Avenue Bar

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Miragem. Não sei ao certo se existiam. Eu nunca tinha identificado uma sequer na vida. Sempre estive consciente das situações,formas e realidade à minha volta, porém,naquele momento que ouvi a porra da porta se abrir, eu estava realmente acreditando que possivelmente miragens existiam.
A maldita estava incrível.
As curvas se adaptaram nos lugares perfeitos.
Eu havia colocado um vestido na caixa com tecido de malha vinil vermelha. Na parte de cima era como espartilho e ele ficaria grudado inteiro no seu corpo. O sapato era um salto preto com a sola exatamente da mesma cor do vestido.
Mas, com toda a certeza, ela em algum momento iria me contrariar. O vestido estava partido ao meio, sua barriga tinha dois dedos à mostra e a parte de baixo se formava em uma saia. Ela não colocou nenhuma jóia, e nem precisava.
Porra... Como estava bonito.
Seus seios muito avantajados quase saltando do espartilho,faziam aguar minha boca querendo tomar eles pra mim.
Quem foi que deu essa merda de idéia?

Suas coxas grossas ressaltavam na barra do que agora era uma saia. O salto deixava sua postura muito mais autoritária e sexy. Seus cachos cor de fogo sobre os ombros e suas tatuagens se sobressaíam sobre a pele pálida,deixando tudo mais depravado e atraente. A maquiagem nos seus olhos era leve,porém sua boca demarcava um carmim aveludado, o que destacava seu rosto assim que olhasse para ele.
Ela estava incrivelmente gostosa...
Comendo seu corpo com os olhos, lembro que ainda estou na sala e tento fechar a boca rapidamente para não ser percebido.

-Finalmente está pronta.- escuto Erick dizendo quebrando as respirações um pouco fora dos padrões de meus pulmões. Normalmente não respirava desse jeito. Meus pensamentos pairam nas breves paranóias da minha mente por um momento, imaginando se ele estava reparando naquilo que eu estava reparando. Meu olhar fulmina ele, tentando capturar alguma expressão que ele faria diferente para a porra do corpo de Backham.
Brevemente me arrependo completamente de deixar ele ir na merda da festa com ela.
Não fico preocupado nenhum pouco com a segurança de Charlotte,pois sei que meu melhor assassino estará ao lado dela, mas a minha cabeça doentia martelava nas gracinhas que poderiam acontecer com os dois juntos, tentando simular que eram um casal.
E se ele tentasse algo a mais?
E se na atuação eles se gostassem de verdade?
E se a mão dele encostasse na sua cintura imunda e cheia de curvas?
E se ela encontrasse conforto nele?

Para de pensar. Para de pensar. Para de pensar. Para de pensar.

Erick estava bem arrumado também. Não no nível dela, acho que ninguém conseguiria. Tenho certeza que não.
Seu cabelo estava alinhado em um topete meio bagunçado,um casaco de couro bem lustrado,uma calça jeans preta,um coturno e uma camisa social também da mesma cor. Um relógio enorme estava no seu pulso, era seu único acessório. Suas mangas estavam um pouco arremangadas mostrando suas tatuagens que não davam para ver mais a sua pele. Era uma característica bem marcante dele. Ele tinha algumas tatuagens ao longo do seu corpo, porém nos seus braços era como se fossem mangas. Eu sabia, pois já treinamos muito juntos.

-Bom, eu tive que reajustar algumas coisas... Por isso demorei.- Backham desliza suas mãos pela "saia",a maldita dirigia cada palavra a Erick, porém,seus olhos não desgrudavam dos meus. Seus vidros verdes cheios de vida e perversidade,instigavam o que estava dentro da minha calça facilmente. E merda, ela sabia disso.
Com uma de suas mãos, várias vezes ela ajeita um cacho específico,moldando ele no seu indicador.
-Vamos? Quero acabar logo com isso e pelo menos beber um chopp.- Agora seu olhar está fixado em Erick e aquilo ferve meu sangue.
Minha vontade era de inventar qualquer desculpa tosca,pegar sua mão e eu mesmo ir na festa, mas minha razão de seguir o plano com cautela, era gritante o suficiente para manter meus dois pés cravados no chão.
Hoje estariam na festa, os dois cabeças de tudo que estava por trás do tráfico de mulheres que aconteciam desde muito tempo no Avenue bar . Diego Sollarres e Túlio Sollarres. Precisamente os dois eram irmãos gêmeos idênticos. Por conta disso, eles conseguiam se infiltrar e fugir como répteis de qualquer lugar, por serem iguais. Ninguém no mundo do crime quando estava prestes a pegar eles, sabiam ao certo quem era Túlio ou quem era Diego. Pelas informações que a maldita me deu, consegui muitos detalhes sobre o passo a passo da vida imunda que eles tinham.
Era um negócio de família que passava de geração em geração. O pai de Túlio e Diego, morreu ainda por causa indefinida. Não há histórico disso,o que me intrigou muito pois não quero ter os dois em minhas mãos e saber que o progenitor do mau, estaria andando por aí espalhando a farsa de que estava morto.
Eles faziam reuniões constantes com vários de seus amigos repugnantes em um prédio que normalmente você olharia e passaria despercebido no centro da cidade. Neste prédio eles resolviam como eles enganariam mulheres para atrairem até Avenue Bar. Sim, os filhos da puta dedicavam tempo da porra das suas rotinas pra arruinar outras.
Yummy conseguiu grampear algumas das ligações deles e basicamente  entravam em aplicativos de relacionamento, marcavam encontros alternativos e o último encontro sempre era na merda da festa, e nunca mais as garotas eram encontradas. Apesar de tudo, Avenue bar era um lugar muito conhecido pelas atrações, aparência e pelas melhores bebidas. Não havia nenhuma reclamação em nenhum lugar sobre a boate. O que fazia meus dentes rangerem mais ainda, pois eles calavam a boca dessas garotas pra sempre antes mesmo de conseguirem fazer algo. Era tão idiota como acontecia, tão na cara dos filhos da puta corruptos que eram os policiais e toda a merda da segurança do mundo, onde a população deveria confiar,deveria contar. Porém, quando se tratava de mulheres em específico, tudo praticamente era ignorado,ou não seguiam com a investigação afundo, como se mais uma vez aquilo fosse tratado como um descarte de lixo que não valia de nada.  Ou as vezes eles até chegavam no ponto da investigação, porém os Sollarres compravam seus silêncios oferecendo o crime odiundo. E os corruptos imundos compravam a oferta cometendo mais crimes ao invés de soluciona-los.
Depois de muito tempo vendado, negando a negligência constante que não parava de acontecer no mundo,iria tirar a venda junto do sangue dos filhos da puta e não iria parar de ver sangue até que eu não sentisse mais o resquício disso acontecendo. Mesmo que eu morra fazendo isso.
Erick caminha até o lado de Charlotte,ela me dá uma última olhada antes de seguir andando pelo corredor. Minhas mãos apertaram a mesa que eu estava levemente escorado, enquanto divagava tentando me concentrar na porcaria do plano.
Observo o robô de Yumeko me encarar constantemente, depois de alguns minutos ele também sai.
Não vejo mais eles.
Escuto o barulho do carro e sei que partiram.
Meus dedos dedilham firme na superfície da madeira de cerejeira da minha mesa. Estou completamente imóvel, porém minha mente trabalha como máquinas a todo vapor em uma fábrica barulhenta.

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