Três

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Especialmente naquela manhã estava tudo correndo fora de seu controle, começando com Tequila acordando Ayla a cada duas horas na madrugada, e depois com o horário que deveria ter saído da faculdade e se atrasou por conta de uma alteração solicitada por sua orientadora no roteiro da palestra que apresentaria dali alguns dias – e apenas isso já a deixava cansada pela semana inteira apenas de pensar.

Chegando em casa correndo, Tequila miava desesperada por algo. Ayla checou seus potes, caixa de areia, brinquedos para no final a gata miar para debaixo do sofá. Abaixou-se e viu um dos milhares de ratos de brinquedo que a gata tinha. Ayla a encarou, a perguntando com o olhar se ela não podia brincar com outro e aparentemente Tequila entendeu, uma vez que miou a contragosto obrigando que sua dona arrastasse o sofá para que a gata pegasse seu tão adorado brinquedo e fosse para outro cômodo com o mesmo na boca.

Após se arrumar devidamente e sem ter tempo para se alimentar, optou por se maquiar no carro enquanto enfrentava o trânsito, e por sorte ela tinha acertado, pois demorou quase o dobro do tempo parada e com isso conseguiu fazer uma maquiagem decente. Estacionou no prédio indicado no e-mail, cumprimentou e se apresentou para o porteiro que a liberou na mesma hora e já no elevador conseguiu suspirar aliviada por finalmente ter conseguido chegar ao seu compromisso e ainda sem atrasos. Ela merecia uma pizza bem caprichada mais tarde.

Se olhou no espelho e verificou sua aparência; uma maquiagem bem feita, com seu batom vermelho mais bonito e o corretivo fazendo um ótimo trabalho cobrindo totalmente suas olheiras, a blusa branca de manga longa e gola alta por baixo do sobretudo marfim, a calça de alfaiataria, um dos seus milhares de saltos pretos básicos iguais e uma bolsa grande para comportar tudo que precisaria. Também deu uma breve olhada em suas tranças prestando atenção se a raiz não teria crescido tanto.

Alguns centímetros... deveria se lembrar de marcar com a transista para a data mais próxima. Mas fora isso, tudo ok. Tudo certo.

A porta do elevador se abriu e revelou o típico modelo de apartamento por andar que via apenas quando raramente ia à casa de seus clientes. Não parou para observar o pequeno corredor e imediatamente tocou a campainha. Não demorou para que a porta fosse aberta por uma figura masculina alta e jovem. Uau. Que bela surpresa.

— Senhorita Cavalcante? — Seu sobrenome caiu muito bem em sua pronúncia meio desengonçada. Notou que ele era muito mais alto que ela, coisa que não era muito difícil por conta de seus um metro e sessenta, mas mesmo de salto ainda ficava um pouco mais baixa. Ayla concordou mordendo o interior de sua bochecha para não se distrair e olhar para cada detalhe daquele homem. — Fique à vontade.

O homem deu espaço para que pudesse entrar e fez a menção de tirar seu blazer, Ayla não reclamou, apenas observando o homem e desfrutando do toque mínimo e delicado.

— Devo admitir, Senhor Kim, esperava que fosse bem mais velho. — Taehyung retirou o casaco da mulher e pendurou-o ao lado da porta. Seu semblante confuso era um tanto interessante aos olhos dela. — A não ser que tenha sido congelado e descongelado recentemente, qual a sua idade, Capitão América?

Ouviu Kim coçar a garganta em desdém, não parecendo estar muito interessado em falar de sua idade e Ayla não se importou com tal reação.

— Pode me chamar apenas de Taehyung. — Estendeu a mão esperando que Ayla o cumprimentasse.

— Então me chame de Ayla. — Sem hesitar, Taehyung apertou a mão da garota e levou as costas da mão dela à sua boca, depositando um beijo educado na mesma. Ayla sorriu satisfeita. — Enfim. — Recolheu a mão antes de adentrar o apartamento sem observar com detalhes. — Podemos começar?

— Ah. Sim. Claro. — Taehyung a conduziu até um dos sofás, sentou-se no de dois lugares deixando sua bolsa ao seu lado e cruzou as pernas observando Taehyung se sentar na poltrona poucos metros distante. Buscou em sua bolsa a pasta com os documentos e o entregou. — O que é isso?

— O contrato. — As mãos se encontraram em um mantra para recitar suas condições. — Devo ressaltar minhas condições já descritas no contrato; tais como, relações sexuais não acontecerão se eu não quiser e nenhum valor a mais me fará mudar de ideia. — Taehyung tentou falar, mas ela o interrompeu, mostrando que ainda não tinha terminado. — Não atuo como troféu para mostrar para amigos que não é um virjão e beijos não estão inclusos e caso precise eu adiciono um valor, mas só vale para selinho em público e em ocasiões específicas.

— O quê? — Ela assentiu, não entendendo a confusão. Estava sendo bem sucinta e clara — Na verdade, o motivo para te contratar não é nada que você deve estar imaginando. — Coçou a garganta claramente incomodado com algo. — Existem algumas... peculiaridades — Taehyung fez uma careta, como se não estivesse feliz com a escolha de palavras. — E para isso, preciso que, enquanto estiver comigo nesse contrato, não saia com mais ninguém. Estou disposto a pagar o dobro do serviço pelo tempo necessário.

A mulher olhou para a grande janela que ia do chão ao teto, pensando se ele já sabia a forma que ela trabalhava. Por conta da sua faculdade, não costumava ter contrato com mais de um cliente por vez por questões de tempo e paciência. O motivo que a fez aceitar aquele trabalho seria justamente seu último cliente que teria morrido recentemente antes do contrato se vencer. Não sabia o motivo de que Kim Taehyung estaria falando aquilo e sinceramente não se interessava em saber, contanto que ele seguisse as condições e não tivesse atitudes erráticas.

— O triplo? — Virou-se para o homem claramente desesperado. Embora nada estivesse fora do comum, nada impedia Ayla a oferecer um serviço de alta qualidade que ele certamente estava disposto a pagar.

— Claro. Fechamos no triplo do valor. — Assentiu sem hesitar, estendendo o contrato e se recostando na poltrona. Ayla pegou os papéis um pouco desconfiada.

— Bom, eu sempre peço um terço do valor antes de começar a trabalhar, o que no seu caso seria o valor original. — Taehyung concordou. — Irei providenciar um novo contrato o mais rápido possível.

Ayla se levantou ao ver que não teria muita coisa a se conversar ali, mesmo que estivesse curiosa com o motivo e o Kim que não tinha tentado dar investidas nela.

— Farei o pagamento assim que assinarmos. — Ela concordou, confusa com a situação. — Acho que é apenas isso, certo, Ayla? — Ayla concordou e não notou quando ele ficou tão próximo quase a fazendo acreditar que seu coração entrou em um ritmo anormal. — Nos vemos em breve.

— Certo. — Colocou a pasta em sua bolsa tentando tirar de sua cabeça os pensamentos erráticos e impróprios. Taehyung a acompanhou até a entrada e ajudando a vestir seu sobretudo. — Até breve, Kim Taehyung.

— Até, Ayla Cavalcante. — O homem sorriu mínimo, atraindo o olhar dela para sua boca.

E mesmo quando a porta se fechou, a mulher permaneceu parada absorvendo o que tinha acabado de acontecer. Ela provavelmente tinha aceitado se enfiar em uma enrascada enquanto era seduzida pelo primeiro homem sério e jovem que a procurava e a fazia se interessar perigosamente na vida dele.

— Ok. — Entrou no elevador se olhando novamente. — Pelo menos estou ganhando dinheiro honestamente, não é?

Ela sabia que sim, mas algo em si tentava alertar em que ela estava se metendo e certamente ignoraria esse sentimento e seguiria sua vida. Nada poderia fazer aquele trabalho diferente dos outros, não era? Ao menos ela achava.

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