Inside the desire

Inventiva

Minha cabeça estava uma bagunça. Eu não sabia mais distinguir se eu estava sonhando,ou talvez tivesse batido a cabeça muito forte.

Ele estava ali.

Sentia minha cabeça girar.
Em todas as vezes que falei com ele nesta grandiosa sala,ouvindo o estalar da lareira que já estava acostumada a emergir -porém somente quando lia- estava suportando mais do que cinco tipos de crises nervosas que poderia formular naquele momento.

Eu, Charlotte, me referia a ele com total confiança, como se nada me abalasse naquele momento. Como se eu não sentisse um vulcão queimar minhas entranhas, quase dilacerar minha traquéia e explodir meu cérebro.

Por mais que eu quisesse sair ilesa de tudo aquilo sem que Nakada achasse estranho, tanto quanto eu, meus instintos em cuidar dele ou lidar o mais rápido possível com suas crises foi mais forte que qualquer coisa naquele momento.
Cuidei de todos os seus "toc's", mas o homem à minha frente sempre foi bem mais inteligente do que todos os seres humanos do mundo. Do meu mundo.

Ele estava ali.

Meu coração estava batendo?
Será que eu morri e entrei em um espécie de coma?
Onde porra eu estou?

Será que eu estava me importando?...

Enquanto eu limpava suas mãos,eu queria só colocar elas em mim. Porém eu tinha que me recompor,eu deveria saber o que realmente estava acontecendo. Por que o personagem do meu livro favorito estava bem à minha frente?

Sua casa estava exatamente como eu imaginava,cada detalhe... Cada maldito detalhe estava lá.
Desde sua pia de metal para serem mais fácil higienizar, seus todos eletrodomésticos impecáveis de inox, também para a mesma finalidade. Até seu piso branco sem nenhum resquício de sujeira, suas bancadas marmorizadas e seus armários em tons pretos e cinzas. Eu amo suas cores,sempre imaginei que em um futuro juntos, íamos ter gostos bem parecidos o que não geraria tanto atrito. Não que eu não quisesse...

Ouço um "click", bem rente a minha testa.

Meu corpo gela pela adrenalina.

Não... De novo não...
Escuto sua voz, porém não entendo nada. Minha visão ficando turva e minha audição vagamente indo embora. Sinto meu corpo inteiro formigar,tremer e então... Tudo apaga.

Mais um trauma desbloqueado.
Armas... Merda.

Em minha mente só conseguia reproduzir o som do disparo contra a cabeça do progenitor e seus pedaços viscosos de cérebro nos meus tênis e roupas.

Meu pai... Minha mãe... O que deve ter acontecido?
Será que estão perto?
Que merda de perca de memória fodida.

Todos os meus sentidos começam a voltar devagar, porém, minha cabeça balança no ar, consigo lentamente identificar o assoalho de madeira em um corredor extenso enquanto sou levada para algum lugar. Um estalo na minha mente me faz lembrar "que supostamente" estou na casa do meu assassino.

Merda, esse corredor não é boa coisa.

Com uma voz sonolenta e rouca me refiro a ele.
-Para onde você está me levando?- atuo para ter certeza do lugar que estou sendo transportada. Tenho que saber agir. Nakada não sabe ainda que sou a mulher da sua vida, ele me aniquilaria sem dó ou pudor.

Silêncio foi sua resposta. Eu não sei o que mais me irritava,meus truques voltarem contra mim -pois eu odiava falar também - ou, saber que estou enrolada em um saco plástico transparente no seu ombro por que ele tem nojo de me tocar.

Escuto ele abrir uma porta. Os dedos rápidos dedilhando códigos.

Merda...era aquela sala.

Observo ao redor, uma sala com lajotas em todo o lugar, paredes, chão e forro. Chuveiros estratégicos para ajudar na limpeza. Cadeiras e macas com amarras de metal e inúmeros objetos cortantes espalhados por armários de vidro. Acredito que para causar terror psicológico nas presas que ele caçava, onde elas observavam com qual arma elas iriam morrer mais tarde. Estava quase tendo um terror psicológico.