Amuleto de sorte

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Desde quando eu era um menino, me apegava em crenças e superstições,trazendo estranheza de algumas pessoas. Eu nunca sequer dizia mas, em certos momentos eu transparecia tanto quanto eu queria.Às vezes em um movimento repetitivo;como conferir se estava tudo em ordem ou alinhado,ou verificar inúmeras vezes a mesma coisa para tentar viver normalmente o restante do dia.

Dentre todos os animais de sorte eu me apegava em um único,pois eu sou seletivo em tudo que me cerca, e acabo tendo hiperfoco com objetos,programas,roupas, específicas e dentro da minha mente elas são só minhas. De mais ninguém.
A raposa sempre me chamou atenção. Ela representa a destreza, agilidade,esperteza, inteligência. Um animal cheio de surpresas, nunca domado, ele escolhe de quem quer se aproximar. Exótico.

Acho que deve ter sido isso que talvez tenha surgido o meu impacto ocular, quando observei aquele animal desajeitado no chão depois que á atropelei. Parecia algo tão indefeso, bagunçado,sujo... Porém, estranhamente certo para alguma parte do meu cérebro.

Agoniado por ela ainda não ter acordado, ando de um lado ao outro.
Me pergunto muitas vezes por que me encontro assim, nada me desalinha, nada me deixava neste estado patético de nervosismo.
Muitas vezes Erick conferia a garota como se fosse uma cobaia para análise de laboratório. Até entendo o fascínio do momento,pois a única mulher que falávamos era Yummy. Yumeko Watanabe Lee.
Yummy, era literalmente minha filha. A garota pródigo que foi praticamente expulsa do seu país por ser inteligente demais.
Seus pais moram no Japão e são donos de uma grande indústria hospitalar. Os melhores médicos,desenvolvedores de medicamentos,aparelhos de saúde e eram os primeiros a chegar perto da cura do câncer. Porém, a filha deles Yumeko era mais do que isso. Ela queria mais. Ela desenvolveu seu primeiro robô com seus meros três anos de idade. O robô conseguia se comunicar com quatro palavras e se mover por toda a casa. Um orgulho não é? Não. Para o pai dela isso foi traição, uma mulher na concepção dele não poderia ser capaz de fazer aquele tipo de absurdo inteligente. Esse tipo de pensamento fazia ele mais burro do que uma pedra. A pedra teria bem mais qualidades que aquele abutre.
Com medo da rivalidade,seu pai expulsou ela do país com treze anos de idade.
Eu a encontrei. Suas habilidades chamavam a atenção de qualquer um.
Em uma escola não muito alienada,suas notas lembravam as minhas,e pela primeira vez eu estava errado.
As notas eram melhores que as minhas.
A NASA por sede de tudo o que era bom no mundo ser propriedade deles,a encontraram também. Ela se candidatou para a prova,mas por curiosidade e admiração com sua inteligência,eu mesmo apliquei três provas a mais para confirmar seu QI mais que elevado.
Yummy passou em todas.
A jovem passou a ser comentada em todos os cantos. Foi conhecida por entrar em um ambiente nada comum com muito pouco tempo de vida.
Yumeko apesar de ser muito inteligente, não entende nada sobre viver em sociedade, a garotinha só falava comigo e relutante respondia algumas coisas necessárias para Erick.
Ela sempre me dizia com sua voz fina centrada e melódica, que sempre foi muito fã do meu cérebro, e acredito que esse seja o maior motivo por dirigir a palavra a mim. Com isso, tenho a total certeza que ela foi notada de propósito para chegar até onde estou.
Com quatorze anos eu a registrei no cartório como seu tutor legal. Eu adotei ela.
Me ver na Yumeko era o que trazia aos meus átomos a maior fonte de saber o quão próximo poderia ser estar perto de uma família. Eu tinha repugna de seus pais inconsequentes. Ela sempre dizia que sua mãe a ajudou, porém estou pouco me importando com isso.
Yummy estava comigo em todos os momentos,antes mesmo de eu conhecer Erick, em momentos fora do trabalho estressante também. Ela me fazia contemplar a vida do seu jeito. De longe.
A garotinha vivia em um banker que ela, e seus robôs construíram em baixo da minha casa. Ela vivia como uma topeira. Era assim que Erick a chamava.
Nunca era vista ou lembrada, eu gostava deste fato pois facilitava muita das coisas em missões,pois a restrição era algo necessário em todas. Yumeko nada mais nada menos, era melhor hacker do mundo,sabia robótica,era médica,e tudo o que imaginarem a garotinha sabia fazer. Foi um pote de ouro no meio da escuridão em minha simbólica vida. Sua aparência era angelical, seus cabelos negros como a escuridão,escorrido como uma cachoeira, compridos que passava o meio das costas e uma franja até um pouco acima das sobrancelhas. Seus olhos puxados e confortáveis como olhar o fundo da xícara de café.

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