Refundir

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Se passaram três dias depois do inferno de Avenue bar.
Nakada não deixava eu sair de seu quarto. Ele dormia sentado na poltrona,dizia que não queria me atrapalhar. Era como estar na cela novamente ,porém, confortável. Eu não precisava me preocupar com literalmente nada. Se iria comer,beber, horário de banho,as roupas que ia vestir... Nada.
Ouço passos perto da cama e por instinto abro meus olhos, semi cerrando eles observo o homem esguicho andando pelo quarto,estava inquieto. Falava algo sobre um dos Sollarres ao telefone, ele tentava falar baixo, acredito que para não me acordar. Então aprofundo minha audição tentando entender as palavras corretamente.

-Sim,vou começar com os questionamentos hoje. Deixei ele mofar na sala,se não iria matar ele... Eu sei... Lógico que não... Sei disso... Tchau.
Seu tom era totalmente sério. O que fazia meus pensamentos viajarem para aquele beijo intenso na banheira. Meus seios grudados nele fazendo meu ventre se revirar imaginando o que aconteceria depois daquilo. Sim, eu era uma vagabunda. Arrecem tinha sido violentada mas, meu corpo desejava ele,naquele momento eu só queria esquecer de tudo o que aconteceu e que ele se enterrasse em mim. Mesmo eu nem sabendo a sensação de algo grosso,grande e salientado me penetrando. De meras curioso, interessante e intrigante.
Minha cabeça também, chegava justo ao ponto que eu queria esquecer de vez. Estava tudo tão confuso ultimamente,eu não tinha vestígios de onde eu estava. Só me lembro do dia que corri em direção aquela árvore gigante e parei aqui. Dia após dia meu cérebro traía mais minha consciência, dia após dia eu me esquecia mais daquele dia. Era como se minha vida não existisse antes do Nakada, como se aquilo tudo estivesse acontecendo em primeira mão.
No livro do homem engravatado que lia,-que supostamente estou vivendo essa história- não existia uma "mocinha" no enredo. Não existia romance,era tudo composto de ação, assassinato e morte. Eu gostava da sensação de que a literatura me causava. O livro contava sobre a vida de alguém com poder, força, inteligência, utilidade e atitude. Exatamente tudo o que sempre quis ser. Odiava de fato todos os tipos de homens no mundo mas, Nakada era exatamente o homem que não existia e que nunca imaginei algum dia presenciá-lo,o que me fazia amar cada vez mais todos os centímetros do seu ego idiota,e prepotência.
Nos dias de hoje aquele homem que admirava sua história através de páginas, agora estávamos escrevendo nossa própria história presencialmente.
Eu realmente estava louca.

Na minha mente era impossível aquilo estar acontecendo.
Eu sempre acreditei que palavras tinham poder, que o desejo mais verdadeiro e profundo,se você pedisse com fé e certeza,ele seria seu. Não importava quanto tempo demorasse,no momento certo seu desejo se realizaria. Porém,como sempre minha mente me sabotava. Era impossível aquilo estar acontecendo comigo.

A raposa estava confusa,admirando seu predador.
Sua história saía fora do eixo a cada dia que se passava. Nada se encaixava... A mente insana trabalhará para o caos sempre que o cérebro esperto da raposa tentava assimilar se algo tinha sentido. E não havia.
Nada fazia sentido na sua insignificante vida agora. Uma raposa, servia para ser caçada,ou caçar em alguns momentos ,porém, a caça se aliou ao caçador e o lobo e a raposa irão ter uma história jamais vista ou contada antes. Onde nenhum humano está pronto para crer,ou qualquer espécie existente.
Nada fazia sentido na sua insignificante vida agora.
Ou fazia?

Eu estou morta?
Eu estou em coma?
Alguém pode me ouvir?
Alguém sabe onde estou?
Alguém liga para o meu estado atual?
Maya ligaria...
Minha mãe?…

Imersa em meus pensamentos, sinto dedos mexendo em meus cabelos. No impulso, envolvo seu punho com força na ideia de afastá-lo.

-Você é forte. Está acordada a quanto tempo?-Os orbes profundos,angulados e escuros penetram os meus com intensidade. Suavizo minha mão e observo cada linha do seu rosto.
Isso tem que ser real...

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