi ao ver meu celular vibrando com o nome Sheley na tela.
- Querida, estava pensando em passar no Burguer's hoje o que você acha?
- Tudo bem, as oito? - Perguntei checando o relógio vendo que já se passava das seis da tarde.
- Está otimo, passo aí as oito, não se atrase - Shel mandou um beijo do outro lado da linha encerrando a ligação em seguida.
Eu não estava tão animada para ir comer hambúrgueres que eu sentia o cheiro praticamente durante todos os dias da semana, mas pensar que Finn e Caleb poderiam estar junto conosco me fez ficar eufórica.
Tomei um banho demorado, decidi por colocar um vestido jeans e um all star vermelho de cano mais alto, arrumei meu cabelo em um rabo de cavalo alto e passei alguma maquiagem no rosto. Assim que olhei no relógio o ponteiro avisava que faltavam exatamente cinco minutos para as oito, então desci para encontrar com Sheley na portaria.
Assim que coloquei meus pés para fora do prédio encontrei minha amiga parando o carro em frente, como sempre pontual.
Procurei por dois rostos conhecidos dentro do carro e só encontrei a menina que eu havia gostado na noite em que Sheley e os garotos apareceram na burgueria.
- A, oi- Eu cumprimentei entrando no banco da frente e dando um sorriso amigável para a garota que eu ainda não sabia o nome.
- Amy essa e a Siena, ela meio que é a nova namorada do Caleb - Shel falou me olhando de rabo de olho, mostrando que pensava o mesmo que eu em relação a Caleb, ele não namorava nunca, então o que estava acontecendo?
- Oi Siena - Sorri mostrando simpatia
- Oi Amy - Ela sorriu também, um sorriso verdadeiro que mostrava todos os dentes.
O estacionamento estava lotado então Sheley parou a uns 20 metros da burgueria para que depois não tivéssemos problemas para ir embora, enquanto caminhávamos em direção a entrada do burguer's conseguia ouvir o burburinho dentro do lugar.
Sheley entrou primeiro seguida por mim e depois Siena, assim que me vi dentro do estabelecimento o barulho de conversas e risadas aumentou drasticamente e percebi que a faculdade parecia ter se reunido nesse lugar em pleno sábado a noite.
- Encontrem uma mesa, vou cumprimentar meus patrões e já sigo vocês - Sorri para as garotas e fui em direção a cozinha.
Depois de conversar um pouco com meus colegas de trabalho sai porta a fora procurando Sheley e Siena no meio do mundo de universitários a minha frente, avistei ao longe as duas sentadas uma ao lado da outra e me dirigi até elas.
Para a minha surpresa Caleb se encontrava à mesa e Finnick também. Ele me olhou com um sorriso de canto abrindo espaço para que eu sentasse ao seu lado no banco estofado.
- Ei caras - Eu cumprimentei sorrindo enquanto retirava meu casaco e o colocava sobre o colo
- Oi pequena Amy - Caleb respondeu sorrindo e voltando sua atenção para meu vestido jeans que mostrava um decote generoso no busto - cada dia mais gostosa.
- Cada dia mais idiota - Sorri cínica para ele enquanto sentia os olhos de Finnick estudando cada parte do meu corpo, levantei uma sombracelha em sua direção como que perguntando o que ele estava olhando e no mesmo momento ele deu de ombros.
Anny, a garçonete que trabalhava no Burguer's aos fins de semana chegou para anotar nossos pedidos e logo se foi para mandar o pedido para a cozinha.
- E então - Sheley começou intercalando seu olhar de Finnick para mim e ali eu soube que sairia merda de sua boca - Não vão nos dizer mesmo o que tá rolando entre vocês?
- Não tá rolando nada matraca - Finnick respondeu minha amiga a chamando pelo apelido que ela havia recebido por falar demais.
- Eu já te disse isso várias vezes e é a mesma coisa de falar com um poste - Respondi assim que Finnick falou me sentindo mal por ele ter mentido sobre estarmos saindo.
- Eu não acredito nisso nem por um segundo - Caleb disse apontando uma batata frita para Finn.
- O problema é seu irmão, estou dizendo que eu e Amy somos somente amigos, na verdade nem sei se podemos chamar o que temos de amizade - Ele deu um sorriso frio que não chegou aos olhos levando o canudo de seu refrigente até a boca.
- Então tudo bem se eu trepar com ela? - Caleb alfinetou e eu fiquei com vontade de voar em seu pescoço.
- Vai em frente, coma a carne e chupe o osso, eu não me importo - Finnick respondeu encostando no estofado ao meu lado em uma posição despreocupada e o incômodo que eu senti ao ouvir aquelas palavras me mostraram que eu não estava tão imune aos encantos de Finnick como ele estava aos meus e me senti idiota por isso, eu estava começando a gostar dele enquanto o babaca mandava o melhor amigo transar comigo da forma mais natural possível.
O resto da noite passou como um borrão, não participei das conversas à mesa e sentia o olhar de Finnick me estudando a todo momento como se me avaliasse, não me importei, eu só queria ir para a minha casa e esquecer que o idiota existia
- Ei - Chamei a atenção das pessoas a minha volta - Vou pra casa, já está ficando tarde e amanhã acordo cedo - Disse já levantando da mesa e pescando minha bolsa ao lado de Finnick.
- Espere eu terminar de beber essa cerveja e eu te levo amiga - Sheley disse dando um grande gole em seu copo
- Não precisa, eu chamo um uber - Sorri mostrando que tudo bem ir sozinha
- Tem certeza? - Sheley insistiu
- Claro, tenham uma boa noite - Sorri já dando passos em direção a saída.
- Eu levo você - Finnick se levantou do banco estofado passando a mão na chave que descansava em cima da mesa.
- Não precisa mesmo - Eu falei rápido demais odiando a ideia de ter que ficar sozinha com ele durante o trajeto.
- Quer saber? Eu lembrei que preciso fazer um trabalho para ser postado logo pela manhã, que cabeça a minha - Siena se pôs de pé deu um beijo em Caleb e seguiu para onde eu estava - Não precisa levar ela Smith, nossa casa é para o mesmo lado a gente racha um uber não é Amy?
- Com certeza - Respondi com o alívio estampado vergonhosamente no meu rosto.
Me virei saindo as pressas da burgueria já chamado um Uber que não demoraria a chegar.
- Obrigada por aquilo - Agradeci Siena um pouco sem graça.
- Não foi nada - Ela disse cutucando o esmalte das unhas - Sabe Amy, sei que não temos intimidade e se quiser pode simplesmente ignorar o que eu vou falar agora, mas percebi que você e Finnick estão tendo alguma coisa pelo modo como se olham quando passam que ninguém está olhando, e vi também que ele dizer para Caleb transar com você te matou um pouquinho por dentro, meu conselho para você é que se não consegue manter seus sentimentos bem trancados no seu coração é melhor se afastar de Finnick, ele é uma bola de destruição e leva tudo e todos que tentam o parar para a destruição eminente.
- Eu agradeço a preocupação Siena, mas está tudo sob controle - Sorri a tenquilizando.
- Não está meu bem - Ela pegou na minha mão me olhando nos olhos - E eu sinto tanto por isso - Ela disse com sinceridade e pela primeira vez desde que tudo começou eu morri de medo de Finn e a proximidade que estávamos tendo.
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AIMED AT YOU
Novela JuvenilFinnick Smith tem a palavra problema tatuada bem no meio da testa e Amy Becker sabe disso muito bem. Aqueles braços tatuados, o cigarro entre os lábios e sorriso fácil não a enganam, ela precisa manter distancia, então por qual motivo ela se vê cad...