Prólogo

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Era difícil se concentrar quando seu cérebro imaginava diferentes catástrofes que aquela noite lhe reservava. Desde que tinha saído da casa dos pais, tinham sido poucas as vezes em que tinham decidido que precisavam fazer um jantar "em família".

Por isso, era normal que Taehyung sentisse que tinha algo anormal sobre esse jantar em específico. Estava cuidando da empresa como seu bem mais precioso – o que realmente era. Não se atrasava, entregava planilhas, documentos e relatórios antes do prazo, estava presente em todas as reuniões e porra, era filho do dono. Aquilo deveria ser suficiente para manter o emprego e a garantia da herança, ele achava.

Mas agora, imaginava. O que seria tão urgente?

Tentou relaxar. Estava na área dos fumantes do restaurante, o cigarro entre as mãos e a fumaça o recebeu de uma maneira reconfortante. Fechou os olhos e soltou o ar, vendo a fumaça branca deixar sua boca.

Talvez, pensou, não tivesse nada a ver com ele. Talvez, se fosse muito otimista, poderia imaginar que estavam fazendo aquilo apenas para dizê-lo que iam transformar seu antigo quarto numa sala de ginástica, ou doar seus pôsteres de bandas de rock que tinha colecionado quando mais jovem para adolescentes necessitados, se é que isso era algo que se doava.

Não teve tempo de criar mais cenários irreais e inúteis, pois viu pelo canto do olho que a mesa que seus tinham reservado ser preenchida pelo temível Sr. Kim Taejung e Sra. Kim Haera.

Seus pais.

Taehyung respirou fundo. Olhou pesaroso para o cigarro que tinha acabado de acender. Com um tique na língua, ele apagou a chama e jogou o restante num cinzeiro. Não tinha dado tempo da nicotina acalmar seus nervos.

Se aproximando da mesa, viu seu pai olhar para além dele, imaginando de onde ele teria vindo. Quando percebeu, lançou um olhar rigoroso para o Kim mais novo, que não piscou.

— Mãe — ele murmurou um cumprimento enquanto se inclinava para dar um beijo na bochecha da mulher, que sorria para ele com orgulho. Como sempre fazia, embora numa frequência menor ultimamente. Taehyung se sentiu relaxar um pouco com aquilo. Se ela não parecia prestes a chorar, então era um bom sinal, certo? — Pai — fez se curvou com um aceno de cabeça discreto. E se sentou na mesa junto deles.

— Já falei para você abandonar esse hábito imundo — disse o Kim, sem se dar ao trabalho de cumprimentar o filho.

Taehyung pressionou os lábios, transformando-os numa linha. Cruzou as mãos na mesa e se reclinou na cadeira. Tinha que respirar fundo o restante do jantar.

Apesar de aquilo – ser o herdeiro, o futuro CEO – ser seu sonho desde que era mais novo, Taehyung tinha que engolir muitas coisas. Muitas coisas. E uma delas era seu pai.

Resolveu que não tinha nada a dizer – se pedisse desculpas, estaria se rebaixando ainda mais e se prometesse parar de fumar, estaria apenas mentindo. Então apenas ficou calado.

— Ai, você está tão magrinho... — sua mãe fez um bico e apertou sua bochecha direita. Taehyung soltou uma exclamação baixa de dor e afastou o rosto da mãe. Ela suspirou. — Não está se alimentando? Eu sabia que daria nisso quando você saiu para morar sozinho...

— Estou bem, mãe — disse.

Ele estava bem. Até eles o chamarem para esse maldito jantar.

Ele amava os pais. Amava mesmo, até mesmo seu pai, que nunca tinha trocado uma gota de afeto com o mais novo e muito menos com sua irmã mais velha, Yujin. Mas era o tipo de relação que não funcionava se os visse muitas vezes. Por isso a relação deles tinha melhorado depois de Taehyung ir para o serviço militar obrigatório e não ter voltado a morar com eles desde então.

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