Cinco

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Ser observada por onde andava se tornou um costume, não sabia se era pela sua beleza, ou por ser uma negra de tranças em um país asiático majoritariamente de pele clara e cabelos lisos. Talvez fosse os dois, mas ela não ligava, jogava suas tranças para trás e caminhava como se estivesse desfilando, exalando toda a confiança que poderia.

Seu salto agulha fazia barulho enquanto andava pelos corredores da Cypher Tech à procura da sala do Kim, perguntou para alguns funcionários e a maioria a ignorou até que um homem alto que destoava da vestimenta formal usando jaqueta e piercings a abordou.

— Senhorita Cavalcante? — Ayla olhou melhor o rapaz, alto como o Kim. Muito bonito, ótima empresa. Ela concordou. — Pode me acompanhar, levarei a senhorita até o senhor Kim.

Virou-se sem dar chance para a mulher responder antes de começar a segui-lo pela empresa, entraram em um elevador. Ele parecia impassível, sem nenhuma brecha para conversa e o silêncio reinava no ar até as portas se abrirem e irem de encontro a uma das portas com o nome do Kim escrito em uma placa prateada.

— A vontade, senhorita.

— Mas não precisa... sei lá — gesticulou — Avisar?

Ele riu. Ayla sentiu seu rosto esquentar de vergonha de ter falado algo errado. Logo ele parou, sorriu e abanou o ar com uma mão.

— Não, não. — agora ele não parecia mais impassível, até mesmo emanava uma aura boa. — Confia em mim, não dá em nada. — Cruzou os braços. — Qualquer coisa resolvo com o homem mais tarde.

Sorriu mostrando o polegar em positivo e incentivo para a mulher entrar naquela sala. Ela agradeceu e pôs a mão na maçaneta e abriu aquela porta. A primeira impressão era de uma sala ampla com decoração vertical em marcenaria, muitos livros de administração e uma mesa grande no centro com algumas poltronas espalhadas. Olhou bem cada detalhe enquanto entrava, aparentemente o Kim não tinha notado sua presença, até o som da porta sendo fechada ecoasse na sala e atraísse sua atenção para a mulher parada.

— Como entrou? — Kim aparentava surpresa, tanto por Ayla estar lá quanto sua entrada ter sido liberada tão facilmente.

— Um cara fortão de piercing usando jaqueta me deixou entrar. — Andou até uma das poltronas se acomodando. — Ele disse que resolveria com você depois. Eu não tenho nada a ver não. Talvez precise melhorar a segurança, mas está no caminho certo. Aquele já é tão imponente quanto bonito. — Levantou seu polegar em satisfação e piscou. Kim fez uma careta supostamente sabendo de quem estavam falando.

— Jeon do caralho — sussurrou, não baixo o suficiente para que Ayla não ouvisse. Jeon, ela guardaria aquele nome para caso precisasse. — O que te traz aqui?

— Se esqueceu do nosso contrato, querido? — Kim abaixou a cabeça em timidez. Ayla sorriu buscando a pasta em sua bolsa. — Cem por cento atualizado. Reforçando que as condições continuam as mesmas e posso repetir se quiser. — Kim negou, analisando o documento com cautela. — Ótimo.

Observou por uns bons minutos o homem atento a cada detalhe, Ayla conseguia ver era um hábito ser minucioso com documentação – ainda mais levando em conta sua posição na empresa – e certamente achou no mínimo interessante e atraente sua expressão de foco. Pouco depois o viu assinar as duas vias do contrato previamente assinado por ela. Em seguida o viu pegar um talão de cheque para preencher, assinar e entregar para a mulher junto com uma das vias do contrato.

— Então, sobre o que você vai ter que fazer... — Taehyung não olhava para ela, ainda focado nos papeis na sua frente. Era como se ele não suportasse olhar para ela diretamente. — Preciso que finja ser minha noiva por uns meses.

Era a primeira vez que Ayla ouvia esse pedido, mas não era anormal quando várias vezes já tinha sido namorada de mentira de adolescentes e agora fazia companhia normalmente para velhos e suas carências estranhas. Ela piscou, assimilando rápido.

— Certo.

— É tudo uma baboseira de família, para ser sincero. Meu pai só vai me passar o nome da empresa se eu estiver noivo e eu não tenho tempo para isso — Kim suspirou, cansado. — Então vou pagar você para fingir estarmos loucamente apaixonados. É só até meu aniversário de trinta anos. Alguns meses. Consegue fazer isso?

— Claro. — Era o trabalho mais fácil que já pegou nos últimos tempos. Alcançou sua via e o cheque e colocou na bolsa.

— De novo, preciso que isso — ele gesticulou para eles — Seja exclusivo. Não posso arriscar que descubram, então estaremos apenas nos vendo semanalmente, mantendo um fluxo de encontros suficiente para que todos acreditem nesse noivado.

— Relaxa, gatinho. — Piscou e sorriu ladino ao ver o Kim virar o rosto. — Sou ótima em atuar e ser fiel a homem bonito.

Levantou-se sem antes ver a reação do homem, imaginava que seria de pura timidez pelas expressões e reações que tinha mostrado até aquele momento. Ayla apenas sorria fechado imaginando quantas vezes poderia deixar o homem sem graça e em como aquilo seria interessante ao passar pela porta e cumprimentar brevemente Jeon pronta para sair do prédio para depositar seu suado cheque.

— Vou comprar aquele sachê de peixe para a Tequila. — sorriu sozinha até seu carro. — Boa, Tequila, sem você eu não teria acordado a tempo e fechado o melhor contrato da vida. — Beijou a foto 3x4 de Tequila que carregava como chaveiro antes de entrar no carro e seguir seu dia.

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